O caminho para a serenidade
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 28/10/2002 11:33:19
O sofrimento é algo tão inerente à vida humana quanto a felicidade. Entretanto, agarramo-nos às experiências agradáveis guardadas em nossas lembranças, portanto ao passado, buscando a reafirmação constante de que seremos capazes de perpetuar a gratificação do prazer.
Quando alguém passa por uma situação dolorosa, como poderá reparar a desordem psicológica que sobrevém? O primeiro passo é reconhecer o sofrimento, não tentar fugir ou fazer de conta que ele não existe. Mas reconhecê-lo não significa nos tornarmos escravos dele.
Por mais incrível que possa parecer, para muitas pessoas o sofrimento passa a ser uma forma de obter amor e atenção. E por isso, elas se recusam a sair da posição de sofredoras, pois temem perder aquilo que conquistaram.
Enfim, são muitos os mecanismos inconscientes que se desenvolvem nesse processo. Temos receio de admitir nossas fraquezas e quando isso acontece, o ego se desenvolve em desequilíbrio, ou seja, procurando perceber apenas aquilo que considera adequado, e as pessoas só enxergam o que desejam ver.
Conhecer esses mecanismos que atuam em nossa vida, trazê-los à luz, é a única forma de nos libertarmos de sua influência, pois enquanto eles permanecem no inconsciente, tornam-se uma força energética muito poderosa.
O psiquiatra e psicanalista suíço Carl Gustav Jung, relata em uma de suas obras, a carta recebida de uma antiga paciente, descrevendo de um modo simples, mas acertado, a transformação necessária. Diz ela:
“Do mal, muito me veio de bem. Conservar a calma, nada reprimir, permanecendo atenta e aceitando a realidade – tomando as coisas como são, e não como eu queria que fossem - tudo isso me trouxe um saber e poder singulares, como nunca havia imaginado. Sempre pensara que, ao aceitar as coisas, elas me dominariam de um modo ou de outro; mas não foi assim, pois só aceitando as coisas poderemos assumir uma atitude perante elas. Agora jogarei o jogo da vida, aceitando aquilo que me trazem o dia e a vida, o bem e o mal, o sol e a sombra, que mudam constantemente. Desta forma, estarei aceitando meu próprio ser, com seu lado positivo e seu lado negativo. Tudo se tornará mais vivo. Como fui tola! Eu pretendia forçar todas as coisas, segundo minhas idéias”.
Muita energia e empenho são despendidos pela maioria das pessoas para resolver seus problemas materiais. Porém, quando se trata de solucionar os males da alma, mostram-se pouco dispostos a lutar para alcançar o tão sonhado equilíbrio. Mas ele só virá se houver uma vontade firme, muita disciplina e um grande desejo interior de alcançar a serenidade.
Aqueles que possuem o privilégio de poder acessar toda a sabedoria, hoje plenamente disponível para ajudar o ser humano em seu autoconhecimento, não devem deixar escapar esta valiosa oportunidade. O resultado, com certeza, superará todo o esforço.