O Nascimento de uma Flor
por Rubia A. Dantés em EspiritualidadeAtualizado em 19/11/2001 19:12:27
Uma libélula voava distraída sobre o pequeno riacho que rodeava a floresta de carvalhos muito antigos quando se assustou com o coaxar alto de um sapo.
- O que foi isso sapo... porque você faz tanto barulho assim?
- Você precisa chamar tanta atenção?
O sapo muito indignado com o atrevimento daquele pequeno inseto respondeu:
- Quem é você que voa translúcida e bela com essas asas transparentes para saber o que se passa no coração de um sapo que é considerado pela história o lado feio do príncipe?
Esse coaxar é um lamento triste e que vem do mais profundo da minha alma.
Eu amo a princesa mesmo sem esperança de um dia poder me casar com ela assim como sou - porque, só depois que viro príncipe é que ela se apaixona por mim.
Pode entender porque faço esse barulho?
A libélula ficou tocada pelo sentimento sincero do sapo e ficou pensando em uma solução que poderia resolver aquele dilema.
Mas, por mais que tentasse não encontrava uma saída que agradasse a todos..
- Que princesa se apaixonaria por um sapo? O mais que elas sentiam por ele, enquanto sapo, era um amor fraterno, mas, nunca uma paixão ...
E foi com uma mistura de carinho e de pena que a libélula seguiu o seu caminho deixando o sapo naquela tristeza que dava dó.
Mas, o sapo não saia da cabeça da libélula ...
Como era injusto esse mundo dos contos de fada com o coitado do sapo - Pensava a libélula inconformada...
Foi então que ela se lembrou que o sapo da história era um príncipe que por uma magia virou sapo...
Não era todo sapo que virava príncipe e nem era todo príncipe que virava sapo...
Então, porque o sapo estava se queixando disso? Será que ele era um sapo príncipe?
E cheia de questionamentos a libélula voltou para perto do riacho a procura do sapo...
Ma ele não estava mais lá... tinha desaparecido...
No seu lugar uma linda flor branca pulsava iluminando todo o vale de carvalhos muito altos e muito antigos... tão antigos...
A libélula sem entender olhou mais uma vez ao redor e meio timidamente resolveu se dirigir àquela flor tão majestosa.
- Senhora flor, me desculpe a ousadia de importunar tão iluminado ser, mas, é que procuro o meu amigo sapo que estava aqui ainda a pouco..
- A senhora por acaso não o viu por aí?
Fez-se um silêncio que pareceu uma eternidade à libélula...
E a flor finalmente respondeu:
- Não existe sapo... não existe príncipe....
O que existe é a delicadeza do nascimento de uma flor que só acontece no exato momento em que o sapo e o príncipe se encontram.
A libélula que já não estava entendendo nada ficou ainda mais desconcertada...
- Que coisa mais sem nexo!
- Quem busca nexo em todas as coisas só vive as coisas com nexo... e o que só tem nexo pode ser muito bem explicadinho, mas, também muito chatinho. Falou a Flor
Na magia invisível do encontro... As flores brancas do inusitado se manifestam no lago azul e profundo...
E quem assiste a esse Dom quer só o silêncio da falta de explicação...