Dançando com meu pai
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 27/03/2008 17:30:20
Pai, já vai longe o meu tempo de criança.
Hoje, eu mesmo sou pai e me lembro tanto de você.
Sei que nunca conversamos muito, pois você sempre trabalhou demais.
Mas, agora, enquanto meus cabelos embranquecem, eu penso em você.
Os anos escoam pelo rio do tempo, e o filho se torna pai, e finalmente entende.
Nem você era duro, nem eu era tão esperto.
Nós gritamos um com o outro, por muitas vezes.
E era tudo besteira, cara. Você só queria que eu crescesse e fosse feliz.
Assim como hoje eu torço por meus filhos.
Eu sei o quanto você ralou para sustentar meus irmãos e a mim.
Você nunca conseguiu expressar bem seus sentimentos.
Mas eu sei do seu amor. Eu vi em seus olhos. Eu vi você, em espírito, cara!
E ali, no meio celeste que os homens desconhecem, nós falamos como nunca.
E você até riu! E me falou para escrever algo que faria filhos e pais felizes.
E, ainda me disse: “Vê se não esquece, rapaz!”
E agora, pai, eu escrevo essas linhas, por você.
Talvez, aí no céu, você saiba melhor do que eu, sobre o que sinto.
Você consegue ver meu coração daí?
Cara, que saudade! E que bom ver você rindo e brincando.
Desculpe-me pelos gritos e as tolices de outrora; eu era tão teimoso!
Mas eu cresci. E você se foi... E agora eu também sou pai.
Hoje eu entendo você. E sei o quanto amava os filhos, do seu jeito calado.
Pai, muito obrigado pela firmeza e por me ajudar a crescer.
Pai, valeu!
P.S.: Você me pediu para escrever uma canção.
Mas eu só tenho esses escritos aqui, vindos do coração.
Talvez outros filhos e pais se sintam felizes ao lê-los.
Na Terra ou no Astral, tanto faz. O que vale é o amor.
Esse amor que sinto por meus filhos, e que você sente por mim.
Esse amor que também viaja pelo infinito, do meu coração ao seu.
Esse amor que desculpa os gritos e as tolices, pois sabe o tempo de cada um.
Esse amor que harmoniza filhos e pais, mesmo em planos diferentes.
Esse amor que ensina que “todo tempo, é tempo de crescer”.
Esse amor que me fez escrever essas linhas, por você.
Gostei muito de ver você sorrindo.
Fique bem, pai.
- Nota:
Escrevi essas linhas enquanto escutava a linda música “Dance With My Father”, do excelente cantor americano Luther Vandross (1951-2005). Como gosto muito dessa canção, resolvi colocá-la como título desse texto.
Não sei o motivo de ter feito esses escritos; apenas segui o meu coração e escrevi. Talvez eu tenha sido influenciado pela letra da canção, quem sabe?
Ou, talvez, o meu coração saiba de algo que ainda não sei.
Como meu pai ainda está por aqui, com 76 anos de “encadernação” e morando no Rio de Janeiro, e nos damos muito bem, penso que esses escritos tenham uma finalidade espiritual de reencontro de outros filhos e pais por esse mundão de Deus. Talvez algo que não ficou bem resolvido antes, agora possa ser reparado. Mesmo que alguém tenha mudado de plano e ido morar “do lado de lá”, ainda é possível se ligar, em espírito e verdade, de coração, e se desculpar - ou ser desculpado.
Sim, é possível; pois o amor sabe o tempo de cada um, mesmo entre planos.
Esse mesmo amor que também sinto por minhas filhas e por meu pai.
Esse amor que viaja por essas linhas, de coração a coração, aos filhos e pais.
Esse amor que não se explica, só se sente...
(Dedico essas linhas ao cantor Luther Vandross, que foi morar “do lado de lá” e encantar os espíritos com suas belas canções).
Paz e Luz.
DANCE WITH MY FATHER II
A canção da gente nunca acaba.
O universo nos escuta - e outras consciências também.
O que se passa em cada coração sempre permanecerá...
O cantor e a canção são expressões do mesmo Todo.
Cada ser tem sua beleza e sua canção, que viajam no infinito...
Dançamos com Nosso Pai, todo tempo, nas pistas do Eterno...
Bailamos com o Ancião dos dias dentro do coração.
Nós e Ele, no centro da vida, com as estrelas girando em torno.
Há canções secretas, que só Deus escuta.
Não há morte, só canções de Deus, bem vivas.
Cada ser é expressão imortal e musical d’Ele.
Dançamos com Ele, todo o tempo.
Sim, na Terra ou no Espaço, dançamos com Ele.
Dançamos com Ele... Ele... Ele... forever!
DANCE WITH MY FATHER III
Cara, mais uma vez escuto sua canção e me emociono.
Se você tivesse vindo à Terra somente para fazê-la, já teria valido a pena.
Sei que você padeceu muito com a saúde e a solidão, mas sua canção ficou.
E, como ocorre comigo, já tocou muitos corações nesse mundão de Deus.
Ah, quantas vezes sua canção me inspirou a escrever textos legais...
Na solidão da noite, ela embalou minhas visões e me fez sentir gratidão.
Na letra e na melodia, você honrou bem a seu pai, e tocou a outros filhos e pais.
Agora, eu honro a você, admirado e agradecido, por entre os planos da vida.
Sabe, fico pensando nessas ligações espirituais, quando a distância desaparece.
Não nos conhecemos por aqui, mas nos reconhecemos na luz do coração.
Brother, moramos em planos diferentes, mas sua canção nos ligou, em espírito.
Gostaria de ter conversado mais com você, sobre textos, poemas e canções.
Eu sei o motivo de suas canções de amor e de sua paixão pelas divas.
Você veio viver em corpo de homem, mas o seu coração era feminino.
E poucas pessoas o compreenderam... elas não sabiam o amor que você sentia.
Você emplacou muitos sucessos, mas quem tocou seu coração, my friend?
Mesmo assim, valeu a pena ter vivido, Brother.
“Dance With My Father” viaja por muitos corações agradecidos a você.
Nada foi fácil em sua vida. Mas sua canção é bela. E eu a ouço, agora mesmo.
E peço às estrelas que levem essas palavras a você, em nome do meu pai.
Eu, que também sou pai, escrevo em nome de outros pais e filhos.
Com admiração e respeito, Luther.
Paz e Luz.
(Textos Extraídos do Livro “Flama Espiritual” – de Wagner Borges).