Ética é estar à altura daquilo que nos acontece
por Izabel Telles em EspiritualidadeAtualizado em 30/01/2004 15:17:40
Hoje desci do Metrô na estação Parque, aqui em Lisboa. É uma estação maravilhosa onde os mais inspirados arquitetos resolveram espelhar um pouco da mística e da sabedoria de todo o planeta. Não me canso de olhar para as esculturas, as paisagens, os símbolos impressos nos azulejos pintados... de azul, com toda a sabedoria deste país na arte de trabalhar com este material. Herança dos mouros, creio eu na minha imensa ignorância.
Sempre leio a frase que hoje usei como título e cada vez que a leio acho que ela é ainda mais genial. Claro que esqueci de anotar o autor de tal maravilha, mas prometo que um dia anotarei e enviarei a todos vocês pelo site.
Mas o que importa nesta frase é tudo que ela contém de verdadeiro. Penso nela e nos malandros que fraudam as instituições que foram criadas para dar ao povo uma vida melhor.
E quando vemos alguns deles atrás das grades é que sentimos o efeito desta frase.
Estou fora do Brasil há quase 1 mês e depois de passar 10 divinos dias nos Açores (que recomendo a todos) aqui estou em Lisboa para atender meus clientes/amigos com os quais aprendo sempre sobre a vida.
Faz um frio gostoso. Daqueles que entram pelos poros e ventilam a alma.
Estamos todos cheios de casacos e capotes, encolhidos e tentando reter o calorzinho que nossa usina interna vai gerando a cada momento.
Mas não tenho frio no coração. Meu coração está contente porque cada dia que passo aprendo mais e mais com a solidão e com os desafios que tenho que enfrentar estando numa terra onde não temos certidão de nascimento.
E é nesta lição de não pertencer que me vem a lição da impermanência da vida e que nosso único porto seguro está mesmo dentro de nós.
Tenho feito todas as manhãs um exercício de imagens mentais no qual coloco uma escada num jardim (e aqui eles são muitos) ligando a terra ao céu. Subo a escada e entro nos campos do Senhor e me atiro em seus braços querendo ouvir seu bom dia. Conversamos ali alguns segundos. Às vezes Ele puxa amorosamente minha orelha ou afaga meus cabelos e me dá conselhos sempre tão sábios e tão bons. Peço para ele me contar sobre meus filhos e meu neto que tanto amo. Ele vira o olhar bondoso e olha em direção ao Brasil e diz:
- Eles estão bem... confia naquilo que ensinou a eles.
Pergunto sobre meus amigos favoritos e os olhos carinhosos do Senhor viram um pouquinho mais para o Sul, ou para o Norte, para Leste ou Oeste e vai me dando notícias sobre eles. E eu me sinto confortada e acompanhada. Contente e aquecida por poder falar com Deus todos os dias. E saber que ele é meu Paizinho bom e amigo e que nunca estarei só.
Hoje, quando subi toda a escada, entrei nas terras do meu Paizinho e ele estava sentado à beira de um grande lago de águas azuis.
Deu-me um largo abraço e verteu sobre mim a água que saia de uma concha de ouro. Perguntei-lhe se era para que eu me sentisse rebatizada. Ele disse:
- Renovada.
E eu agradeci a meu Amigo por permitir que, na minha imaginação, eu seja renovada a cada dia para o meu eterno começar de novo.
Se você quiser fazer este exercício faça-o todas as manhãs. Verá que tem um Mestre que mora dentro dos seus campos floridos.
Este Mestre conhece muitas coisas. Infinitas. Acima de tudo aquilo que conhecemos. E ele sabe, como ninguém, como nos transmitir estas coisas.
Com amor e com ética.
Tenho saudades do Brasil. Tenho saudades dos nossos campos floridos. Tenho saudades de vocês.
Um abraço imenso,