Viver de Luz
por Maria Guida em EspiritualidadeAtualizado em 15/12/2003 10:59:43
Alguns de nós já ouviram falar de inusitadas mensagens canalizadas por sensitivos importantes que nos recomendam iniciar um novo processo de nutrição que substitui a ingestão de alimentos pela absorção direta da Luz Solar, nas primeiras horas da manhã.
Apesar de não ter experimentado pessoalmente o método, ou pesquisado o que consideraria suficiente para comentar o assunto, participei de algumas conversas e ouvi relatos de pessoas que tentaram aderir à prática.
Considero, pelo que ouvi e refleti, que esta venha a ser uma alternativa válida, num futuro próximo, já que os recursos naturais do planeta tendem a se esgotar.
Mas, enquanto não atingimos tal estágio de desenvolvimento, gostaria de comentar que viver de luz pode ter outros significados, além de trocar o velho hábito de saborear e ingerir alimentos pela absorção da Luz que recebemos diária e gratuitamente de nosso amado Sol.
Se pararmos um minuto para pensar que tudo o que existe é Luz manifestada na matéria, sob certas condições, e com características, intenções e formas, infinitamente diversas, e se nos lembrarmos que o reino vegetal, mais do que qualquer outro, tem como missão fixar para nos oferecer, todos os dias, a Luz Solar sob a forma de clorofila, podemos considerar que uma dieta vegetariana, é também uma forma de viver de luz.
Folhas, frutas, sementes, vermes e insetos foram nossa primeira dieta quando não passávamos de um esquisito grupo de macacos pelados, caminhando desajeitadamente sobre duas pernas, tentando nos adaptar a um par de mãos dotadas de um novo e revolucionário instrumento biológico: polegares capazes de girar de forma a se oporem, em movimento de pinça, a todos os outros dedos.
Nosso sucesso na utilização desse sensível instrumento, através dos tempos, estratificou-se em civilizações que domesticaram não apenas o fogo, mas também uma grande maioria de seres viventes. Inúmeras espécies animais e vegetais foram modificadas, através de cruzamentos, para se tornarem mais dóceis ao nosso trato digestivo e ao nosso paladar.
Por conta de tudo isso, extrapolando os limites dos domínios conquistados, estamos hoje introduzindo Sombra, onde antes só havia Luz. Viver de luz, na era dos pesticidas, herbicidas e adubos químicos, já não é coisa tão simples quanto na aurora da civilização.
Muito menos, quando, pressionada pela necessidade de produzir, na velocidade exigida por bilhões de bocas humanas e não-humanas, a agricultura tem sido levada a modificar características genéticas de muitas espécies animais e vegetais, repetindo-as, depois, infinitamente, através da clonagem.
Uma vez que o código genético é a principal caixa de ferramentas que o ser vivo encarnado - seja ele vírus, bactéria, micróbio, vegetal, animal, de sangue frio ou quente - tem para manifestar as múltiplas qualidades da divindade na matéria, alterá-lo, mesmo que seja para garantir a sobrevivência de milhões, gera padrões desarmônicos, num ciclo que foi minuciosamente planejado para funcionar com harmonia e perfeição.
Por isso, a produção de trangênicos tem sido considerada pelo reino elemental, uma das mais graves ameaças à vida, tal como a conhecemos hoje, e uma das mais dolorosas experiências a que temos submetido as nobres criaturas que nos têm prestado serviços há milênios, com devotado amor incondicional, zelando pela constante manutenção dos reinos vegetal e animal.
As interferências que nós, humanos, temos realizado ao longo desses milênios aos seres que, de boa vontade, têm nos oferecido nutrição e cura, estão atingindo a consciência planetária e retardando a sua evolução.
Para reverter esse processo, penso que todo ser humano que pretende corresponder ao amor com o qual animais e vegetais têm contribuído para a nossa caminhada e evolução, deveria, se nada mais puder fazer, desejar, no íntimo de seu coração, que a adoção dessas técnicas seja abandonada, ou não obtenha sucesso, e que nossos métodos de criação e cultivo respeitem, ao menos, a identidade dessas criaturas, que repousa soberana, em seu DNA.
