Conversando com Lopez, o amparador dos cristais
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 30/09/2002 12:27:34
Enquanto eu separava alguns textos no computador para uma palestra no IPPB, percebi um espírito na sala do meu apartamento. Ele estava à minha direita e olhava para a capa de uma revista em cima do sofá. Quando ele percebeu que eu havia notado a sua presença, virou-se e cumprimentou-me cordialmente. Sua aparência era curiosa. Era branco, alto, barba cerrada e de expressão simpática. Estava vestido com uma roupa longa branca (semelhante a uma bata grega) e de sandálias do tipo franciscanas. Em sua cabeça havia uma espécie de faixa brilhante (parecia uma tiara fina brilhante).
No conjunto, ele parecia um desses gurus americanos da Nova Era.
Notei que ele já estava no ambiente há algum tempo, mas devido à correria de trabalho não consegui percebê-lo antes.
Como eu estava no computador, aproveitei para conversar mentalmente com ele e transcrever imediatamente o papo.
Pensei: "Acho que ele está aqui para um primeiro contato espiritual.
Provavelmente ele irá acompanhar-me na palestra de daqui a pouco. Pelo seu jeito, ele deve ter um nome iniciático daqueles."
Então, ele riu e disse-me mentalmente: "Que nada! Não tenho nome iniciático algum. Meu nome é Lopez."
Não acreditei e comecei a rir. Um guru com nome de Lopez!
Daí, iniciamos a conversa que segue na seqüência:
- Lopez, por que esse nome? Você parece mais um guru 'new age' vestido desse jeito.
- Em meu tempo na Terra, eu tinha um nome iniciático e um grupo de discípulos dedicados. Porém, quando cheguei no Astral vi que isso era absolutamente desnecessário e que de nada me adiantava espiritualmente. Então, voltei a usar de meu antigo nome familiar. É mais compatível com o meu jeito de ser real.
- E essa roupa? Ela ainda lhe dá aquele ar de guru "fast food" new age.
- Na verdade, eu ainda uso de tal indumentária para lembrar-me constantemente do que eu era. Fazendo assim, aviso a mim mesmo de que é só uma roupa e não reflete o meu estado íntimo. É muito fácil ser enganado por si mesmo e achar que um título ou nome iniciático confere sabedoria e equilíbrio a alguém. Cometi esse erro, e hoje procuro ser apenas eu mesmo, o Lopez, filho de um casal humilde.
- Legal isso que você está dizendo. Mas, houve algum problema com você depois de sair do corpo definitivamente?
- Não. O meu problema foi íntimo mesmo. Ao chegar aqui, deparei-me com coisas que eu não imaginava. Eu era um mestre na Terra, mas aqui não sabia quase nada e via muitas pessoas comuns cheias de sabedoria. Elas viveram na prática da vida o que eu levei na teoria.
Uma das coisas que mais me fez pensar foi o caso de uma amiga que era cega.
Quantas vezes eu orientei-a espiritualmente em conversas que tivemos particularmente. No entanto, ela não era muito de seguir as coisas. Não seguia cartilha alguma e não suportava que alguém lhe dissesse que parasse de rir de alguma coisa. Ela detestava preces e mantras.*
Por várias vezes eu chamei-a de leviana e alertei-lhe de que ela precisava ser mais séria nas coisas.
Um dia, ela me disse: "Vi o meu anjo e ele não me pediu para parar de rir. Ele só disse para eu me cuidar e ser feliz."
Tempos depois ela se foi. Voou para fora da matéria dormindo.
Quando cheguei aqui ela veio visitar-me. Estava belíssima e radiante. Os seus olhos eram dourados. Que mulher maravilhosa.
Então, ela disse-me: "O meu anjo estava certo. Vale mais sorrir do que seguir alguma cartilha espiritual formatada por alguém da Terra. Eu era cega lá no mundo, mas consegui enxergar essa verdade. Continuo rindo e enxergando mais. E estou muito bem."
Fiquei estatelado! Ela estava em situação espiritual bem superior à minha.
Compreendi a lição. Voltei a ser só o Lopez. E agora estou tentando rir mais das coisas. Essa roupa aqui é só fachada. Estou reaprendendo a ser eu mesmo.
Um espírito amigo meu me sugeriu vir assistir ao seu trabalho. Por isso estou aqui. Se você permitir, posso lhe passar alguns conhecimentos sobre o uso de cristais em algumas práticas espirituais. Essa foi uma das coisas boas que eu aprendi na Terra. A outra coisa boa foi a que eu aprendi aqui no Astral: voltar a ser eu mesmo.
E a lição principal ainda estou tentando aprender: como rir mais e soltar-me espontaneamente. É nisso que você irá ajudar-me mais. Você será o meu amparador. E eu serei o seu amparador dos cristais. E o Cristo será o amparador de nós dois na jornada.
Por agora, deixo você com o seu trabalho. Só vim dar uma olhada e apresentar-me. Agora você já sabe: sou só o Lopez, o amigo dos cristais que está aprendendo a arte de ser simples e de sorrir no trabalho espiritual.
PS: Enquanto digitava essas linhas, lembrei-me de um ensinamento de um dos
espíritos da Cia do Amor (A Turma dos Poetas em Flor):
"No bar do ego,
o barman é a arrogância;
o cliente é a vítima imbecil
e o drinque é pura baixaria."
Paz e Luz