Conversando com os alimentos
por Wilson Francisco em EspiritualidadeAtualizado em 06/10/2006 12:28:35
Angélica tem 14 anos e faz o Projeto Mutação com a mãe. Tinha dificuldade em se alimentar; seu corpo rejeitava os alimentos de todo tipo; ficava enjoada. Expliquei a ela que os vegetais, legumes e carnes se compõem de seres vivos, com a missão de estar na cadeia alimentar para auxiliar na sustentação do corpo humano. Ela entendeu e aceitou o processo. Todos os dias, quando ia se alimentar, orava e meditava, conversando e agradecendo os alimentos, pelo apoio ao seu corpo. Em poucos dias eliminou toda animosidade que tinha pela alimentação.
A primeira vez que ouvi falar de experiência desse tipo foi com o Dr. Rezende. Ele dizia que tinha um hábito que reputava como salutar: conversava com os alimentos (arroz, feijão, vegetais), reportando-se mentalmente ao plantio e crescimento de cada um deles e louvando a Deus por tudo isso.
Gostei da lição que aprendi e além de colocá-la em prática, incorporei o processo no Projeto Mutação. Costumo realizar um processo para o meu fígado. Extravagâncias da juventude, com álcool, alimentação e mágoas deixaram este meu órgão em condições não muito adequadas. Então, quando por um motivo ou outro faço refeição fora do horário ou saio um pouco do regime, alimentando-me de comida pesada, converso antes com ele, me explico, envio uma energia de amor e depois passo a saborear aquele alimento. Assim, a digestão se faz com facilidade e sem graves conseqüências.
Nesse processo de rejeição alimentar, há também um componente psico-emocional - por algum motivo que nem sempre se consegue descobrir - a criatura não consegue digerir situações com pessoas, fatos da vida.
Por exemplo, a mãe ou o pai podem dizer na gestação ou na infância: “não era hora desta criança chegar...”, ou “esse menino é impossível...”. São palavras fortes, pesadas que derrubam uma criança. Ela, no entanto, por amor ou medo, não pode se contrapor a esse procedimento... Então, bloqueia o impulso instintivo de atacar ou agredir os pais e arquiva o impulso em seu campo emocional, transferindo a rejeição para outras pessoas ou alimentos.
Na verdade, a criança não engoliu aquela frase, ela fica atravessada, obstruindo a digestão (má digestão / esofalgia), a ingestão de alimentos (falta de apetite) ou mesmo a expressão de sentimentos.
Qualquer um desses processos poderá afetar profundamente o comportamento daquela criança, no futuro. E foi isso que aconteceu com Angélica.
Uma outra ocorrência que pode afetar o processo de aceitação alimentar é a amamentação. Amamentar é uma missão sagrada e de importância fundamental para o crescimento físico e emocional da criança.
Allan, um dos meus netos, tinha um hábito interessante: desde bebê ele só permanecia com o bico do seio da mãe (Marcela) na boca se ela olhasse para ele. Era um jeito de ter dela a atenção e carinho. Há mães que não tem esta consciência e além da desatenção, transformam este momento muito especial e único da criança num vendaval de emoções desarmonizadas, amamentando com ódio, pronunciando palavras ruins contra a vida ou pessoas, ou então, durante a mamada, ficam ouvindo ou assistindo programas de má qualidade no rádio ou televisão.
É importante que toda mulher tenha consciência de que esta criança que está em seus braços, deixou seu útero, onde recebia a alimentação sem um mínimo de esforço e que está entrando (nascimento) em um outro “Universo hostil”. Ela acabou de “sair” do útero onde recebia o alimento pronto e o oxigênio necessário para sua sobrevivência. De repente, ela “entra” em outro mundo, recebe uma lufada de vento e é obrigada (para sobreviver) a respirar por si própria. E para se alimentar, vai precisar contar com o amor da mãe da qual recebe o seio com o alimento pronto, que ele suga com alegria e prazer (mais esta tarefa que ela tem de realizar: sugar o seio).
Apesar dos contratempos e dificuldades a que se vê sujeita, a criança percebe, que aquele é um tempo todo seu. Ela vai receber o calor e o aconchego do colo maternal. É o encontro de um novo caminho, que a criatura precisa percorrer, incorporando hábitos novos, obrigações diferenciadas para viver.
Por isso, quando a criança é desmamada ou não recebe a devida atenção, pode “sentir” que não é desejada, deixou de pertencer a alguém. Esta sensação de não pertencimento pode afetar a estrutura emocional da criança, deixando em seu psiquismo uma “sombra-comando” pelo resto da vida da criatura.
O que significa “sombra-comando”?
É assim: em qualquer relacionamento ou situação, esses sentimentos vividos naquele momento podem emergir e se transformar numa barreira intransponível. Toda vez que a pessoa vai começar um relacionamento, um novo emprego, enfim, quando estiver diante de uma situação nova, ela poderá “sentir” a “sombra-comando” em seu corpo e alma dizendo: cuidado, você pode não ser aceita! Assim, ela inicia todo um processo de indecisão, medo ou apatia que prejudica o seu desempenho.
Laura, uma integrante do Projeto Mutação chegou com um processo desse tipo e só depois de muitos exercícios e plena consciência é que conseguiu ultrapassar este bloqueio, restaurando seu psiquismo.
Roberta que foi amamentada por uma ama de leite, é hoje uma mulher extremamente magra e anêmica. Realizados alguns processos, descobrimos que a ausência da mãe na amamentação poderia estar causando aquela situação física. A consciência dessa situação, aliada a alguns exercícios energéticos, como o perdão, retorno ao útero e outros, permitiram a eliminação dos bloqueios e seu equilíbrio orgânico está sendo finalmente reconquistado.