O patinho feio
por Wilson Francisco em EspiritualidadeAtualizado em 18/06/2004 11:45:06
No quintal de uma antiga mansão, entre galinhas, patos e marrecos, apareceu um patinho estranho. Era grande e muito, muito feio.
A pata pensou que poderia ser filhote de peru que se encontrava ali, perdido. Levou-o para o lago, o patinho nadou. Perus não nadam. Ficou orgulhosa e concluiu: ele não era tão feio assim. E o admirou.
Quando a mãe pata apresentou-o, todos riram e caçoaram dele. Seus irmãos o humilhavam e castigavam.
Um dia o patinho feio resolveu fugir. Voou por cima da cerca e partiu para a floresta. Andou, andou e chegou num pântano repleto de gansos selvagens.
De inicio foi ridicularizado. Depois, com pena, os gansos o aceitaram. Ele se animou, até que um dia vieram caçadores e cães e o atacaram com violência. O patinho se escondeu, temeroso. Quando tudo se acalmou, ele fugiu.
Chegou numa cabana, onde morava uma velha, uma galinha e o gato da velha. A mulher o examinou e o deixou ficar, pensando no ovo que ele poderia botar. Com o passar do tempo, ele foi maltratado e castigado, porque não botava ovos.
Ele sonhava estar num lago, nadar. E isso era estranho e sem valor para a velha, para a galinha e para o gato. Partiu, de novo.
O outono chegou, trazendo o frio e no inverno a neve tomou conta do lago onde ele vivia. O patinho feio nadava, nadava, mas acabou desmaiando e ficou preso no gelo. Por sorte, um camponês ia passando e o encontrou. Quebrou o gelo e o levou para casa.
Reanimado, fugiu novamente, escapando das mãos buliçosas dos meninos que queriam brincar com ele.
Chegou a primavera e ele recebeu com alegria os primeiros raios de sol. Abriu as asas: estavam fortes e ele já podia voar para bem longe.
Foi para bem longe e de repente chegou num lago imenso, onde nadavam magníficos pássaros brancos.
Resolveu aproximar-se com algum receio de ser bicado. Algo, uma estranha afinidade, uma força o impulsionava para eles.
Que surpresa! Eram cisnes lindíssimos.
Foi recebido com alegria. Sem entender direito a nova situação, ele abaixa a cabeça, olha para o lago e vê o seu reflexo nas águas. Ele é um cisne... “Eu sou um cisne”!
Na beirada do lago, as crianças estavam felizes. E diziam cantantes: “Veja que lindo, um novo cisne chegou”.
Interpretação
A história do Patinho Feio pode ser considerada a trajetória de todos nós. O mistério do nascimento e crescimento. Somos criados para sermos iguais.
Quem busca criatividade e desenvolvimento espiritual paga o ônus de ser diferente.
O exercício de ser diferente exige coragem e tem um preço.
Quem busca deve percorrer um caminho simbólico ou físico. E deve estar disposto a aprender as experiências do caminhar.
Observemos alguns detalhes interessantes da experiência do Patinho Feio:
Ele poderia viver humilhado e castigado, entre os patos, aceitando aquela situação;
aceitar a aventura de uma vida de sobressaltos e perigos entre os gansos selvagens;
A galinha, o gato e a velha poderiam ter tratado ele como um virtuoso, um rei. E o patinho feio não teria encontrado seu espaço e sua gente.
Como se vê, o caminho dele estava traçado e cada um dos personagens esteve a postos para ensinar o patinho. Ele de nada sabia. Mas seguiu sua busca. Teve coragem. Abandonou a aventura, a comodidade, a incerteza e a submissão.
E só depois de muita luta e aprendizado encontra sua gente, sua verdadeira identidade.
Ao encontrar os cisnes, sente um amor intenso brotar no seu coração. Sabe que ali é o seu lugar. Com humildade volta seus olhos para baixo, para as águas. Ainda não se reconhece integralmente.
Então, a revelação se dá. É um cisne.
Nada se modificou em seu corpo. Ele apenas se descobriu.
Exercício
Relaxar e reprisar sua vida, encontrando as situações que envolveram você e os outros.
Agradeça os fatos e as pessoas.
Sinta-se caminhando numa floresta. Lá no fundo do caminho, você vê surgir uma luz intensa. Vá para a luz. Entre na luz. Sinta-se Luz. Você é um foco de luz, criado por Deus. Brilhe.
Nota do autor: texto adaptado do livro “Meditando com as Fadas” de Adamo Angel.