Cultura da Paz
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 07/04/2006 11:32:37
O recente Boletim Especial do STUM, que teve como tema a justa homenagem ao Dalai Lama, me fez relembrar a emocionante ocasião em que estive com essa figura tão especial, que veio ao planeta com a difícil missão de nos ensinar o cultivo da paz.
Já faz muito tempo, cerca de quatorze anos, quando em sua primeira visita oficial à cidade de São Paulo, pude ver e sentir de perto a poderosa energia de amor e compaixão que emana do Dalai. Primeiro em sua conferência, e, depois, numa cerimônia ecumênica, realizada na Catedral da Sé, durante a qual ele entoou mantras poderosos, que ecoaram com imensa força por toda a nave da Igreja, fazendo vibrar nossos corações.
O Dalai Lama tem o poder de tocar-nos profundamente com sua figura simples e alegre. Sua presença entre nós é um lembrete essencial do quanto é necessário buscarmos nossa própria paz, se quisermos que a paz seja uma realidade planetária.
Disseminar a cultura da não-violência e da educação para a paz, é crucial nos dias que correm, especialmente entre as crianças e adolescentes, vítimas mais vulneráveis dos apelos da mídia e dos jogos eletrônicos, que ressaltam e incitam a vivência do lado mais cruel e obscuro do ser humano.
É fundamental que façamos um contraponto a esse massacre diário, estimulando os jovens a resistir a esses apelos, através do cultivo diário de valores como verdade, retidão, amor, paz e não-violência.
Como o exemplo é a forma mais eficaz de ensino, uma educação amorosa, baseada nos valores e princípios espirituais, é o caminho mais eficaz para obtermos êxito nesta tarefa. Mesmo aqueles dentre nós que não tiveram filhos podem trazer à tona este tema, sempre que estiverem em contato com crianças e jovens, sejam eles membros de sua família, alunos ou simples conhecidos.
Devemos mais do que nunca empreender todos os esforços para ampliar essa corrente do bem, de modo a enfraquecer as forças do mal que hoje tentam dominar o planeta.
Ninguém nasce violento
Ninguém nasce violento; a pessoa aprende isso. Ela é infectada por uma sociedade violenta e se torna violenta. Fora isso, toda criança nasce absolutamente não violenta.
Não existe violência em seu ser. Somos condicionados pelas situações, precisamos nos defender contra tantas coisas, e a ofensa é o melhor método de defesa. Quando uma pessoa precisa se defender muitas vezes, ela se torna ofensiva, violenta, porque é melhor bater primeiro do que esperar que alguém lhe bata. Quem bate primeiro tem mais chance de vitória.
É isso que diz Maquiavel em seu famoso livro “O Príncipe”. Ele é a bíblia dos políticos. Ele diz que é o melhor método de defesa. Não espere; antes que alguém o ataque, você deve atacar. Quando você é atacado, Maquiavel diz que já é tarde demais. Você já está do lado perdedor.
Daí as pessoas se tornarem violentas. Se não for assim, muito rapidamente elas vêm a entender que serão esmagadas. A única maneira de sobreviver é brigar e, quando elas aprendem esse truque, aos poucos toda natureza delas fica envenenada por ele. Mas isso não é natural; portanto, pode ser abandonado. “Osho, A Rose Is a Rose, Is a Rose, Is a Rose”
Relaxamento e paz
Sempre que você se lembrar, relaxe profundamente e tranqüilize-se sempre que possível, a cada dia. Sem qualquer ação de sua parte, após alguns dias você sentirá que a paz se estabeleceu. Ela o seguirá como uma sombra.
Há muitos níveis de serenidade. Há um que você pode produzir apenas ao senti-lo, apenas ao dar a si mesmo uma profunda sugestão de que você está sereno; essa é a primeira camada. A segunda camada é aquela da qual você subitamente fica consciente; você não a cria, mas a segunda acontece somente se a primeira estiver presente.
A segunda é a real, mas é a primeira que ajuda a criar o caminho para ela. A paz vem, mas, antes que ela venha, como um pré-requisito, você precisa criar uma paz mental à sua volta. A primeira paz será apenas mental; será como uma auto-hipnose, criada por você. Então, um dia, subitamente você perceberá que a segunda paz aflorou. Ela nada tem a ver com a sua ação ou com você. Na verdade, ela é mais profunda do que você. Ela vem do próprio âmago do seu ser, do ser desidentificado, do ser não dividido, do ser desconhecido.
Nós nos conhecemos somente na superfície. Um pequeno lugar é identificado como você, uma pequena onda recebe um nome, é rotulada como você. Justamente dentro dessa onda, no fundo, está o grande oceano. Assim, lembre-se sempre de criar paz em volta de tudo o que você estiver fazendo. Esse não é o objetivo, mas apenas o meio. Uma vez criada a paz, algo do além a preencherá. Ela não virá a partir de seu esforço. Osho, The Cypress in the Garden.
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