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Viajando no olhar de Jesus V

por Wagner Borges em Espiritualidade
Atualizado em 21/01/2005 13:07:00


"Abaixo da iluminação, só há dor"!
- Buda


(Mestre) Rabi(*), foi nos seus olhos que vi mais estrelas pontilhando.
Desde que você entrou em meu coração, não fui mais a templo algum.
Que adoração eu poderia fazer fora do templo secreto, onde você habita?
Que outro céu buscar, se já o encontrei dentro do próprio coração?

Ah, como me lembro de Ramakrishna, dizendo-me:
"Garoto, é nas praias do coração que os (Do sânscrito: Emissários celestes; Canais da divindade ) avatares(*) chegam.
Eles vêm como as ondas de (Do sânscrito: O Absoluto, O Supremo, O TODO, O Grande Arquiteto Do Universo, Deus.) Brahman(*) e beijam as praias do Ser.
Eles gostam do céu do coração".

Hoje, alguém me contou que sonhou com você.
E eu disse: "não foi sonho.
Aquela praia não era onírica.
Era Ele mesmo beijando suas areias".

Outrora, apresentaram-me você numa cruz.
Mas, mesmo sendo criança, nunca aceitei desse jeito.
É que eu sempre soube que você ri dentro da gente.
E também sei que você gosta de canções e crianças.

Amigo, em seus olhos não vejo cruz ou pecado algum.
Só vejo miríades de estrelas pontificando.
Elas giram em torno de sua consciência cósmica.
Elas dançam com você no (Do sânscrito: Expansão da consciência; Consciência cósmica ) samadhi!(*)

Novamente, lembro-me de Ramakrishna, dizendo-me:
"Garoto, quando Ele chega, o amor se faz!
O coração derrete no deleite de Sua luz.
É o amor do amor, o avatar do coração".

Engraçado. Não fiz salmo algum, mas você veio.
E você não me fez ajoelhar em subserviência alguma.
Pelo contrário, aprendi com você a olhar para a frente...
E a ver o Divino em tudo, mesmo naqueles que nada sabem disso.

Sabe, já tentaram tanto me doutrinar em seu nome.
Mas eu nunca aceitei o que me diziam.
Porque eu não sentia você neles.
E eles não tinham amor nem estrelas cintilando no olhar.

E eu pensei: "sem amor não dá!
E o Jesus que sinto não doutrina ninguém.
Pois o amor jamais impõe o que quer que seja.
O amor tudo compreende, jamais condena".

Rabi, não vi capítulos e versículos em seu olhar.
Mas vi o amor, e isso me bastou.
As estrelas rodopiaram em torno e me levaram junto...
E eu mergulhei no samadhi com você.

E na consciência cósmica você me abraçou!
E tudo se fez amor.
E eu dancei e ri com as estrelas...
Dentro do seu olhar cintilante.

E lembrei-me novamente das palavras de Ramakrishna:
"Ele veio e entrou em mim, e nos tornamos um só.
Nós éramos avatares do mesmo amor.
Garoto, quando ele chega, só há samadhi”!

P.S: Rabi, mais um ano se foi, e os fogos espocaram lá fora.
Aqui, eu fico pensando em você.
Não enchi a cara de álcool, mas estou vendo estrelas.
E elas estão dentro do céu do meu coração, com você.
Por tudo, querido amigo, muito obrigado!
Oxalá, eu possa fazer o que você me sugeriu:
"Vive, ama, trabalha, aprende, compreende, sorri e segue”...


VIAJANDO NO OLHAR DE JESUS IV

Rabi, meu amigo.
Há dias venho sentindo uma grande saudade de você.
Parece que o meu coração conversa com você, sem que eu saiba disso conscientemente.
Quando tenho notícia das tragédias diárias que rolam no mundo, sempre me lembro do seu olhar tão amoroso, e curvo a cabeça em silêncio.
Sei que há processos cármicos coletivos dos quais não tenho noção no momento, mas isso não tira a pressão de sentir a dor da humanidade dentro de mim mesmo.
Há duas grandes fomes grassando no planeta: a fome material, que pega milhões de seres humanos, e a fome espiritual, que pega a grande maioria da humanidade.
No vácuo dessas duas fomes, surgem as guerras, a violência sem par e aquelas ondas de pessimismo que sabotam as melhores qualidades dos homens.
Será que se as pessoas se lembrassem mais de você e de seus ensinamentos, não como ícone religioso, mas como alguém próximo de um amigo incondicional, as coisas seriam diferentes?

