Estrela da esperança
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 04/02/2002 12:02:03
Ela era uma estrelinha viajando pelo espaço sideral. Viajava há muito tempo, solitária, observando os eventos cósmicos e aprendendo.
Certo dia, ela entrou em um sistema solar onde nove planetas giravam em torno de uma estrela maior, o Sol. Investigando esses planetas em órbita, percebeu que o terceiro deles era habitado. Visto de fora, do espaço sideral, esse planeta era azulado e também muito bonito.
Olhando dali, a estrelinha percebeu que 70% da superfície do planeta era coberta por água e que os 30% de terra restantes configuravam continentes em meio a essas águas.
Olhando do espaço sideral, essa estrelinha se alegrou, pois não viu nenhuma linha divisória nessas terras. Não viu o nome de nenhum país e nem o nome de nenhuma raça. Ela só viu 30% de massa de terra envolvida por 70% de água.
Terra cercada por oceanos, sem divisórias ou nomes. Apenas uma bola azul girando suspensa no espaço e orbitando em torno de uma estrela maior.
A estrelinha então se aproximou do planeta, porém, infelizmente, ao chegar mais perto, notou que os habitantes desse planeta formavam barreiras raciais e diversas fronteiras. Os terráqueos formavam bolsões de racismo e de religião e separavam-se uns dos outros.
Com pena dessa humanidade tão triste, que criava divisões ilusórias e observando todo o seu sofrimento, a estrelinha pediu uma inspiração ao Pai Celestial para trazer uma vibração boa para os habitantes da Terra.
Nesse instante, um raio verde luminoso desceu do céu no centro da estrelinha, que tornou-se esverdeada. Era o verde da esperança. Ela então desceu entre os homens e a partir desse dia, nasceu no coração deles a esperança. E ela continua em cada coração até hoje.
Que essa estrelinha verde possa inspirar nossos pensamentos, sentimentos, energias e atitudes.
Que o verde da esperança possa sempre brilhar para que possamos trabalhar, estudar, aprender e evoluir.
Que possamos quebrar as barreiras religiosas e as barreiras entre países.
Que possamos quebrar os preconceitos sexuais, sociais, religiosos e nos tornarmos uma só humanidade, para que outras estrelas e povos de outros orbes do universo possam realmente constatar que não há divisão de países na Terra vista de fora e nem aqui dentro entre nós, os seres humanos.
Que haja união e, mesmo em meio à ameaça de guerra e a toda a violência e miséria que campeia na Terra, ainda assim, que haja uma estrela verde, a estrela da esperança, acesa em nossos corações.
O futuro é radiante. Essa esperança se manterá e a UNIÃO acontecerá!*
* Esses escritos são a transcrição das palavras projetadas de improviso na abertura do programa "Viagem Espiritual" da Rádio Mundial de São Paulo (95,7 - FM) no dia 27 de setembro de 2001.
Enquanto digitava, lembrei-me de um belo poema de Olavo Bilac:
Ouvir estrelas
"Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto, cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Ainda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
- Olavo Bilac -
(Poesias, Via-Láctea, 1888)