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O Oceano da vida

por WebMaster em Espiritualidade
Atualizado em 07/04/2020 15:00:59


Em 2002 produzimos uma série de textos semanais abordando os 17 capítulos do livro de Eva Pierrakos: "O Caminho da Autotransformação", contendo meditações, exercícios, comentários e que acabou rendendo também um boletim especial:
Queremos brindar agora os usuários do STUM com uma pérola, uma obra da Luz, o primeiro texto da longa série - 258 capítulos em 21 anos - das "Lições do Guia" que se encontram disponíveis gratuitamente em inglês no site: link e dos quais os 17 do livro de Eva foram extraídos. O texto foi traduzido (não havia este texto disponível em nosso idioma) com muita dedicação e competência pela colaboradora do Clube Maria Cristina Fraga Tanajura, cujo último suave texto está hoje na Homepage. Boa leitura!




Palestra No. 1 do Guia - canalizado por Eva Pierrakos - 11 de março de 1957
O OCEANO DA VIDA

Saudações. Eu lhes trago as bênçãos de Deus, meu queridos.

Diante da perspectiva maior do espírito, a vida humana se assemelha a um barco, no oceano maior da vida. Frequentemente vocês têm essa experiência, em sonhos. Esta simbologia retrata vários aspectos da vida: o mar pode estar tempestuoso, o céu cinzento, e logo depois o sol pode voltar a brilhar e as águas tornarem-se calmas, até que uma nova tempestade ocorra. E assim vai acontecendo, até que a viagem chegue ao seu destino. O fim da viagem é a terra firme, o mundo espiritual, seu lar verdadeiro. Logo, tudo depende de quão bem você consegue direcionar sua vida.

Uma pessoa é um capitão treinado, experiente, habilidoso e não tem medo do perigo; dirige seu pequeno barco bem, enfrentando os elementos, e durante os períodos de calmaria, procura se fortalecer para enfrentar a próxima tempestade. Uma outra pessoa fica nervosa e perde seu controle interior quando a tempestade está acontecendo. Uma outra, ainda, está com tanto medo, que nem sequer dirige o seu barco, mas o deixa à deriva, na tempestade da vida - e por isso, nada ganha. Você está consciente, naturalmente, de que os distúrbios atmosféricos, os temporais, os furacões, as nuvens que se avolumam, são testes que a vida lhe traz. Os seres humanos que já tiveram alguma educação espiritual e são mais sensíveis podem usar suas intuições para reconhecer onde seu pequeno barco está, num dado momento. Eu gostaria de falar sobre os testes. Não há um grupo de pessoas, seja ele uma família, ou uma comunidade, onde pelo menos uma pessoa, que esteja ainda muito no início de seu processo evolutivo, não se transforme num joguete das forças das trevas. Isto não significa que ele ou ela seja uma pessoa má. Não, é suficiente que essas pessoas não aceitem a veracidade de certas leis espirituais em suas vidas, que não as apliquem a elas mesmas, ou que, a despeito de terem boas qualidades, não cultivem a honestidade consigo próprias. Basta isso para que se transformem em joguetes das forças das trevas. O mundo das trevas se abastece dessas correntes, da falta de autodisciplina à autoconsciência, de todas as forças que se manifestam quando o ser humano não segue a lei divina.
O material espiritual se assemelha a cordões finos como raios - neste caso, de uma cor e textura sombrias - que se embaralham, dão nós e se embaraçam, até formarem um novelo de confusão que só pode ser desembaraçado com a maior dificuldade. No entanto, não é apenas esta única pessoa que fornece o material para as confusões, mas todas as outras envolvidas no grupo contribuem com sua parcela, constituída de seus próprios erros e fraquezas, naquelas áreas em que violam a lei espiritual. Assim, maior quantidade do mesmo tipo de fio é embaraçada, até que a verdade não é mais percebida - pelo menos, não facilmente - mesmo por aqueles que já possuem uma visão mais acurada, e conhecê-la vai exigir muito esforço.

Para uma pessoa que se esforça para ter uma maior consciência espiritual, é sempre muito difícil saber como se comportar quando esses testes chegam, pois as forças das trevas sabem muito bem como fazer uma mentira parecer verdade, uma verdade parecer mentira, o bem parecer o mal, o mal parecer o bem. Assim, o ser humano fica confuso - mesmo aquele que deseja tanto estar na verdade. Ele deixa de saber como agir da forma correta. Geralmente suas próprias correntes internas doentias, das quais não tem consciência, contribuem, não apenas para escurecer a situação por mais tempo, mas também para evitar que ele a perceba com clareza, sabendo como lidar com ela.

