O Encontro - Quem Ajuda
por Wilson Francisco em EspiritualidadeAtualizado em 12/03/2004 16:02:54
O processo de auxiliar o próximo se constitui num artesanato psíquico, quando é realizado com o coração. Pode se tornar uma viagem singular entre dois universos, entrelaçando duas ou mais almas e promovendo articulações que se perdem na noite dos tempos. Ivone Pereira, médium que psicografou vários livros e deixou duas obras primas que servem de bússola para médiuns iniciantes, ‘Devassando o Invisível’ e ‘Recordações da Mediunidade’, conta que ao realizar desdobramento espiritual, para tarefas de apoio, principalmente em casos de obsessão, contava sempre com a companhia amiga e protetora de vários espíritos, de aparência simples, mas dedicados, servis mesmo. Estes Espíritos, diz ela, foram na vida terrena pobres andarilhos que sua mãe recolhia e alimentava. Ela, Ivone, era ainda menina e sua mãe fazia com que ela a acompanhasse e a auxiliasse em dar comida aos pobres. Muito tempo depois, eles apareceram, se apresentaram e ficavam por ali, junto dela, prontos para servir e proteger.
Roberto Crema, da Unipaz diz que “ELE” (a criatura que está sendo ajudada) é um pedacinho de nós. E Freud, com sabedoria elucida que, “O outro é o espelho de você”, porque na verdade no ato de ajudar não se sabe com exatidão quem realmente é o ajudado.
Guillaume Apollinaire, em seu poema: “Ter Coragem”, nos orienta sobre como podemos realizar o apoio com sabedoria. Diz ele:
Cheguem até a borda, disse ele. Eles responderam: Temos medo
Cheguem até a borda, repetiu. Eles chegaram.
Ele os empurrou... e eles voaram.
É uma lição maravilhosa, esta. A águia realiza este evento, quando toma seu filhote pelo bico e vai até o mais alto penhasco. E lá, com carinho, solta seu filho querido para o primeiro vôo. Será que esta mãe não se aflige com esta missão? Por certo. Mas ela age sem temor, utiliza seu coração e coragem, com a certeza de que ele voará. E ele voa.
No entanto, o ato de ajudar demanda também qualidade e inteligência.
QUALIDADE DO AJUDAR
Henrique, um menino de seis anos, filho da Anita, amiga minha de Itapeva, enquanto esteve na Terra, realizava atitudes de rara inteligência e amor. Costumava recolher mendigos, trazendo-os para sua casa, para almoçar ou jantar. Um dia trouxe um menino... Todos sentaram à mesa, sem constrangimento. Era costume da família, amparar os pobres. Anita, matriarcal, fazia o prato de todos, escolhendo as partes do frango de acordo com o gosto de cada um. O peito para este. A asa para aquele outro e assim foi fazendo, até que chegou a vez do menino pobre. Ela pegou um pedaço qualquer da panela e colocou no seu prato. Henrique se levantou e recriminou à mãe por aquela atitude, dizendo: mamãe, você não perguntou que pedaço do frango ele gosta.
Sobre isso, a Maria minha esposa teve uma informação interessante que ela ouviu de Espíritos amigos. Eles recomendavam que ao realizar a doação de roupas, estas deveriam ser lavadas, costuradas e passadas. Assim, a criatura recebe o auxilio e também a energia do Bem que desejamos transmitir para ela.
Herminio Miranda, no seu livro ‘Carismas da Mediunidade’ informa sobre uma mulher que fazia enxovais de bebê e os dava para as mães pobres. Mas ela era diferente. Ao invés de fazer muitos e com peças usadas, ela preferia fazer um, com roupas novas, engomadas e perfumadas.
Um dia ela doou um enxoval destes para uma senhora, cujo marido era alcoólatra. Desempregado há tempo, o homem se deixou levar pela mágoa e acabou se rendendo ao vicio da bebida. Ao chegar em casa, sua mulher mostrou o enxoval. O impacto foi grande, pois sua filhinha fora presenteada por um enxoval novo. Afinal, dizia ele chorando, existe gente boa nesta Terra. E recobrando forças, saiu no dia seguinte com muita coragem e fé em Deus para procurar trabalho, sem nada beber. Tinha se regenerado.
COMO AJUDAR
Segundo Paulo de Tarso, ainda que eu fale a língua dos Anjos, se eu não TIVER CARIDADE, nada serei. Veja o destaque. Ter caridade é diferente de fazer caridade. Há uma diferença grande entre uma coisa e outra. Fazer caridade pode ser uma atitude social; uma ação que realizamos para nossa evolução espiritual; ou ainda uma tarefa prescrita para curar situação de aflição ou processos obsessivos. Mas ter caridade, significa estar e ser do Bem. Ter dentro de si o impulso de amar e apoiar a criatura, sem restrições.
O CAMINHO
Exercitar os olhos: para ver o doente e a dor;
exercitar o coração: para sentir;
exercitar as mãos: para saber tocar com carinho;
exercitar os ouvidos: para ouvir, aceitar, integrar e restaurar.
As idéias sobrevivem quando há pessoas cujas próprias vidas sejam a mensagem. (Erich Fromm)
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