Hora de crescer
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 19/04/2001 19:33:07
O coração de muita gente é igual aos antigos saloons de faroeste: é tiroteio pra tudo que é lado! O carma é o xerife que chega pra "botar a casa em ordem".
Os homens riem muito pouco. É por isso que a dor faz a festa!
Há alguma sintonia entre amar e cobrar?
Quem quer sair do corpo, que levante o dedo, a alma e os desejos na direção da assistência extrafísica.
O coração de muita gente é deveras pantanoso.
Têm cobras, jacarés, sapos e animais peçonhentos.
Só não tem amor.
Algumas pessoas parecem sacos sem fundo.
Só sabem pedir, pedir, pedir... É por isso que o carma joga pedras.
Quem sabe o saco rasga?
Morder os outros dá carma!
Evite isso: compre uma focinheira (e pare de babar!)
Ria mais de si mesmo e evite encrencas!
A Cia do Amor se despede lembrando que toda hora é hora de crescer!
- Cia. do Amor
A Turma dos (A Companhia do Amor é um grupo de escritores e poetas extrafísicos brasileiros que me passa textos bem divertidos e despojados. O objetivo desse grupo é mostrar que não existe apenas vida após a morte, mas também muita alegria e amor. Como os seus textos são direcionados para a população urbana e eles não têm a menor pretensão de se passarem por sábios espirituais e nem estão compromissados com nenhuma linha espiritualista, seus toques são sempre cheios de galhardia e visam espetar o raciocínio das pessoas com tiradas criativas e bem humoradas. O leitor mais atento e despojado de `bitolas doutrinárias´ notará sérios questionamentos embutidos em suas brincadeiras. Muitas vezes, é brincando que se diz as verdades mais sérias.
Para ver as outras mensagens deles postadas em nosso site é só clicar `A Turma dos Poetas em Flor´ na seção de `procura´ por palavras. Daí, surgirão vários textos deles.) Poetas em Flor(*)
(Recebido espiritualmente por Wagner D. Borges; São Paulo; 30 de maio de 1997).
Tenho muitos textos deles inéditos (desde 1990 que recebo os seus escritos, tem até samba, gênero musical que não é a minha praia) e oportunamente publicarei um livro só com os seus textos irreverentes e questionadores ao mesmo tempo.NETI, NETI*
(Texto postado originalmente na lista SAK - YES da internet)
Obs: Esses escritos respondem a pergunta de um dos participantes da lista que escutou a expressão "neti, neti" durante o programa "Viagem Espiritual".
A expressão é "NETI, NETI". Essa palavra é oriunda do sânscrito antigo.
Significa algo que sentimos, mas não conseguimos descrever com as palavras e nem entender só com o intelecto. É algo que não se entende com a mente, mas se compreende com o coração.
Há muitas coisas neti neti na vida. Por exemplo: AMOR. Quem é que pode explica-lo intelectualmente? Que ciência pode desvendar os seus mistérios? O certo é que se sente, mas não dá para explicar.
Outro exemplo: quem tem filhos sabe do amor que se abre no coração quando esses pequeninos chegam. É um amor que só é percebido integralmente quando se tem um. Parece que o coração derrete de amor por eles. Esse amor não dá para explicar para quem não teve um na prática. Pode-se até escrever um livro sobre educação e outras coisas sobre crianças, mas só tendo um para sentir isso, não dá para expor em palavras que sentimento é esse. Logo, é neti neti. Outras coisas neti neti: imortalidade do espírito, consciência cósmica e Deus, o "neti netão", o maior neti neti de todos.
Mantidas as devidas proporções, o amor que sentimos pela música do Yes é neti neti. Como explicá-lo para os outros? É algo que se sente e faz viajar no som. Mas, quem pode explicar intelectualmente o prazer de ouvir e viajar na Yesmusic?
O Roger (vocalista da banda cover Yessongs e participante da lista), por exemplo, estuda música e canto. Ele precisa de sua inteligência para entender o que faz. Mas, duvido que ele possa explicar o que se passa em seu coração na hora em que ele torna-se um canalizador vocal das letras do Yes que ele ama. Ali, ele é possuído por um amor que é o que faz ele gostar da canção e dar o melhor por ela. Se não fosse por esse amor, o verdadeiro neti neti nos bastidores de sua alma, ele não se esforçaria na parte técnica. A técnica do canto ele pode explicar e dar aulas, mas o amor que ele sente nisso, é neti neti e não dá nem mesmo para falar, quanto mais explicar. Então, só resta cantar, cantar e cantar...
A vida mesma é neti neti... É um grande mistério que só se descobre vivendo... e aprendendo... para se compreender um dia que as grandes verdades podem ser silenciosas e já habitarem em nossos corações. Mas, essas verdades são neti neti...
Um abraço.
- Wagner D. Borges -
São Paulo, 13 de abril de 2001.
* Neti Neti (do sânscrito): "Não isso, não isso!"; ou "Isso não é isso, isso não é aquilo". Trata-se de uma expressão hinduísta para as coisas espirituais que não podem ser descritas em palavras ou explicadas convencionalmente. Por exemplo: o mestre estava vivenciando um samadhi (expansão da consciência, consciência cósmica). A luz havia ascendido do seu chacra cardíaco até o chacra coronário e expandido sua consciência aos níveis do plano mental puro, além do espaço e do tempo.
Percebendo-o naquele estado consciencial superior, o discípulo perguntou-lhe: "Mestre, o senhor pode explicar-me o que está sentindo?"
Ele respondeu: "O que estou vivenciando não pode ser explicado pelas palavras. Como explicar o amor que viaja além do tempo e do espaço e que mora nos corações? Como classificar aquela luz onipresente e transcendente que é a causa de tudo? Como falar do que transcende a visão limitada do intelecto humano? Como descrever a sensação de ser um surfista cósmico deslizando pela ondas da bem-aventurança? Como falar de algo que só se compreende no silêncio e que é pura consciência"?
O mestre olhou para o discípulo e seus olhos pareciam duas estrelas. Uma onda de amor silencioso interpenetrou o discípulo e ele sentiu-se alçado às praias do infinito. Então, ele compreendeu o que a linguagem humana não pode expressar. E pensou: "Se alguém perguntar-me o que estou vivenciando, só responderei que é neti neti!"
Da mesma forma, quando perguntavam a Sidarta Gautama, O Buda, sobre Deus, ele ficava em silêncio. Ela sabia que o ser humano não tinha noção exata nem sobre sua própria consciência, quanto mais da consciência cósmica do TODO. Ele sabia que não havia condições do ser relativo descrever o ABSOLUTO. Por isso ele não respondia, era neti neti.
Inclusive, alguns missionários cristãos chegaram a insinuar de que o Buda era ateu, justamente porque ele se recusava a exprimir em palavras o infinito além de qualquer descrição convencional.
Engraçado. Enquanto digito essas linhas, a minha segunda filha, Maria Luz (6 anos), está tentando explicar-me sobre os novos episódios do "Dragon Ball Z" e que o Goku (personagem principal do desenho e herói da série) vai pegar o Friza (vilão do desenho e que sempre ressurge para aprontar) de jeito. Não entendi nada. Acho que isso é neti neti.
E mais: sei que mais tarde terei que assistir junto com ela a vários episódios de "Pokémon" e "Digimon". E entender como é que as crianças conseguem saber os nomes desses bichos e suas fases de evolução é tarefa difícil, é neti neti. Se ainda fosse "A Vaca e o Frango", "Johnny Bravo" ou o "Tom e Jerry" a tarefa seria fácil, mas encarar o Bulbassauro, o Pikachú, o Charmander, o Greymon, o Piomon e outros é tarefa muito complicada. Acho que isso é uma espécie de iniciação neti neti.
Ah, que saudade do "Zé Colméia", da "Tartaruga Touché", do "Nacional Kid" e do "Robô Gigante"...