Governa-te a Ti Mesmo
por Acid em EspiritualidadeAtualizado em 14/10/2004 21:00:47
É comum para muitas pessoas que começam a enveredar pelo caminho do "mistério" se descobrir dona de poderes nunca antes revelados. A auto-estima cresce, a pessoa sente-se poderosa, acima dos "reles mortais". É aí, no ego, que a pessoa leva a "grande queda", a queda de Lúcifer, porque a pessoa se coloca lá no alto com frágeis pernas de pau, e na primeira rasteira cai feio. Não se faz uma base de barro pra uma casa. No salmo 118 lemos: "A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular". E Jesus usou esta frase para mostrar que os edificadores eram aqueles que dominavam as instituições religiosas da época (fariseus e escribas), e isso vale pras instituições religiosas de hoje também, que ignoram que a base da doutrina cristã é a humildade e o trabalho silencioso, não para o ego, mas para o próximo, e consequentemente, para Deus.
Sim, você tem controle sobre a própria vida, possui o livre arbítrio. Mas ESTÁ de fato exercendo o pleno controle? Não seria você uma Ferrari sendo rebocada por um caminhão, seguindo por vias que não pode perceber?
O sistema Matrix (Maya, ilusão) é muito bem feito, e possui salvaguardas contra espertinhos que tentam dominá-la, por se acharem muito independentes. Aliás, toda a idéia por trás da Matrix é alimentar a ilusão de que você está sozinho, de que você é uma unidade / individualidade. Aqueles que buscam dominar a Matrix apenas através dos efeitos físicos (Siddhas, exteriorizando a força mental) perdem o contato com a intuição, com a sensibilidade que o faria ver o quanto somos interdependentes da energia circundante, seja de uma pessoa, um animal, uma planta... Até mesmo os que alimentam a ilusão de que estão acima da Matrix e a manipulam a seu favor estão apenas atuando em outro nível de software dentro da própria Matrix. Seria o equivalente à pessoa que passou a vida trabalhando com o Paintbrush migrar para o Photoshop. Se ele não conhece de computador vai pensar que está usando outro sistema operacional, quando está ainda dentro do Windows, sujeito às mesmas falhas e travamentos, só que com muito mais ferramentas e opções.
O que os sábios nos ensinam é a buscar a liberdade, mas com responsabilidade e humildade, sabendo que não se pode abarcar o mundo com as pernas. Use apenas o que de fato aprendeu. Construa com as ferramentas de que dispõe. Domine-as, enquanto estuda para aprender mais e mais coisas, e assim alie teoria à prática. Isso não significa abandonar a idéia de um dia sair da Matrix, mas sim viver o momento, dia após dia, construindo sua estrada para a evolução. Quanto mais se estuda, mais se sabe que muito ainda se tem para aprender e, principalmente, botar em prática. O conhecimento do ato é muito mais importante que o ato em si, mas não prescinde (dispensa) o ato. Conhecer o significado de um ritual e meditar nele é muito mais importante que fazer o ritual. Mas quando se faz o (Como o Pai Nosso, que a igreja acabou transformando em ritual, e que até há alguns anos eu repetia mecanicamente antes de dormir, quando o próprio Jesus diz \'E, orando, não useis de vãs repetições\'...) ritual(*) com o coração e mente sintonizados no mesmo propósito (mesma vibração) de quem o criou (por que Jesus nos ensinou a orar assim, em Mateus 6:9? “Já meditaram em cada palavra dessa oração”)? Cria uma corrente, uma união corpo/alma com todos que fizeram o mesmo de coração, um mantra (seja entoado mentalmente ou fisicamente) de poder (Não gosto muito de citar experiências pessoais, mas devo dizer que pra mim foi a prova cabal da sintonia com egrégoras: Algumas raras vezes, quando estou vibracionalmente \'alto\', ao rezar o Pai Nosso as palmas das minhas mãos ficam quentes e dormentes, todo o corpo fica vibrando ao ponto de eu perder a noção de equilíbrio e \'sinto\' o quarto encher-se de luz... pena que ao abrir os olhos não vejo nada, só \'sinto\' a luz... sei que isso são só efeitos especiais, não é o que eu busco, mas demonstra bem que a sintonia se dá não através da repetição mecânica da oração, mas da sintonia do pensamento com a intenção da oração. Você pode recitar OM várias vezes, e pode até desfrutar dos efeitos físicos da vibração da palavra, mas se não souber a intenção por trás do OM não vai acessar a egrégora milenar que foi criada com o uso dela. ) incalculável(*).
