No fogo do espírito - face a face com o invisível
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 03/09/2009 16:15:28
Face a face com o invisível, todo homem chora.
Diante do olho onipresente do Todo, não há sombras.
O iniciado espiritual sabe disso. A dor o ensinou, por muitas vezes.
Quando o seu ego era grande, tempestades corretivas o açoitaram.
Maat*, com grande generosidade, curvou seus joelhos no sal e no sangue.
E ele chorou nas areias quentes do antigo Egito, sem que os deuses o ouvissem.
No cadinho da experiência, sua arrogância foi solvida no fogo do espírito.
E, na grande hora de sua ascese, a ( Ísis – a Grande Mãe na cosmogonia egípcia antiga, esposa de Osíris e Mãe de Hórus. A madrinha dos iniciados aos grandes arcanos. ) Mãe Ísis(*) o guiou pelos túneis escuros.
Ela trouxe acesa a tocha do amor e sorriu para ele, enchendo-o de graça.
Depois, na presença dos ( Hierofantes - dentro das tradições herméticas de outrora, eram o mestres que testavam os neófitos – calouros – nos processos iniciáticos. ) hierofantes(*), ele aprendeu a servir à Luz.
Ali, ele abriu seu coração e chorou, mais uma vez, renascido em si mesmo.
Mas suas lágrimas eram libertárias. Eram lágrimas de agradecimento.
Sim, todo homem chora diante do olho da verdade. E seu orgulho se cala!
* * *
Em muitos vôos para fora de seu corpo físico, ele viu verdades e foi testado.
Enquanto seu corpo repousava, em espírito ele era iniciado nos templos sutis.
Ele viu muitas sombras, dentro e fora de si mesmo. Mas trabalhou firme!
Em silêncio, ele orava e se fiava na Luz. Ele se lembrava da graça de Ísis.
Só de pensar na Grande Mãe, seu coração se enternecia. Ela era o seu sol!
Ele aprendeu a seguir os ditames do Alto e seguiu em frente, pela Luz...
Às portas do infinito, em seu próprio coração, ele dissolveu-se num lindo amor.
Ele não era mais seu, era da Luz! E em sua fronte brilhava uma estrela espiritual.
Admirado, ele agradeceu, mais uma vez, à Mãe Ísis, pelo presente brilhante.
Ele sabia que, por onde fosse, a estrela o guiaria e protegeria.
* * *
Sim, todo homem chora diante do olho espiritual. Tudo se revela na Luz!
Mas o iniciado espiritual sabe algo que o vulgo desconhece: é choro libertário.
Ele sabe que o egoísmo e o orgulho levam aos caminhos da dor.
Por isso, segue firme na trilha espiritual que escolheu servir, sem se desviar.
Em sua bagagem consciencial, ele carrega o discernimento e a simplicidade.
Em seu coração, a tocha do amor, acesa pela Mãe Ísis.
Em sua fronte, uma linda estrela.
Por onde ele for, ela o guiará, como deve ser.
P.S.:
Alguns escritos, lidos no momento certo, são capazes de verter o sublime.
Então, na caverna secreta do coração, algo acontece. Algo sutil. Algo lindo.
É leve como a pluma de Maat e doce como a graça da Mãe Ísis.
É como um toque da Luz no silêncio. Faz lembrar alguma coisa boa.
Faz o espírito fremir na sintonia do Eterno, além das palavras.
Faz sentir que há outros sentindo as mesmas coisas, por esse mundão de Deus...
Faz sentir ligações invisíveis, forjadas no fogo do espírito, além do vulgo.
E quem de fora poderá compreender isso?
Dentro de si mesmo, há uma certeza brilhando: há algo a mais em cada ser.
Viver é mais do que só respirar, comer, beber, dormir, copular e, um dia, morrer.
Quando o véu das ilusões é erguido, o que se vê é o infinito imanente...
Face a face com o olho da verdade, o invisível se revela e a consciência desperta.
E quem passará incólume diante desse fogo da transformação,
Quando todo homem chora, ao ver o divino em si mesmo?
Quem compreende isso, o compreende.
Parafraseando os mestres da velha Índia, também exclamo, de coração:
“Levante-se e não se detenha mais, até alcançar a meta!”
(Caros leitores, agora, ao apagar das luzes desses escritos, eu entro em meu coração, e vejo vocês, desconhecidos e, ao mesmo tempo, tão conhecidos, de alguma maneira que só Deus sabe. E fico contente por isso. Com este colóquio sutil, humano e espiritual, por entre os planos e dimensões, feito do fogo do espírito e sob a ação da Luz e os auspícios do Alto).
- Esses escritos são dedicados a todas as pessoas que batalham por climas melhores na existência, de todos os lugares, que, mesmo com dificuldades, ainda “respiram e aspiram” os valores de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Essas pessoas da Luz, que sabem que a grande iniciação é fazer o bem sem olhar a quem. Elas sabem que o templo real é no próprio coração.
A elas, em espírito e verdade, as bênçãos do Grande Arquiteto Do Universo.
Paz e Luz.
Wagner Borges – sujeito com qualidades e defeitos, 46 anos de “encadernação”, discípulo de nada e mestre de coisa alguma, eterno neófito do Todo, a quem agradece, por tudo.
- Notas:
* Maat – a deusa da justiça na cosmogonia egípcia antiga. Obs.: Para maiores detalhes sobre Maat, favor ver esses dois textos: “Maat” e “Olhos de Maat” -, postados no site do IPPB, nos seguintes endereços específicos: 1 e 2.
Nas próximas semanas confira a seqüência de dois textos que apresentam fortes correspondências com esses escritos de hoje e que, lidos em conjunto, poderão enriquecer a compreensão das idéias aqui expostas.