Os vilões, ontem e hoje
por Wilson Francisco em EspiritualidadeAtualizado em 02/07/2004 12:10:31
A vilania (ATO DE SER VILÃO), teve fim. Gilberto Braga pontuou índices elevados de audiência abordando as atitudes insanas (???) de criaturas que queriam a todo custo conquistar a tal celebridade. Desfilaram pela telinha da Globo, Laura, Renato, Marcos e tantos outros, cada um a seu modo, querendo tirar vantagem através de ações delituosas, realizadas de maneira oculta e ardilosa.
A título de curiosidade e cultura, realizamos pesquisa, encontrando no livro História da Riqueza do Homem, a origem da palavra vilão.
O livro descreve assim, uma das classes predominantes na conjuntura sócio/econômica do período feudal.
- ”Havia os vilões que eram os servos com maiores privilégios pessoais e econômicos. Distanciavam-se muito dos servos, na estrada que conduz à liberdade, gozavam de maiores privilégios e menores deveres para com o senhor das terras”.
O vilão, nessa época, era uma criatura com direitos diferenciados e mais privilégio do que os servos. No entanto, com o passar dos tempos a palavra foi se transformando, ou será a sociedade que se transformou, injetando em nosso tempo um tipo de vilão que nem sempre tem melhores direitos, mas que sempre abusa dos direitos alheios.
Na novela Celebridades, onde aforam os exageros naturais, o autor acabou colocando um ponto final nas ações delituosas de todos os vilões, mesmo na Laura, uma criatura que se tornou uma vilã em função de mágoas da infância. No transcorrer dos capítulos isso ficou evidenciado. Destaque, para o amor que Laura transfere para Marcos, numa demonstração de que mesmo os cafajestes, tem esta qualidade: a de amar.
Fica em nós a esperança de que vendo a novela ou mesmo lendo comentários e resenhas, as pessoas que detêm o poder nas mãos ou ambicionam estar entre os célebres, observem os estragos que as atitudes de vilania realizam na vida das demais criaturas e em suas próprias. E detenham, enquanto é tempo, seus impulsos de poder a qualquer custo.
Um outro aspecto que observei na novela, diz respeito à atuação da mais nova atriz, a Nina. E eu me pergunto: que efeitos psicológicos foram introjetados na mente daquela criança, ao participar de situações dramáticas e violentas? É comum se recomendar aos pais que evitem discussões diante dos filhos. Há um debate acirrado onde uma grande maioria entende que a televisão não deve mostrar muita violência, que prejudicaria a formação infantil. O filme “A Paixão de Cristo” foi condenado por muitos espectadores por apresentar tamanha perversidade com Jesus.
E neste caso, como fica?
Apesar de ser tudo “um faz de conta”, a energia que o artista produz para representar com qualidade o personagem, é algo palpável e reconhecível. O ator - ou atriz - quase sempre ficam impregnado dos estigmas do personagem, ao lhe dar vida. E naquele momento da representação ele irradiará, com certeza, toda aquela energia e quem sabe trará à tona seus próprios impulsos de violência, monitorados e controlados internamente por sua educação.