Viajando no amplexo da alma
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 21/07/2003 11:53:03
Enquanto eu escolhia alguns escritos de um filósofo brasileiro (desencarnado há mais de vinte anos), que muito admiro para compartilhá-los com um grupo de estudos, ele apareceu e disse-me mentalmente o seguinte: "Amigo, O Grande Imanente Invisível o saúda!
De coração a coração, receba o amplexo dos amigos invisíveis.
Enquanto você compulsava as páginas do livro no qual coloquei muito de meu coração, eu o observava e sorria. É que esse livro não é meu, mas do meu coração, Himalaia eterno, templo dos homens livres das peias de Maya(1).
E alguém é dono do próprio coração?
Nesse instante, que tal você mesmo escutar a divina canção que o seu coração compôs em homenagem aos homens crísticos que no silêncio do amor espalham as sementes do despertar em todos os seres?
Vamos vibrar juntos, de coração a coração, como pequenas expressões do Deus vivo em nós. Vamos pintar os sepulcros caiados de Maya com as cores do coração desperto, esse Himalaia gigantesco dentro de nós mesmos, onde escalamos as escarpas dos sentimentos que animam nossos passos na senda do Eterno.
Irmão, é hora de escutar os acordes secretos da alma e compartilhar a melodia do Grande Concertista Cósmico com os seus irmãos de alma e estudo espiritual.
Que o suave amplexo do TODO seja sentido como a inspiração que a tudo anima".
* * *
Inspirado por ele, entro num estado alterado de consciência e sinto-me permeado por ondas sutis de contentamento sereno.
Sinto-me tocado por suaves harmonias que não sei explicar, só sentir.
E escrevo o que o coração-menino me ordena:
"Quando o Cristo-menino surge na manjedoura dos amores secretos que viajam no peito sutil, quem poderá dizer que é senhor da inspiração que voa pelo céu do coração?
Quando o Buda-menino surge no desabrochar das pétalas espirituais do lótus da serenidade que mora nos jardins da alma silente, quem poderá dizer não às ondas de compaixão que em suave amplexo portam o acalanto sutil?
Quando os acordes sutis da flauta de Krishna viajam pelo interior da alma e o convidam para a alegria serena e o despertar da consciência, quem poderá dizer que não escutou as notas celestes compondo a sinfonia do amor em seu próprio íntimo?
Quando ecoam os passos sutis das consciências livres pelas alamedas secretas do coração, quem poderá sentir-se isolado do grande concerto cósmico da vida?
Quando o transitório redescobre o Eterno em si mesmo, é hora de festa no céu do coração. O Divino desperta do sono de Maya, e canta a lucidez!
E nas linhas do horizonte do despertar da consciência surge o sol do Samadhi (2).
Então, uma voz terna (e eterna) sussurra aos sentidos da alma:
TE AMO, TE AMO, TE AMO..."
Nesse instante, o chacra frontal começa a brilhar muito, como se fosse um pequeno sol incrustado na testa interna, e não consigo mais escrever, só sentir.
Vejo o amigo filósofo novamente, e ele apenas faz um ligeiro gesto de saudação com a cabeça e sorri simpaticamente. Sinto que ele sofreu muito em vida, por sentir a dor do encarceramento da alma no corpo, e por isso a sua via de escape eram os seus escritos inspirados, onde ele podia cantar como pássaro engaiolado a liberdade de consciência que tanto almejava em seu coração.
Ele percebe que notei isso, e me diz:
"A liberdade é um estado de consciência. Independe de estar encarnado ou não. É valor íntimo a ser descoberto pelo próprio ser. A dor da saudade do Eterno desaparece quando se vê o seu amplexo divino em tudo."
Agradeço a ele pela visita e inspiração, e agora tenho que correr para o curso que começa daqui a pouco. Tomara que ele possa ir junto para inspirar mais ainda os nossos estudos.
Paz e Luz.
- Wagner Borges -
(Ser humano com qualidades e defeitos, 41 anos de estrada, carioca radicado em Sampa, pai da Helena e da Maria Luz, tentando deslizar pelas ondas da vida de forma pelo menos razoável e sem tantas encrencas como em outras vidas)
São Paulo, Julho de 2003, às 14h50min.
- Notas:
1. Maya (do sânscrito): Ilusão.
2. Samadhi (do sânscrito): Expansão da consciência, Consciência cósmica.