Não era só um vestido...
por Rubia A. Dantés em EspiritualidadeAtualizado em 20/05/2010 16:52:38
Como em tantas outras vezes em que arrumei meu armário, novamente me deparei com algumas peças que não usei desde a última vez, mas que também não tive coragem de me desfazer delas. Poucas peças... mas o suficiente para ocuparem o lugar de outras que poderiam estar sendo usadas...
Peguei um vestido que adorava e que nem me serve mais... e pensei no motivo de estar tão apegada a ele... por que tantas vezes tentei retirá-lo e tornava a guardar na esperança de um dia voltar a usar.
Até que uma noite... depois de muito Ho’oponopono, senti que liberei algo muito profundo.... e essa liberação me fez perceber claramente que... aquele vestido e aquelas outras peças das quais não conseguia me desfazer... representavam algo mais... Me lembro que adorava usá-lo e me veio nitidamente uma ocasião especial em que o coloquei e onde me senti muito bem comigo mesma.... uma época de muita esperança... e aquele vestido me caía tão bem e eu me sentia tão feliz como se ele me completasse... como se fosse parte de mim.
Sabe aquela roupa que você mais gosta e sente que te veste melhor? Pois era assim com ele.
Mas... no dia seguinte, de manhã, quando de novo o vi e já ia guardar para mais uma temporada no armário, sem uso... uma ficha caiu inesperadamente...
Entendi que o guardava porque, de alguma forma, não acreditava que poderia encontrar outra roupa que me caísse tão bem como aquela... em que me sentisse tão bem como me sentia com ele... outra roupa... outra situação...
Aquilo bateu tanto para mim que na mesma hora me desfiz dele e das outras peças que guardava, me desfiz com todo amor... porque tinha certeza que agora poderia abrir espaço para outra roupa... que poderia me fazer sentir ainda melhor.
Entendi que para mim... aquele vestido tinha a ver com algo muito bom que vivi no passado... e que de alguma forma, por memórias equivocadas, não acreditava que poderia viver no presente... Mas depois da liberação do Ho’oponopono, foi com surpresa e alegria que me vi colocando ele e outras peças em uma sacola, sem nenhuma dúvida e com todo amor... porque, dentro de mim, sei que preciso deixar o espaço vazio para que o novo possa chegar com a força que só no presente podemos acessar...
Entendi claramente que meu apego e dificuldade de liberar não era só ao vestido... mas às coisas que ele me remetia... que foram muito boas quando foram vividas plenamente no presente...
Tentar segurar o que passou, por não acreditar que a vida tem sempre muito mais a nos oferecer, é o papel das nossas memórias... mas não é nosso...
Como seres de Luz e plenos de possibilidades... quando deixamos ir o passado e nos arriscamos a mergulhar, sem garantias no presente... encontraremos muito mais do que só lembranças guardadas em um armário ou revividas na memória... encontraremos a plena liberdade e a possibilidade de acessar o nunca imaginado...
Foi com grande alívio e alegria que me vi abrindo mão de muitas coisas... sem nenhum apego e sem esperar que um dia surgisse uma oportunidade onde eu poderia usá-las. Ao perceber que, quando confiamos no presente... sempre podemos receber todas as bênçãos, entendi que não preciso garantir nada que já passou só porque foi muito bom... ou muito bonito...
Aquele vestido que guardei por tanto tempo, que resistiu a tantas arrumações no meu armário... não era só um vestido...
Agora é só um vestido...