Não se lamente...
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 08/04/2020 11:34:53
(O Espírito é Gaivota de Luz)
Não se lamente...
O que passou, passou.
O importante é a lição que fica.
O que vale é o Amor!
Porque, dentro do coração, o tempo não existe.
E o que se vê é uma Luz... e Ela é imperecível.
Porque é a essência espiritual, que não nasce nem morre...
Só entra e sai dos corpos perecíveis.
Sim, a consciência espiritual é imortal.
Que arma do mundo transitório poderia ferir o espírito?
Não, o fogo não pode queimá-lo, e nem a água pode molhá-lo.
O corpo pode cair e se desfazer no seio da terra...
Mas a entidade espiritual é pura Luz e é eterna.
Por isso, não se lamente...
Nenhuma tumba pode conter o Ser real, que é do Céu.
Se o corpo desce de volta à terra, o espírito ascende às estrelas.
O seu lugar não é embaixo de sete palmos de terra.
Nada disso. O seu lugar é lá em cima, no zimbório celeste.
Não se lamente...
Porque a vida segue... Como sempre.
Encontros e desencontros acontecem.
Chegadas e partidas também.
E tudo isso faz parte do jogo de viver.
O espírito jamais perece, só entra e sai dos corpos...
E segue em frente... Sempre aprendendo.
Ah, chega de choro e de dor!
Limpe o seu coração do luto e resgate sua Luz.
O que passou, passou.
Não há dia de finados para a consciência imperecível.
Todo dia é chance de recomeço, para aprender e crescer.
Na Terra, ou no Astral, não se lamente...
Porque a Vida é infinita, e viver é mais do que imaginamos.
Os cinco sentidos do corpo não conseguem captar outros planos.
A medida do universo não é a medida dos sentidos do homem.
E viver não se resume a apenas comer, beber, dormir e copular.
Não, viver é muito mais. Também é pensar, amar, rir e crescer.
E, quando o coração do homem é tocado pelo Alto, torna-se um sol.
Então, ele sente a presença de um Grande Amor em tudo.
Não se lamente...
Porque o que se sente na Luz do coração é algo grandioso...
É o mesmo Amor que viaja no coração de cada Ser.
É a mesma Luz que está em todos os planos de manifestação.
E quem sente esse Amor, sabe que há vida em tudo.
Não, não há dia de finados para quem sente a vida pulsando...
Mas certamente haverá um fim para a dor de uma perda.
Ah, não se lamente...
Porque as estrelas brilham lá em cima...
E elas nada têm a ver com luto e túmulos cinzentos.
Como falar de visitar os mortos, se nada morre?
Que sentimento estranho é esse, que faz o homem olhar para baixo?
Que o faz olhar para a tumba, e não para o Céu?
Que só fala de sete palmos abaixo, dentro da terra escura?
E que não percebe que há outros planos de manifestação, algures?...
Sim, planos que não são percebidos com os olhos físicos, mas só na Luz do coração.
Não se lamente...
Olhe para o Céu, pois tem festa lá em cima também.
E é festa cheia de vida, onde os espíritos dançam na Luz.
Eles não morreram. São imperecíveis, naturalmente.
Já existiam antes do corpo ser formado, e continuam existindo além...
Ah, eles não nascem nem morrem.
Só entram e saem... E seguem sempre vivos.
Então, não se lamente... Não se lamente... Não se lamente...
P.S.:
Ninguém morre.
O espírito é gaivota de luz.
Voa além da linha do horizonte...
Segue as correntes energéticas sutis.
Sim, sempre vivo.
Como deve ser.
Na Luz.
(Dedicado ao nosso amigo Marcos Gonçalves, da Sociedade Espírita Ramatís, que recentemente foi morar "do lado de lá", e agora anda vestido de luz por entre as estrelas, conversando e rindo com seus pares espirituais.)
Paz e Luz.
- Wagner Borges - pequena folha espiritualista viajando ao sabor do Vento do Espírito Supremo...
Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2009.
- Nota:
* Sob forte emoção, li esses escritos para os 400 participantes do VIII Seminário Ramatís, realizado no auditório da SER - Sociedade Espírita Ramatis - link -, no Rio de Janeiro. Nem precisa dizer dos sentimentos que transbordam do coração numa hora dessas. E só quem faz algo assim é que sabe o que se passa dentro de si mesmo.
O lance começou enquanto eu aguardava o horário de minha palestra. Bem ali, no saguão de entrada do lugar, surgiu um dos espíritos amparadores da Sociedade Ramatis. E ele me pediu que eu escrevesse algo sobre a imortalidade da consciência, especialmente para o evento em curso. Então, fiz esses escritos ali mesmo, de improviso. E depois, bem no início de minha palestra, li o mesmo para o público presente.
Posteriormente, enquanto eu passava esses escritos a limpo, fui novamente tomado de forte emoção. Senti a mesma atmosfera espiritual que me levou à consecução desse texto. E eu sei bem da responsabilidade de escrever algo assim. Como também sei que não sou causa de nada, mas apenas um servidor da Luz. Sei bem do meu pequeno papel no imenso concerto da Vida Universal. E só o Alto é que sabe o que me move a falar sobre os temas espirituais e a assumir claramente a condição de espiritualista consciente, sem jamais escamotear ou negar aquilo que percebo em outros níveis de consciência.
Aproveito a oportunidade para agradecer aos meus amigos da Sociedade Espírita Ramatis, que sempre me recebem muito bem. Fico honrado por participar anualmente dos seminários realizados na casa. E também agradeço aos mentores espirituais do lugar, que sempre me passam toques conscienciais bem legais.
