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Separações, Desapego e muito mais

por Wilson Francisco em Espiritualidade
Atualizado em 01/12/2006 11:42:05


Nesse mês R. me trouxe a notícia que tinha se separado do marido, oficialmente. Era uma situação que se arrastava de longa data, com brigas, desatenções, sexo por obrigação e cobranças indevidas de uma parte e de outra. Ela tinha uma preocupação grande: a filha. Como esta reagiria ao rompimento. Eu a informava, no Projeto Mutação, que as crianças não aceitam mesmo que se desfaça o casamento porque pode ser para elas o prenúncio de perdas. É preciso deste modo orientá-las de que nada perderão, o pai continua sendo pai e a mãe idem. Apenas passam a viver em locais diferentes. "Ah! Mas ela vai sofrer". Lógico, todos vão sentir a separação, mas não será melhor do que viver com discussões diárias, com seu espaço existencial limitado, sem qualquer perspectiva de vida?

Ora, e Deus e a religião, como ficam nessa situação?
Para o Universo o que conta é a sua felicidade e a realização de seus propósitos de vida. Na verdade, uma união nesse nível, não é divina, mas apenas humana, carnal. Nada de espiritual. Há casos em que até o respeito deixa de existir, abrindo campo para a violência.

Pois bem, R. assinou os papéis, ele também. Tudo certo, finalmente?
Não, pois continuaram a viver na mesma casa. Enquanto conversávamos, eu notava que ela ainda tem preocupações de que ele possa ficar doente, pois não tem convênio. Expliquei. Separe-se dele, minha amiga. De que adianta assinar papéis se intimamente você continua casada. Dê ao seu companheiro o direito de fazer o seu caminho. Abra as asas e solte-o. E quanto à sua filha, faça o processo de conversar com seu Eu Superior, sua alma, enquanto dorme, para que em essência ela entenda a decisão que você tomou, sem querer culpar-se ou acusar quem quer que seja.

Saber finalizar experiências, provas, relacionamentos é uma arte que poucas criaturas sabem realizar. O apego aos bens, às pessoas e aos costumes é um animal ainda indomado que se infiltra sempre em nossa intimidade e ameaça nossa integridade. Como fazer para domar esse monstro? Há uma música antiga, que diz: “Ninguém é de ninguém, na vida tudo passa”... Incorporar em nosso Universo este sentimento de não pertencimento, integrando-se em si mesma, com a convicção de que somos criaturas únicas, que não existe essa estória de cara metade, almas gêmeas e tudo o mais é um passo importante.

Gostar de si própria pode ser uma outra atitude bastante eficaz. Os outros: marido, filhos, casa, etc. estão fora de você, não te pertencem e sua responsabilidade sobre eles é limitada. Os filhos, diz o poeta Gibran, não são nossos, não nos pertencem, são filhos de Deus, vem através de nós, não de nós. E cada um é um ser inteligente com capacidade e objetivos próprios, contando apenas com nosso apoio, orientação e presença, até um determinado tempo. Tempo esse que diminui cada vez mais, pois na minha infância éramos dependentes ao extremo, enquanto hoje meus netos, a partir dos dois anos de idade já decidiam sobre roupa, sapatos e passeios. No meu tempo, até o lado da rua em que devíamos caminhar era decidido por nossos pais.

E se você se amar intensamente, realizando seus desejos e metas, terá muito mais condições para apoiar seus filhos. As pessoas que participam do Projeto Mutação têm sentido a experiência da eficácia do auxílio à distancia realizado. É uma prova de que de qualquer lugar você pode interferir em alguém que aceite seu apoio. Então, não é preciso estar acoplada, apegada, dominando as criaturas. Ame-se e ame seus filhos com desapego, deixando-os livres para realizar seus vôos. Ou então, esse instinto animal que existe em você, sufocará o seu inato sentimento divino de mãe, como que perdendo um dom divino. E o prejuízo será de ambos, mãe e filhos.
Há um poema de Guillaume Apollinaire, “Ter Coragem”, que nos orienta sobre como podemos realizar o apoio aos nossos entes queridos com sabedoria. Eis o poema:
Cheguem até a borda, disse ele. Eles responderam: Temos medo
Cheguem até a borda, repetiu. Eles chegaram.
Ele os empurrou... e eles voaram.

“É Wilson, mas uma separação, uma perda traz dor, insegurança”. Ouço...
Há nesse mundo uma âncora e uma alavanca salvadora para a humanidade: o perdão. Pratique-o diariamente, onde estiver. É um processo que limpa e reorganiza seu universo íntimo, deixando-a livre para realizar com qualidade seus eventos existenciais. Com o perdão, você elimina o animal feroz do julgamento, que muitas vezes rebaixa você, desumaniza suas atitudes, transformando-a numa criatura indigna.

Indignidade é viver só para os outros, sem se dedicar aos seus sonhos e projetos. Você não foi criada por Deus para ser infeliz, para ter dores, para limpar o chão de sua casa e se contentar com isso. A mulher é um ser especial e, como mãe, muito mais ainda, porque esta é uma missão de luz.

Há donas de casa que invejam, da janela de suas casas, as mulheres que passam pela rua, com suas bolsas indo para os escritórios ou que sonham dedicar-se a cursos e mais cursos para poder se envolver no mundo mágico dos espaços esotéricos.

Krishnamurti, um grande mestre e criatura de rara inteligência espiritual, nos ensina que “estar consciente e pleno ao lavar uma louça é mais profundo do que fechar os olhos e passar meia hora repetindo mantras”. Não, não sou contra os mantras, pelo contrário, utilizo esse processo no Projeto Mutação com extraordinários resultados. Mas estou com o mestre indiano, porque a meditação mais ampla e profunda é aquela que se faz agindo no mundo, realizando com desprendimento e plenitude as coisas da Terra. Aprendi isso com minha mulher, a Maria.


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Wilson Francisco é Terapeuta Holístico, escritor e médium espírita. Desenvolve o Projeto Mutação, um processo em que faz a leitura da alma da criatura e investigação do seu Universo, para facilitar projetos, sonhos e decisões, descobrindo bloqueios, deformidades e medos que são reprogramados energeticamente. Participe do Projeto Mutação confira seus artigos anteriores
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