Quimeras da Alma
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 08/04/2020 11:34:55
Os homens acolhem as ilusões em seus corações e depois choram, desconsolados com as consequências desastrosas de suas ações fantasiosas.
Há certas pessoas que nem mesmo sabem fazer algo direito.
Suas ações são tão equivocadas que mais parecem simulacros de ação.
São fantasmas de si mesmas.
São fatiadas o tempo inteiro pelo próprio ego, que as aprisiona às ilusões sensoriais e as arremete de encontro ao reino fantástico de Maya*.
Os homens transitam pela existência cheios de sonhos e quimeras distantes, deixando, com isso, de perceber a clara realidade da vida, que os chama a todo instante para o justo aprendizado.
Passam várias vidas assim, permeados pela ilusão do sentir e com as inexoráveis repercussões cármicas**, açoitando-lhes os caminhos.
Buscam a fantasia, mas acabam encontrando a dor.
Consomem o tempo com futilidades e acabam perdendo o tempo certo de viver e aprender. São escravos das sensações, sendo facilmente condicionados pelo ambiente cultural em que foram inseridos.
São apegados a pessoas, objetos e situações, esquecendo-se de que tudo é transitório e que a morte um dia vai arrebatar-lhes tudo, exceto o próprio nível de consciência, arrastando-os para planos espirituais que não admitem nenhum apego aos condicionamentos ilusórios.
- Os Iniciados*** -
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges - Texto extraído do livro "Viagem Espiritual - Vol. 3" - Editora Universalista.)
- Notas:
* Maya - do sânscrito - ilusão; tudo aquilo que é mutável, que está sujeito à transformação por diferenciação.
** Cármicas - do sânscrito Karma: ação, causa - toda ação gera uma reação correspondente; toda causa gera o seu efeito correspondente. A esse mecanismo universal os hindus chamaram carma. Suas repercussões na vida dos seres e seus atos podem ser denominados de consequências cármicas.
*** Os Iniciados - grupo extrafísico de espíritos orientais que opera nos planos invisíveis do Ocidente, passando as informações espirituais oriundas da sabedoria antiga, adaptadas aos tempos modernos e direcionadas aos estudantes espirituais do presente.
Composto por amparadores hindus, chineses, egípcios, tibetanos, japoneses e alguns gregos, eles têm o compromisso de ventilar os antigos valores espirituais do Oriente nos modernos caminhos do Ocidente, fazendo disso uma síntese universalista. Estão ligados aos espíritos da Fraternidade da Cruz e do Triângulo. Segundo eles, são "iniciados" em fazer o bem, sem olhar a quem.
Obs.: Enquanto eu passava essas linhas a limpo, lembrei-me de uma linda canção sufi, que nasceu no coração dos mestres das areias, que, por séculos, encheram as terras do Oriente Médio com sua sabedoria e amor. Segue-se a mesma na sequência.
CANÇÃO SUFI
A terra do nosso supremo lar
È uma terra de flores sem espinhos;
Não se permitem ali as florestas do medo
Nem se semeia jamais a Dor.
O riacho do amor corre ali sem cessar,
A criação é um deslumbramento
E visões celestiais consolam a terra
Enquanto torrentes imemoriais alegram os olhos.
Ali toda oração é auto-suficiente,
Ninguém regateia dádivas,
A vida é deita de Verdade,
E desconhece a máscara da ilusão.
Proscrito está o egoísmo,
E vedados os pensamentos personalizados,
Senhor algum governa, servo algum obedece,
Sombra alguma empana a Divina Luz.
Não é um arroubo poético
Esse mundo de amor e êxtase
Que, no fundo de cada coração,
Espera apenas ser descoberto.