Para afastar as nuvens escuras e poder ver a verdade, é importante que cada um aprenda a estar consciente da espiritualidade e, de acordo com seu nível, a empreender seu desenvolvimento espiritual até o limite máximo de sua capacidade. Se não for assim, também vocês, de uma forma diferente, novamente de forma inconsciente, se transformarão em joguetes das forças das trevas, seus barcos serão atiçados para lá e para cá, e vocês não serão mais capazes de comandá-los de jeito algum. De qualquer forma, vocês não podem, na tentativa de enxergar a verdade e perceber o âmago do problema, afastar as nuvens carregadas, sozinhos.

Você só pode saber o que fazer, ou não, para usar sua energia a serviço do bem, quando está num caminho como este. Então pode aprender a disciplina exigida para entrar em seu silêncio interior a qualquer momento - especialmente quando as tempestades mais fortes estiverem acontecendo - e fazer contato com Deus e com seus espíritos divinos. Assim poderá abrir-se para a inspiração da verdade, observando-se com todos os seus defeitos, quebrando toda a resistência.

As leis espirituais podem e devem estar vivas em três níveis diferentes - e quanto maior for o desenvolvimento da pessoa, mais profundamente vai poder penetrar nesses níveis. Eles são: o fazer, o pensar e o sentir.

A tarefa mais difícil está no nível emocional. Este é o nível mais alto, porque, antes de tudo, muitos sentimentos são inconscientes e você precisa de trabalho, força de vontade e paciência para torná-los conscientes e, além disso, a pessoa não pode controlar seus sentimentos imediatamente e de forma tão direta, como faz com seus pensamentos ou ações. É preciso muito trabalho no nível espiritual, auto-análise e uma compreensão completa das leis espirituais, antes que as emoções possam começar a mudar.

Quanto menos desenvolvida espiritualmente uma pessoa é, mais superficial é sua compreensão e aceitação das leis espirituais. Foi por isso que Deus deu à humanidade, antes de tudo, os Dez Mandamentos. Eles têm a ver com ações. "Não se deve roubar." "Não se deve mentir", e assim por diante. Isso já era muito para a média das pessoas daquele tempo, e continua sendo assim para certos grupos de pessoas que estão encarnadas em esferas mais baixas.
O próximo estágio é controlar os próprios pensamentos. Frequentemente uma pessoa age corretamente, mas os pensamentos tomam outra direção; as pessoas agem corretamente porque compreendem que, de outra forma, entrarão em choque com o mundo lá fora, mas ainda é difícil para elas controlarem seus pensamentos, e muitas vezes desejam coisas que não estão de acordo com as leis divinas. Elas ainda não entenderam que pensamentos impuros têm uma forma e substância espiritual e por isso criam efeitos externos e reações em cadeia, mesmo que isso não seja percebido logo pela pessoa. Esta visão requer uma consciência espiritual que só chegará através de um desenvolvimento maior. Assim, Cristo trouxe-lhe uma expansão de compreensão das leis e mandamentos divinos e ensinou que se pode pecar também pelo pensamento. No seu tempo a humanidade estava começando a se tornar capaz de uma expansão de consciência, de uma percepção mais profunda. E hoje a humanidade começa a ser receptiva a uma compreensão espiritual ainda maior.

As pessoas no segundo estágio, que estão fazendo o maior esforço para trabalhar seus pensamentos e purificá-los, estão muito na frente daqueles que apenas alcançaram o estágio de obedecer às leis que controlam suas ações. Mas vocês, queridos amigos, devem aprender a atingir um nível mais profundo do que esse e trabalhar seus sentimentos reais, aqueles que permanecem muitas vezes no inconsciente, facilmente encobertos por pretextos, e que podem lhes enganar, para impedir a visão para o que realmente existe lá. Esta decepção, inevitavelmente, lhes leva a um conflito consigo mesmos e, possivelmente, também com o meio ambiente; isso é assim, mesmo se você se recusar a conhecer a origem real dos conflitos. É difícil purificar os próprios pensamentos. Portanto, ter que reconhecer que muitos de seus sentimentos ainda se desviam muito de seus pensamentos, ou intenções conscientes, é doloroso. É esse esforço extra que Deus quer que todo mundo faça. O último estágio e o mais profundo, de consciência, é, certamente, o mais difícil de ser atingido, sendo a meta que todos vocês aspiram: é a purificação real. Aqueles que trazem seus sentimentos mais escondidos para a consciência e são capazes de reconhecer que eles nem sempre correm paralelo ao que aceitaram como correto, em suas mentes, já conseguiram muito. Se você se trabalhar, continuamente, até que consiga se dominar, poderá penetrar em sua própria verdade, além de poder encontrar, em momentos de desafio, em situações difíceis, o âmago da verdade. Aí, então, pode afastar as nuvens, pode começar a desembaraçar o novelo de lã, desatando nó por nó. Apenas aqueles que corajosamente se enfrentam continuamente - e a vaidade é um enorme obstáculo a isso - podem ter uma perspectiva verdadeira de outro ser humano, ou de qualquer situação externa. Os que são cegos às suas próprias verdades possivelmente estão cegos à verdade dos outros.