A resistência pacífica é uma prática muito eficaz. Ela consiste na sistemática recusa ao consumo de alimentos produzidos com tecnologia transgênica, optando pelo consumo de produtos obtidos a partir da agricultura orgânica, que se caracteriza não apenas pelo cultivo de vegetais em solo livre de adubos químicos, pesticidas ou agrotóxicos, mas também, pelo abandono da monocultura, permitindo que os vegetais nasçam e cresçam em companhia de espécies com as quais têm afinidades, de forma a que, com eles, possam trocar substâncias e energias mutuamente enriquecedoras, que potencializam suas qualidades nutricionais e curativas.
Se minha intenção ao escrever esse artigo fosse apenas demonstrar as vantagens dos produtos orgânicos sobre aqueles produzidos segundo as mais avançadas tecnologias, eu poderia citar os números alarmantes de pesquisas que relacionam o uso de agrotóxicos ao aumento de casos de câncer, má formação congênita, abortos espontâneos, alergias crônicas e todo tipo de doenças degenerativas, além do evidente desgaste e envelhecimento precoce que nos tornam cada dia mais dependentes da medicina regenerativa - em suas múltiplas formas – de esteticistas a especialistas em transplantes.
Seria perda de tempo, uma vez que essas estatísticas estão disponíveis para quem quiser consultá-las, na Internet e na imprensa em geral.
Meu objetivo é pedir a vocês que reflitam um pouco sobre o que significa, para cada um de nós, hoje, viver de luz. Será que não é simplesmente, buscar ingerir alimentos que contribuam para manter, e até mesmo potencializar a luz que existe em cada um de nós?
Como nossos mestres e instrutores não cansam de nos explicar, toda vez que um ser decide iniciar sua jornada na matéria, traça um minucioso plano de ação, dividindo-o em etapas a que chamamos reencarnações. Cada uma dessas etapas tem um conteúdo a ser experimentado, com os conseqüentes desafios e potenciais de realização.
Ao organizar essa expedição pelos misteriosos domínios da matéria, cada um de nós – raios luminosos emitidos diretamente do coração da Criação – projeta cuidadosamente seus corpos, e deles, o que merece mais atenção é o corpo físico.
Pelo simples fato de estar sujeito às implacáveis leis da matéria, buscamos incluir nele as características mais adequadas, entre as permitidas pela lei do karma, para o tipo de missão que pretendemos realizar.
Logo, uma vez que tomamos consciência de que é esse veículo o que nos permitirá realizar com maior ou menor dificuldade aquilo que nos comprometemos a fazer, nada mais natural do que cuidarmos dele com toda a atenção e carinho que um mergulhador devota ao seu escafandro ou, um astronauta, ao seu traje espacial.
Porque, da qualidade da Luz com que suprimos nosso corpo físico, depende muitas vezes, o fracasso ou o sucesso de nossa missão.Para que ele funcione bem, é preciso abastecê-lo, qualificando positivamente não apenas a energia maravilhosa que nos chega pelo ar, mas também escolhendo alimentos que potencializem, ao invés de degradar, o padrão de vibratório da Luz.
Nossos companheiros dos reinos vegetal e animal realizam a sua parte, com grande amor e dedicação, oferecendo-se a nós sem resistência ou reserva, esperando, em contrapartida, que elevemos, com nossos sentimentos, pensamentos e atos, a taxa vibracional do planeta, promovendo a sua ascensão.
Estamos todos no mesmo barco, nave, corpo místico, ou seja lá o que você costuma chamar, ao numeroso grupo de seres que coexistem nessa estreita parcela de Universo que estamos aparelhados a perceber.
Respeitando-nos e nutrindo-nos uns aos outros, oferecendo ao todo o que temos de melhor é tudo o que podemos fazer, para nos conscientizarmos, cada dia mais, de que Somos Todos Um e que essa é a primeira, das múltiplas e infinitas realidades que estamos eternamente destinados a experimentar.