Quando não tem mais nada a fazer... escute o silêncio
por Rubia A. Dantés em EspiritualidadeAtualizado em 25/03/2009 17:06:51
Quem nunca passou pela experiência de se sentir de mãos atadas diante de alguma situação onde, por mais que tentemos buscar soluções, constatamos que não existe nada que possamos fazer...
Mesmo reconhecendo que não podemos fazer nada... fazemos.
Tornamos o problema maior quando resistimos a ele... quando nos preocupamos... e, pior ainda, quando começamos a reclamar... a contar para um monte de gente o nosso drama. Ficamos tão envolvidos que as coisas parecem cada vez piores e sem saída...
Ao fazermos isso, usamos toda nossa energia para aumentar o problema e criar mais e mais obstáculos... e o que já era ruim fica muito pior.
E quando já cansados, por uma fração de segundo, entregamos os pontos e desistimos de lutar... pode ser que soluções surpreendentes surjam de maneira inesperadas.
Sei que em algum ponto todos já passamos por isso uma, ou muitas vezes... E aos poucos vamos percebendo que “fazer nada” pode ser muito mais positivo do que esse “fazer” que só aumenta o problema.
“Entregar os pontos” nem sempre é sinal de fraqueza... Muitas vezes, é preciso mais coragem para se render do que para lutar, porque a rendição à vontade Divina exige uma total disponibilidade para seguir os caminhos que não são escolhidos pela personalidade.
E a ação silenciosa da entrega se revela muito mais efetiva do que as barulhentas lutas do ego por poder.
Pode ser que a princípio nos rendamos por cansaço... desânimo, ou por termos chegado ao limite das nossas forças...
Mas com o tempo, vamos percebendo o movimento do Universo e aprendendo que quem entrega os pontos nesse caso é o ego e com isso abre espaços para que a Divindade em nós possa agir... trazendo soluções que nem sonhávamos, porque essa parte “Que Sabe” tem acesso a infinitas possibilidades.
Quando nos rendemos à vontade da Alma, temos toda calma para observar as situações sem precisar reagir imediatamente a tudo... entendemos que essa reação é guiada pelas memórias e nos damos tempo para observar o que vem do silêncio... O que escutamos -sem precisar de palavras- chega na hora certa e de forma simples e natural... e quando agimos, fazemos isso sem esforço porque nossa ação está em sintonia com a Vontade Divina e essa ação, assim guiada, sempre percorre o caminho mais fácil.
Esse silêncio que é vazio de memórias e de pensamentos é tão profundo e reconfortante que um minuto dessa experiência nos alimenta por muito tempo...
Recentemente, experimentei esse silêncio, depois de um dia bastante agitado pela minha mente... que buscava solução fora de mim... À noite, me deitei e me distrai um pouquinho dos pensamentos... e nesse pequeno intervalo de tempo, surpreendi-me sendo preenchida por um silêncio tão inesperado e tão intenso que eu parei de existir e dei lugar ao som do Vazio e à profundidade...
Dormi como se nunca tivesse existido nada além do Silêncio...
E agora... sempre que me lembro, volto a sentir nuances desse silêncio, não com a mesma profundidade... mas, o suficiente para querer me alimentar cada vez mais dessa fonte que está disponível dentro de cada um.