Os nós e confusões são também formas espirituais reais, meus queridos. Podemos sempre observá-los em torno de cada grupo de pessoas. Todo mundo adiciona sua cota ao embaralhamento dos fios, tecidos pelas forças trevosas; e normalmente uma pessoa no grupo contribui de forma especial para aumentar o embaraço e a confusão. Mas, se há uma pessoa no grupo que segue um caminho espiritual, que se confronta de forma verdadeira, dia após dia, ela ou ele é aquele que eventualmente - eu repito, não de um dia para outro - conseguirá soltar um nó após o outro, até que nenhum reste e tudo se torne claro. Então, a pessoa fraca não será mais capaz de se enganar com o que foi muito ruim para ela e prejudicou o seu progresso. Naturalmente, a princípio ela resistirá, porque a confusão alimenta o eu inferior, que prefere o caminho de menor resistência e da vaidade, praticando o auto-engano e contribuindo para a discórdia. Mas, a longo prazo, mesmo uma pessoa fraca se sentirá liberada, à medida que as nuvens desaparecem de sua vida. Quando a verdade ilumina com sua claridade uma situação previamente obscura, não haverá mais dúvidas com respeito à atitude correta, ao que é justo, à ação correta. Todo mundo tem suficiente autoconhecimento - ou deveria lutar para chegar a este ponto - de poder perguntar a si mesmo: "O que posso fazer para contribuir para o Plano de Salvação de Deus?". Muitos têm funções que não atraem a atenção do público. Mas, serenamente, para seu próprio bem, todo mundo pode e deve começar a fazer a sua parte. Pois todos têm suas tarefas, neste plano, mesmo os mais fracos. Para eles pode ser suficiente e talvez sejam suas máximas realizações, eliminar um determinado erro, harmonizar-se com um outro ser humano com quem encarnou para este propósito, alinhar suas ações com as leis divinas, evitar ceder aos seus instintos mais baixos. De outros, se exige mais; de cada um se espera o que lhe for mais difícil, o que lhe exigir a maior perseverança; todos se purificam e desenvolvem dentro do limite de suas capacidades e níveis de força.
Para os mais desenvolvidos, este processo de purificação automaticamente leva a ter habilidade de desfazer os nós do ambiente que os cerca e a clarear situações confusas. Assim, eles realizam alguma coisa que estavam destinados a fazer e contribuem para o Plano de Salvação de Deus, no qual cada ação cooperativa conta muito. E mais adiante outras tarefas aparecerão.

Vocês, seres humanos, desejam ser felizes, todos vocês e naturalmente nós lhes entendemos. Sem esta ânsia de felicidade e perfeição da alma humana, não haveria desenvolvimento espiritual. Mas apenas alguns poucos perguntam: "O que posso dar? Como posso contribuir para o Plano de Salvação de Deus"? Vocês estão sempre pedindo alguma coisa, não necessariamente através de preces diretas para que se realize este ou aquele desejo, mas com a força de vontade, seus sentimentos, e frequentemente também através de seus pensamentos. Querem o melhor para si e ficam infelizes diante das dificuldades da vida. Será que já perguntaram a Deus, "O que posso fazer pra você?" Pois aqueles que vivem buscando sua própria felicidade como meta principal - o normalmente é o que acontece, mesmo quando não se está consciente disso - interrompem o ciclo do fluxo de energia de vida, que é a base de tudo que é espiritual. E, no instante em que o ciclo é interrompido, também está morto. Vamos supor que um desejo particular seu foi realizado. Se as coisas boas que recebeu são apenas para você mesmo, não podem continuar vivas em você e, portanto, sua felicidade será de curta duração. Só aqueles que mantém o ciclo sempre fluindo ativamente, estando sempre conscientes e inspirados pelo desejo de colocar a serviço do Plano de Salvação de Deus tudo que receberam em ajuda e graça, em felicidade e realização, em inspiração e guiança divinas, e agem e sentem de acordo com isso, serão também capazes de sustentar e manter viva sua própria felicidade.
Você pode e deveria permitir que Deus lhe guie, para que possa atingir essa meta. A pessoa que age assim é verdadeiramente um integrante da ordem divina e sua felicidade nunca diminuirá, desaparecerá, ou morrerá, mas estará sempre viva, vibrante, sempre se regenerando. E só uma pessoa que tenha esta intenção merece uma guiança especial e a ajuda divina.

Sim, meus queridos, muito poucas pessoas pensam assim. Elas se dirigem a Deus para fazer pedidos e solicitações, mas não são capazes de dar ao mundo de Deus, nada em troca, nesta batalha tão grande, crucial. Reflitam sobre isso, todos vocês. Todos que se aproximarem de Deus dessa forma podem receber mais luz e ajuda para desfazer os nós e para ter força para dirigir bem seu pequeno barco, mesmo através da tempestade, saindo dela fortalecidos e iluminados, segundo a vontade de Deus.


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