Coincidência 1: Hoje, enquanto almoçava, li no Evangelho Aquariano: "Os escribas e fariseus acatam a letra da Lei; mas não compreendem o espírito da Lei. E, se vossa justiça não for superior à dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino da Alma".
As pessoas que preferem o estilo 'Lucyferiano' de ensino (do jogo de polaridades, de ir a fundo nos extremos, no bem e o mal, no claro e o escuro), podem cair na cilada de pegar um "mestre" que as ensine a manipular os elementos do "jogo" da vida, mas que convenientemente "esquecem" de ensinar as regras. Então, quando o discípulo faz a maior bagunça no tabuleiro, o mestre olha e diz "Como você é poderoso! Pode deixar o tabuleiro como quiser, afinal você é Deus, portanto tudo o que fizeres é Divino. É tudo da lei"! E assim forma uma geração de crianças inconseqüentes com martelos nas mãos, destruindo tudo o que encontram. Talvez estejam fazendo Arte moderna, quem sabe?
Mas, se formos pegar as regras, que foram deixadas para a humanidade pelos mais diversos sábios (como Aristóteles, Pitágoras, Sócrates, Hermes, Heráclito, entre outros), veremos que antes de se aventurar a mexer no tabuleiro é preciso aprender a jogar. E isso pode levar muito, muito tempo, mesmo que você já saiba algumas regras de antemão. Só depois que o ato de jogar for tão natural quanto respirar, e você for UM com as peças, então poderá subverter algumas regras com segurança, pois só aquele que sabe construir possui a autoridade moral para destruir/desfazer, porque estará de fato no controle dos elementos, e não apenas fazendo o que lhe ensinaram a fazer.
"Quereis governar os homens? Aprendei primeiro a governar-vos a vós mesmos" (Mikhail Naimy; O Livro de Mirdad)
Coincidência 2: Quando escrevi originalmente este texto, ele terminava aqui. Mas uma seqüência de coincidências acrescentou material para enriquecer a mensagem. A primeira foi uma frase que vi ontem no blog de um amigo, e pesquisando-a dentro do contexto, vi que se encaixava perfeitamente no que eu falei acima:
"Ao seguir um Mestre tolo e inferior que não tenha obtido o perfeito entendimento do Dharma e que é invejoso dos outros, você vai morrer sem compreender o Dharma e ainda preso às dúvidas. Se um homem que vai navegando um rio rápido e turbulento é levado pela corrente, como ele pode ajudar outros a cruzá-lo?" (Buda; Sutta Nipata II,8)
Também encontrei esta frase no Google:
"Anima-te, discípulo; tem sempre presente o preceito áureo. Uma vez passada a porta (Literalmente, aquele que entrou para o rio, que conduz ao oceano nirvânico. Este nome indica o primeiro Caminho.) Srotapatti(*), aquele cujo pé foi posto sobre o leito do rio nirvânico nesta vida ou em qualquer vida futura, tem apenas diante dele mais sete nascimentos, ó homem de vontade de ferro". (Blavatsky; A voz do silêncio).E por último, vi ontem na MTV um clipe cujo refrão me chamou a atenção, e que resume a idéia por trás do post em poucas palavras:
Life is a dance floor -> a vida é um pista de dança
Love is the rhythm -> o amor é o ritmo
You are the music -> V. é a musica
You get what you're given -> V. pega aquilo que lhe for dado
It's all how you use it" -> Tudo está em como V. usa isso”
(Pink; God is a DJ)
Que tipo de música você é?