Primeira Professora
por Saul Brandalise Jr. em EspiritualidadeAtualizado em 19/03/2004 16:20:06
Abri minha caixa de correspondências e fiquei maravilhado com o quê o computador me revelava. Voltei quase meio século no tempo. Via-me usando calças curtas - que odiava - pois usar calças compridas era sinônimo de “gente grande”. Nos meus cinco anos de vida já começava a aprender Português e a fazer contas. Quando ia para a aula não esquecia meu estilingue, meu biboquê e minhas bolas de gude. No retorno para casa sempre havia uma parada junto aos amigos daquela época.
A Grande Videira (SC) era pequena. Tornou-se grande ao expandir sua alegria para todos os quadrantes de meu estado. Ser Videirense não é privilégio exclusivo de quem nasce lá. É, acima de tudo um estado de consciência...
Notícias de Dona Mariazinha em minha caixa postal. Custei a me refazer e a acreditar no que lia...
Dona Mariazinha Crema Zardo foi minha primeira professora. Naquela época não existiam as facilidades de hoje e, para se freqüentar uma escola, só depois de 7 anos de idade. Fui privilegiado, pois Dona Mariazinha “era só minha”.
Nunca mais a esqueci. Por isso estou feliz. E a felicidade não chega quando queremos, ela simplesmente bate à porta quando chega a hora...
Dona Mariazinha voltou ao meu tempo após ter lido meus dois livros. Mandou noticias demonstrando sua alegria por ter sido ela a primeira a guiar os meus passos. Mostrando-me que além da família existiam outros valores que precisavam ser respeitados.
E eu lendo ia ficando tonto de contentamento e alegria pelo seu gesto fraterno, amigo e sincero. Existem momentos em nossa vida que não tem preço. Este foi um deles para mim.
Assim é a vida, cheia de surpresas e, quanto mais eu acho que sei, percebo que nada sei.
Os minutos, marcadores inéditos de uma nova fase de nossa vida, mostram que a qualidade que daremos a eles depende exclusivamente de nossa vontade, de nossa determinação e da maneira como os pautamos. Mas, principalmente de tudo o que plantamos.
Quanto mais limpamos nossa mente do passado, mais ela se faz presente em qualidade de memória. Aprendi que é assim que se constrói a felicidade. Limpando o passado de todo o lixo que não precisa ser carregado e dando ao futuro a oportunidade de uma vida com qualidade.
Mais amor e menos dor. Mais perdão e menos ódio. Mais saudades e menos rancor de memória. Mais lembranças agradáveis e menos mágoa.
Só assim foi possível que Dona Mariazinha voltasse...
Muitas vezes escrevi que o plantar é nossa opção, mas que a colheita sempre é obrigatória. Jamais poderia imaginar que um dia eu teria o prazer de colher um fruto tão saboroso, tão significativo e tão singular.
Dona Mariazinha, obrigado pela base fornecida. Obrigado pela paciência e compreensão. Espero que a sua colheita seja próxima e que a senhora fique igualmente emocionada, assim como estou. O Universo é sábio e vai lhe oferecer a mesma intensidade de energia, amor e emoção.
A senhora é um dos testemunhos vivos de quando eu sempre digo:
Nos veremos em breve. Sei disso.
Beijo na alma.
