Desfiando a teia dos pensamentos que nos aprisionam
por Izabel Telles em EspiritualidadeAtualizado em 01/11/2007 14:30:57
Ela entrou no meu consultório como se fosse uma árvore sem galhos e sem folhas. Não tinha nenhum movimento, não fazia ruído, nem comunicava nenhuma emoção.
Sentou dura na poltrona e eu perguntei:
- Qual é o seu pedido?
Ela respondeu com seriedade:
“Minhas amigas querem fazer cirurgia plástica. Eu não quero. Quero fazer uma lobotomia”.
- E para quê, eu perguntei.
“Para parar de pensar”, ela respondeu.
”Lobotomia é, de acordo com uma rápida pesquisa no Google, “A separação cirúrgica dos lóbulos frontais do cérebro, que se faz em doentes mentais violentos... tornando-os mais mansos”.
Bem, como não sou médica, o pedido só poderia ter uma porção de sarcasmo ou ironia, porque, se bem entendi, ela queria parar de ter pensamentos recorrentes a ocupar sua mente com demandas desnecessárias e estava usando o forte termo “lobotomia” no sentido de pedir paz.
Acertei em cheio quando traduzi para ela o que ela me pedia!
Então convidei esta paciente a imaginar qual seria a foto mental que ela formaria destes pensamentos devoradores. E a imagem era de uma trama cheia de quadradinhos, nozinhos, intersecções que formavam um tecido natural como a juta.
Propus que ela pegasse então um pedaço de juta e que escrevesse em cada linha do tecido um pensamento recorrente e quando o tecido estivesse cheio destes pensamentos ela começasse a puxar fio por fio até formar um amontoado de fios no qual ela deveria então atar fogo, jogando as cinzas na água corrente.
Pedi a ela que repetisse este ritual três vezes ao dia ou toda vez que fosse capturada por um pensamento repetitivo.
Percebi que seus olhos se iluminaram e seu corpo iniciou um movimento de vida.
Saiu correndo do consultório cheia de energia e com uma grande esperança de dominar seu mundo agitado, controlador, que não a deixa viver em paz!