Você racionaliza suas emoções?
por Silvia Malamud em EspiritualidadeAtualizado em 06/08/2004 13:10:12
Tenho uma questão que muitas vezes me remete a algumas dúvidas, sobre alguns estados emocionais de aparente “equilíbrio”. Você sabe perceber a diferença entre não ser tomado tanto por suas próprias emoções como pelas dos outros e racionalizar as emoções?
Penso que ao racionalizarmos emoções estamos nos encaminhando para o sentido oposto da busca do prazer consciente e do autoconhecimento. Penso também que a mente deve servir para ler os conflitos do (O Psicossoma representa a contraparte sutil do corpo físico, com o qual coincide por completo. É formado por matéria astral, de vibração mais elevada e refinada que a do corpo físico) psicossoma(*) e para buscar uma elaboração/vida e não para decifrá-los racionalmente com a intenção de esfriá-los ou negá-los. Isso seria o mesmo que negar aspectos de nossas existências que por algum motivo estão pedindo passagem para ter algum tipo de expressão e significação pessoal. Podemos negar assuntos nossos contando para nós mesmos uma história de emocionalidade que pode estar funcionando como um mecanismo de defesa frente a um possível medo. Esse tipo de atitude, porém, acaba nos afastando de nós mesmos, gerando uma espécie de amortecimento da vida. E no local dentro de nós, onde a vida amortece, permanecemos congelados, sem razão para existir, sendo sempre os mais prejudicados.
Deixando de existir nesses lugares, ausentamo-nos de nos percebermos de modo mais abrangente, posto que o que está no ar, ou seja, em nível mental, dificilmente trará um universo de significações como a própria experiência quente da vida pode trazer em meio a todas as suas nuances de cores. Só quando entramos de modo profundo e lúcido em contato com o que sentimos, é quando de verdade nos implicamos em nosso existir, nas experiências/vida, no quente. É aqui, onde nos permitimos experienciar de modo consciente emoções e sentimentos, que podemos ter referências concretas sobre quem ou o que somos para nós mesmos.
Bancar ações conscientes pode promover um universo de significações pessoais que nos devolvem a sensação plena e coesa do existir com mais apropriação de um si mesmo, que se fortalece tanto na dor, como no prazer.
- É sentindo que se vive.
Ficar em suspenso, só racionalizando, pode nos deixar num estado de se "sentir" superior à raça humana, que frequentemente se deixa levar pelas emoções sem pensar, (que também é fato!), como conseqüência desta lente perceptiva de realidade, por vezes acaba-se percebendo tudo de modo enfadonho, achando toda essa historia de viver uma grande bobagem. Essa lente perceptiva de realidade por vezes pode gerar um estado de apatia, posto que deste modo a vida acaba em si mesmo à medida que ela efetivamente não acontece em sua plenitude.
Racionalizar sentimentos não quer dizer que nos conhecemos, pode ser apenas um indicador de que somos pessoas com medo de viver, travestidas de prudentes.
Pode ser que tenhamos medo de nos conhecermos em determinadas situações que julgamos a priori difícil de saber lidar. Então ‘não entramos em contato’, a vida passa e nós ficamos presos nesta malha contando para nós mesmos uma história de que o que se passa dentro de nós não deve, nem merece, ser levado a sério (quem é que não estamos levando a sério?).
Negamos a nós mesmos por medo de ter que lidar com situações que de qualquer modo já se fazem presentes nos incomodando. Quer seja para o prazer ou para a dor, existe medo do movimento que pode gerar este tipo de autoconhecimento.
Praticar esportes é muito bom, assim como buscar conhecimento e fazer meditação também, ou fazer o que quer que seja que nos dê prazer, mas mesmo tendo uma postura saudável nesta ordem, isso não quer dizer que estamos vivendo plenamente.
Entrar em contato com as emoções e saber lidar com elas sem fugir interpretando-as de modo racional e principalmente sem tentar negá-las, na certa nos coloca num lugar/vida de autoconhecimento e prazer diferenciado.