I-Ching
por Elisabeth Cavalcante em OráculosAtualizado em 05/11/2001 11:15:35
Tudo o que é preciso para consultar o I Ching, