Homem e mãe nas ondas da Mãe Divina...
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 08/04/2020 11:35:27
(Uma Homenagem às Mães de Todos os Lugares)
É noite.
Eu abro os olhos,
Lavados pelas lágrimas
Da compaixão.
E vejo longe...
O aceno d'Ela.
Lá, além do céu,
Ela está!
E me chama...
De menino.
É Ela!
A Mãe Divina.
Que, Serena, me diz:
"Menino, escreva algo
Sobre as mães."
Então, Sua Luz desce em mim...
E não sou mais eu.
Eu sou Ela em mim.
Eu, homem e mãe.
E, também, todas as mães.
Ela as abraça, silenciosamente...
Em todo lugar.
Ela toca em seus corações...
E lhes dá ânimo e compreensão.
Elas não sabem disso...
Mas os seus filhos também são d'Ela.
Tanto os que chegam quanto os que partem.
Ah, Ela também é minha Mãe!
E, com Ela, eu também sou mãe.
Porque, nesse momento, eu sou Ela em mim.
E, assim, sinto todas as mães junto...
Eu, homem e mãe, no abraço d'Ela,
Em todas as mães.
Eu sou Ela sim!
E vejo além, com Seus Olhos...
No meu olhar lavado de Amor.
Eu choro com as mães que perderam seus filhos...
Mas Ela está nelas, todo tempo.
Ah, eu também dou risadas com elas...
Porque Ela ri em mim (e nelas).
Eu choro e rio, porque, agora, também sou mãe.
Sim, Ela me fez assim...
Eu, homem e mãe.
É noite.
E eu vejo longe...
O aceno d'Ela.
Que me diz:
"Menino, ser mãe é algo sagrado.
É mais do que ter útero.
É ser Amor em forma de mulher.
É mais do que amamentar.
É esquecer-se de si mesma.
É doação incondicional.
E esses escritos viajarão até muitas delas...
Então, elas reconhecerão algo:
Seus filhos também são Meus filhos!
Porque Eu sou todas elas.
Eu estou nelas.
Assim como estou em você...
Menino, que é homem feito e também mãe,
De coração.
Que esses escritos dignifiquem as mães,
De todos os lugares."
É noite.
E eu me sinto honrado.
De ser homem e mãe.
Mesmo sem útero, de coração.
Porque a Mãe Divina me fez assim.
Ah, os meus olhos estão igual cachoeiras...
E eu estou mais homem do que nunca!
Porque eu também me senti mãe.
E compreendo.
E sei que isso não se explica...
Só se sente.
P.S.:
Menino.
Homem.
Mãe.
E o Amor d'Ela,
Em todos.
Ela, a Mãe Divina.
Que faz os meus olhos...
Virarem cachoeiras.
É noite.
E eu não sei mais o que dizer.
(Dedicado a todas as mães, e a Paramahamsa Ramakrishna*, que, certa vez, me disse: "Quando a Mãe Divina entra em nosso coração, nós também viramos mãe. E, aí, os nossos olhos marejam de Amor incondicional." Ah, ele sabia das coisas!).
Paz e Luz.
Wagner Borges - homem e mãe, com muita honra.
(Enquanto eu editava essas linhas, rolava aqui no meu som o mantra "Shivo Hum", cantado pela vocalista americana Tina Malia. Então, deixo, na sequência, o seu link no Youtube.
- Notas:
* Paramahamsa Ramakrishna: mestre iogue que viveu na Índia do século XIX e que é considerado até hoje um dos maiores mestres espirituais surgidos na terra do Ganges. Para se ter uma ideia de sua influência espiritual, posso citar que grandes mestres da Índia do século XX se referiram a ele com muito respeito e admiração, dentre eles o Mahatma Ghandi, Paramahamsa Yogananda e Rabindranath Tagore.
Obs.: Enquanto eu passava essas linhas a limpo, lembrei-me de um texto antigo. Então, mesmo correndo o risco de deixar esse texto extenso demais, reproduzo o mesmo na sequência, como complemento desses escritos de hoje.
SER MÃE - QUANDO O VENTRE SE TORNA SOL
(Uma Homenagem às Mães, Médiuns* da Vida)
Mãe, cresce em teu ventre um filho do Eterno.
A energia se condensa em volta da estrelinha espiritual.
O azul do Céu se junta com o vermelho da Terra.
O teu ventre vira um sol, e tua aura fica tão linda!
Que o teu útero seja uma casa abençoada!
Que as luzes do universo iluminem o lar do teu bebê.
Que tu sintas a pulsação da vida chegando a ti.
Que tu recebas o filho como um presente da Presença**.
Que a história dele seja linda contigo.
Na linha do horizonte do céu de teu coração, brilha a aurora.
Em teu ventre, brilha o fogo estelar revestido de corpo da Terra.
Em teus olhos, o brilho da esperança e do amor.
Nos olhos do bebê, o brilho da vida florescendo na nova experiência.
