Educando a Mente
por Izabel Telles em EspiritualidadeAtualizado em 20/05/2005 13:03:28
Esta semana encontrei na sala de espera uma mãe com uma menina de uns 8 anos. A menininha, muito simpática, olhou para mim e disparou uma porção de perguntas que eu nem sabia bem como começar a responder.
A mãe então falou para ela:
- Fica quieta... você é muito faladeira!
Sentei-me calmamente ao lado da mãe e falei para ela, olhando para a criança,
- Ela é comunicativa!
Quando pude estar a sós com a mãe tentei fazê-la ver que quando ela chama a filha de faladeira a mente desta criança vai imediatamente procurar no seu arquivo central uma referência do que é ser faladeira e, se não encontrar, vai abrir um novo arquivo ligando a palavra à condenação ou repressão; com coisa negativa e inapropriada. E, toda vez que estiver falando vai se lembrar, inconscientemente, que é faladeira e que ser faladeira não é uma coisa boa. Portanto, é melhor parar de falar, parar de perguntar ou se interessar pelos outros e pelo mundo. Sendo que um espírito curioso é muito importante para o desenvolvimento e aplicação da inteligência. Já pensou o que seria do mundo se os inventores, cientistas e poetas não fossem curiosos?
Aproveitei para mostrar como a mente funciona e que, por não ter julgamento ou valores fixos, a mente opera por analogias e conexões de informações e sensações.
Então, fiquei muito surpresa quando ela me perguntou:
- Quer dizer que ao invés de dizer que ela é gulosa, morta de fome, posso dizer que ela tem um apetite por coisas gostosas, por exemplo?
Respondi que era isso mesmo que eu queria dizer.
Aí, juntas, começamos a criar umas versões novas para os velhos padrões de tratamento com as crianças.
E ficou mais ou menos assim:
invés de dizer Molenga Sempre cansada Não gosta de estudar Morre de medo Não faz nada sozinha Perguntadeira Dependente | diga tem um ritmo mais lento precisa de mais tempo prefere atividades lúdicas precisa que entendam... gosta de ser ajudada interessada, pesquisadora gosta de estar acompanhada |
Confesso que esta pequena amostra nos deixou bem entusiasmadas com um novo caminho que podemos começar a partilhar usando conceitos que educam a mente, as crianças (e os adultos) e enriquecem os relacionamentos no respeito e na educação.