Uma forma de Amar
por Rubia A. Dantés em EspiritualidadeAtualizado em 29/09/2003 11:05:09
A mulher deitada na rede olhava distraída o céu cheinho de estrelas... olhava com o olhar relaxado e via as estrelas como um todo... até que se pegou fixando o olhar em uma estrelinha, que não sabe se chamou a sua atenção pelo brilho diferente ou se foi a sua atenção que fez o seu brilho diferente...
Ela só sabia que a partir daquele momento as outras todas eram só estrelas em um céu de primavera... e aquela única estrelinha estava prendendo o seu coração... de uma forma especial... ela era especial agora quando a distinguia no meio de tantas outras.
Ficou curiosa sobre ela... mesmo que olhasse para as outras estrelas o seu olhar sempre voltava para aquela, especial e única...
Agora a mulher não tinha nenhuma dúvida... aquela estrelinha piscava diferente para ela o que fazia com que não a perdesse de vista no meio de tantas e tantas luzes de estrelas...
Luzes que, mesmo maiores a até mais fortes, não exerciam o fascínio que aquela luz da sua estrela estava exercendo agora...
Pronto... Tomou posse da estrelinha e do seu brilho e alguma coisa fazia daquela estrela a única que importava agora... as outras eram só estrelas...
Aquela era a sua estrela...
Estava feliz porque tinha descoberto uma estrelinha que era só dela e isso fazia uma enorme diferença... ela até já sabia de cor o seu brilho...
Bom... mas a noite foi ficando mais profunda e ela acabou dormindo...
Quando acordou na manhã seguinte nem deu muita importância ao dia porque queria de novo encontrar a estrela que com certeza estaria lá piscando para ela.
E com muita ansiedade foi para a rede assim que as primeiras sombras da noite começaram a encobrir o sol...
Olhava as primeiras estrelas que piscavam esperando a hora em que a sua estrela se faria presente no céu...
Mas nada dela... olhava uma e outra pensando que poderia ser ela... mas não era... logo descobria que aquele brilho não era o da sua estrela... Já era noite alta e ela não viu a estrelinha... e isso a deixou muito triste...
E muitas noites se passaram... sem que a sua esperada estrelinha com seu brilho único aparecesse no céu... e isso foi deixando aquela mulher tão triste que um homem muito sábio, percebendo a sua tristeza, perguntou sobre o motivo dela...
A mulher então contou a história da estrelinha e de como tinha se apegado tanto a ela que até sabia todas as nuances do seu brilho... o que fez com que estrelas até mais bonitas não lhe interessassem mais...
O Homem olhou para ela e olhou para o céu...
Por um momento a mulher pensou ter reconhecido de novo aquele brilho em uma estrelinha que piscou... Apertou os olhos com ansiedade e realmente constatou que a sua estrela tinha voltado...
Sorriu de novo e seu coração se encheu de alegria...
Ia agradecer ao sábio pelo retorno da estrela, mas... ao olhar de novo para o céu não a reconheceu mais entre tantas estrelas...
Ela tinha se perdido de novo...
- Ela sempre esteve lá... e sempre estará.... Falou o sábio.
Você é que se perde dela cada vez que tenta fixar o seu brilho... e tenta tomar posse dela...
Estrelas são fieis à sua alma de estrela... e não se adaptam aos modelos fixos da sua percepção...
Ela nunca se faria brilhante naquela forma que você esperava só para satisfazer a sua expectativa... ela é o que é... e brilha de acordo com isso... e nunca passaria pela sua cabeça de estrela repetir determinado brilho só porque ele encantou alguém... Ela sabe que aí seria um falso brilho e não encantaria mais...
Você, depois que conheceu a sua estrelinha, nem ligou mais para o dia... só esperando a noite chegar para encontrá-la e com isso não esteve presente em todos os momentos...
Quando abrimos mão de quem somos, só para agradar ao outro, perdemos o nosso brilho... aquele que é genuíno e que por isso mesmo faz a diferença...
Mas nos os homens não somos como as estrelas... Quando alguém se encanta pelo nosso brilho o que fazemos é tentar repetir aquele mesmo brilho que um dia foi admirado...
E é muito triste imitar você mesmo... um você que já passou...
Mas... você pode aprender a fluir com a estrela... e pode aprender que "fluir com" é uma forma muito especial de amar...
Apesar de não conhecer essa forma de amar a mulher se dispôs a aprender... e o sábio se dispôs a ensinar...
Mas, essa é uma outra história...