Mãe, em teus olhos, e nos olhos do teu filho, o brilho da Presença.
Sabe, o Eterno cingiu espiritualmente tua fronte e disse:
"Querida, recebe uma de minhas estrelinhas, como se fosse tua.
Cuida dela com inteligência e carinho, sem deixares de ser tu mesma.
Ama-a e ajuda-a a crescer; mas sem que tu deixes de crescer também!
E não te esqueças: tu também és uma de minhas estrelinhas.
Tu eras menina; agora te tornastes mulher e mãe: percebes o ciclo da vida?
Por um tempo, minha estrelinha será tua; cuida dela como um presente."
Mãe, tua tarefa não é fácil; mas os poetas e os espíritos te compreendem.
Eles percebem o presente que a Presença te deu. Eles veem o brilho!
Eles conhecem tuas esperanças e teus sonhos, apenas pelo brilho do teu olhar.
Eles olham para o teu ventre e veem o sol; olham para ti, e veem a aurora.
Eles veem tua fronte cingida pelo Eterno. Eles sabem de onde vem a estrelinha.
Sim, os poetas e os Espíritos de Luz conhecem o teu presente.
Por isso eles se uniram para te homenagear, sob a Luz da Presença.
Tu agora és mais do que mulher: tu és mãe! Tem um sol no teu ventre!
Saibas disso, querida, e sejas feliz.
Que a Luz ilumine a jornada de teu bebê pelos caminhos da vida.
Que o amor te dê forças e coragem para ajudá-lo nessa travessia.
Que tu sejas uma inspiração para ele.
E, não te esqueças: além de mãe, tu és mulher também!
Não cuides apenas dele; cuida de ti mesma; cresça junto!
O bebê é uma estrelinha do Todo; mas tu também és!
Que tu brilhes muito; que o bebê brilhe; que a vida floresça...
Em todos os brilhos, o brilho da Presença que está em tudo.
(Esses escritos são dedicados a todas as mães; pelas noites de sono mal dormidas; pelos seios rachados de tanto amamentar; pelo choro de preocupação; pela paciência de aguentar muitas pirraças; pela coragem de aceitar a tarefa de educar uma estrelinha da Presença como se fosse sua mesma; pela força de suportar o próprio ventre virar sol; pela decisão de permitir o desenvolvimento de mais uma vida em seu ser, mesmo à custa de tanto sacrifício.)
P.S.:
Esses escritos não têm um motivo particular. Eles simplesmente vieram.
Assim como a própria vida, eles apenas são.
Igualzinho às estrelinhas, eles descem entre os homens.
Só a Presença é que conhece os motivos de tudo o que rola espiritualmente.
Os espíritos sopram as ideias...
Já os poetas, esses nada sabem, só sentem...
E escrevem.
Paz e Luz.
Wagner Borges - mestre de nada e discípulo de coisa alguma.
- Notas:
* Médium - do Latim - intermediário; medianeiro; agente interplanos.
** Quando os antigos iniciados celtas admiravam os momentos mágicos do alvorecer e do crepúsculo, costumavam dizer: "Isso é um assombro!"
E assim era para todas as coisas consideradas como manifestações grandiosas da Natureza e do ser humano.
Ver o brilho dos olhos da pessoa amada, a beleza plácida da lua, a alegria do sorriso do filho, ou o desabrochar de uma flor eram eventos maravilhosos.
Então, eles ousavam escutar os espíritos das brumas, que lhes ensinaram a valorizar o Dom da vida e a perceber a pulsação de uma PRESENÇA em tudo.
A partir daí eles passaram a referir-se ao TODO QUE ESTÁ EM TUDO como a PRESENÇA que anima a Natureza e os seres.
Se a luz da vida era um assombro de grandiosidade, maior ainda era a maravilha da PRESENÇA que gerava essa grandiosidade.
Perceber essa PRESENÇA em tudo era um assombro!
E saber que o sol, a lua, o ser amado, os filhos, as flores e a Natureza eram expressões maravilhosas dessa totalidade, levava os iniciados daquele contexto antigo da Europa a dizerem: "Que assombro!"
Hoje, inspirado pelos amigos invisíveis celtas, deixo registrado aqui nesses escritos o "terno assombro" que sinto ao meditar na PRESENÇA que está em tudo.
E lembro-me dos ensinamentos herméticos inspirados no sábio estelar Hermes Trismegisto, que dizia no antigo Egito: "O TODO está em tudo! O Inefável é invisível aos olhos da carne, mas é visível à inteligência e ao coração."
O TODO ou A PRESENÇA, tanto faz o nome que se dê.
O que importa mesmo é a grandiosidade de se meditar nisso; essa mesma grandiosidade de pensar nos zilhões de sóis e nas miríades de seres espalhados pela vastidão interdimensional do Multiverso, e de se maravilhar ao se perceber como uma pequena partícula energética consciente e integrante dessa totalidade, e poder dizer de coração: "Caramba, que assombro!"