Fecho os olhos e lembro-me do seu olhar atravessando os diversos planos e chegando até o centro do meu SER. Então, parte de mim (minha mente) se recolhe em timidez, como se temesse a chegada de sua luz e a onda de amor que vem com ela. Porém, uma outra parte minha (o meu coração), sei lá como, sente esse amor e se alegra com ele, como se já soubesse o caminho...

Entre o questionamento da mente e a alegria do coração, sinto uma luz preenchendo minha aura e um contentamento sereno viajando pelos meus chacras, que parecem pequenos sóis irradiando luz serena e silenciosa.
E sob o influxo dessa onda serena e amorosa, finalmente minha mente se entrega ao coração, e eu não sei mais o que dizer.

Talvez seja a hora do amor silencioso falar... Ou do coração unido à mente cantar a admiração ao Supremo, o Pai-Mãe de todos... Ou mesmo de simplesmente ficar quietinho agradecendo os toques espirituais que chegam nas asas da inspiração.

Rabi, meu amigo, será que é possível repassar a serenidade do amor e o brilho do seu olhar para essas linhas?
Será possível melhorar outras consciências, físicas e extrafísicas, por intermédio desses escritos?

Olho para fora do apartamento e vejo um nevoeiro fino misturado com a poluição baixando por entre os prédios da metrópole fria e cinzenta. Penso que há um nevoeiro psíquico interpenetrando a bruma fina, somatório de muitas mentes e corações poluídos de ressentimento e egoísmo, esquecidos do que você ensinou. Sei que isso é resultado da fome de amor que grassa entre os homens, e também da fome de discernimento espiritual.
Porém, aqui dentro está tudo clarinho, e os chacras são sóis brilhando sob a Luz do seu Sol central de Amor incondicional.
Não sei de que maneira, mas parte de mim sabe que o seu olhar está interpenetrando a muitos nesse momento. Sei que você está ajudando principalmente os pequenos e esquecidos pelo mundo, de uma forma que os olhos não vêem, mas que o coração sabe e a mente pressente.
Parece tolice o que vou dizer, mas posso jurar que os meus chacras são semelhantes a pequenas crianças luminosas nesse instante. Parece-me que eles estão pulsando de alegria por eu ter pensado no seu olhar.
Sei que muitos evocam o seu amor de forma compungida e carregada de drama, mas posso jurar que os meus chacras estão dançando e curtindo o seu olhar.
Jesus, meu querido Rabi, agora compreendo quando você disse:
"Vinde a Mim as criancinhas, pois é delas o Reino dos Céus"!
Percebendo a dança dos chacras-criancinhas, finalmente compreendo, depois de muitas vidas, o que você quis dizer. É, o Amor faz os chacras dançarem de alegria, acaba com o nevoeiro sensorial do ego e sacia a fome espiritual.
Meu amigo, não sou cristão nem sigo qualquer linha espiritual em particular, pois prefiro seguir o Amor que vejo em seu olhar, que me faz viajar espiritualmente de forma incondicional e universalista dentro da Espiritualidade.

Firme nesse olhar, que me transforma em "SOL CONSCIENTE", dançando na Luz com os chacras-criancinhas, peço a você que inunde esses escritos com aquela canção espiritual de (Do sânscrito: Bem-Aventurança, Êxtase espiritual) ananda(*), para que outros no mundo possam ouvir o chamado do Amor ecoando nas dobras secretas de seus corações.
Olho novamente lá para fora do apartamento, com os seus olhos interpenetrados nos meus, e rezo para que o seu Amor possa transformar as dores dos homens em danças luminosas. Para que eles viajem pelos céus do coração rindo como criança, felizes por perceberem que o paraíso é um estado de consciência interior, e que na "casa do Pai há muitas moradas", muitas delas dentro de nós mesmos, no universo daquilo que pensamos, sentimos e fazemos na existência.
Rabi, o seu olhar é pura festa!
Muito obrigado por tudo, querido.

P.S: Esses escritos são dedicados a dois Chicos muito especiais: Francisco de Assis e Francisco Cândido Xavier, ambos meninos de Jesus.



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Wagner Borges é pesquisador, conferencista e instrutor de cursos de Projeciologia e autor dos livros Viagem Espiritual 1, 2 e 3 entre outros.
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