Obs.: Finalizando esses escritos, deixo na sequência dois textos inspirados de Sry Aurobindo, cheio daquela sabedoria perene que um dia iluminou os rishis (sábios) das terras quentes do Ganges e deu vida aos Upanishads.
Acho que o Marcos, lá em cima, gostará de ler isso. E, talvez, até procure o sábio Aurobindo para um papo. E, então, eles conversarão sobre essas coisas do espírito, de coração a coração, como deve ser. E, quem sabe, uma luz rosa, cheia de amor, flua do Alto sobre eles e, depois, para os corações dos familiares do Marcos, e também para todos os trabalhadores da Sociedade Espírita Ramatis...
Oxalá isso aconteça, e essas luzes do Alto iluminem o coração da nossa amiga Cléia Gonçalves, mãe do Marcos e presidente da Sociedade Espírita Ramatis.
Bom, vamos aos textos do inspirado Sry Aurobindo.É ISTO O FIM?
- Por Sry Aurobindo -
É isto o fim de tudo o que fomos,
E tudo o que fizemos ou sonhamos?
Um nome não lembrado e uma forma desfeita.
É isto o fim?
Um corpo apodrecendo sob a laje de pedra
Ou transformado em cinza pelo fogo.
Uma mente dissolvida, perdidos seus esquecidos pensamentos.
É isto o fim?
Nossas poucas horas que foram e não mais são,
Nossas paixões outrora tão elevadas,
Sendo zombadas pela terra tranqüila e a calma luz do sol.
É isto o fim?
Nossos anseios de elevação humana em direção a Deus
Passando para outros corações
Iludidos enquanto o mundo sorri para a morte e o inferno.
É isto o fim?
Caída está a harpa, ela jaz despedaçada e muda;
Está morto o invisível tocador?
Por que a árvore tombou onde o pássaro cantava,
Deve o canto também emudecer?
Aquele que na mente planejou e desejou e pensou,
Trabalhou para reformar o destino da Terra,
Aquele que no coração amou e suspirou e esperou,
Também chega ele ao fim?
O imortal no mortal é seu Nome;
Aqui uma divindade artista
Em formas mais divinas, sempre se remodela,
Sem vontade de cessar.
Até que tudo seja feito, para o que as estrelas foram criadas,
Até que o coração descubra Deus
E a alma se conheça. E mesmo então
Não há nenhum fim.
(Texto extraído do maravilhoso livro "Sabedoria de Sri Aurobindo" - Editora Shakti).
A SABEDORIA DE SRY AUROBINDO
- Por Sry Aurobindo* -
...Levanta teus olhos em direção ao Sol.
Ele está lá nesse maravilhoso coração de vida e luz e esplendor.
Observa, à noite, as inúmeras constelações cintilando como outras tantas fogueiras solenes do Eterno no silêncio ilimitado, que não é nenhum vazio, mas pulsa com a presença de uma única existência calma e tremenda.
Olha lá Órion, com sua espada e cinto brilhando, como brilhou aos antepassados Arianos a dez mil anos atrás, no começo da era Ariana; Sírius no seu esplendor, e Lyra percorrendo bilhões de milhas no oceano do espaço.
Lembra-te que estes mundos inumeráveis, a maior parte deles mais poderosos que o nosso próprio, estão girando com velocidade indescritível ao aceno desse Ancião dos Dias, a quem ninguém, exceto Ele, conhece e, contudo, são milhões de vezes mais antigos que teu Himalaia, mais firme que as raízes de tuas colinas e assim permanecerão até que Ele, à sua mercê, sacuda-os como folhas murchas da eterna árvore do Universo.
Imagina a perpetuidade do Tempo, considera a incomensurabilidade do Espaço; e, então, lembra-te que, quando estes mundos ainda não existiam, Ele era ainda o Mesmo.
Observa que, além de Lyra, Ele está, e, no longínquo Espaço, onde as estrelas do Cruzeiro do Sul não podem ser vistas, ainda assim Ele lá está.
E, então, volta à Terra e considera quem é este Ele.
Ele está bem perto de ti.
Repara naquele homem idoso que passa perto de ti, abatido e curvado, apoiado em seu bastão. Imaginas tu que é Deus quem está passando?
Há uma criança rindo e correndo ao sol. Podes tu ouvi-Lo nesse riso?
Não, Ele está ainda mais próximo de ti. Ele está em ti, Ele é tu mesmo.
És tu que ardes lá longe, há milhares de milhas de distância, nas infinitas extensões do Espaço, és tu que caminhas com passos confiantes sobre os turbulentos vagalhões do mar etéreo.
És tu que colocaste as estrelas em seus lugares e teceste o colar de sóis, não com mãos, mas por este Yoga, esta Vontade silenciosa, impessoal e inativa, que te colocou hoje aqui, ouvindo a ti mesmo em mim.
Olha para cima, oh filho do Yoga antigo, e não sejas mais medroso e céptico; não temas, não duvides, não lamentes, porque, em teu aparente corpo, está Aquele que pode criar e destruir mundos com um sopro.
(Texto extraído do maravilhoso livro "Sabedoria de Sry Aurobindo" - Editora Shakti.)
- Nota:
* Sry Aurobindo - Aurobindo Ghose - Índia, 1872-1950 - foi um dos maiores mestres da Índia. O seu trabalho tornou-se conhecido como "O Yoga Integral", porque, como ele dizia, "Toda vida é Yoga!" - Para mais detalhes sobre os seus escritos inspirados, ver o excelente livro "Sabedoria de Sry Aurobindo" - Editora Shakti, e o site da Casa Aurobindo no Brasil: link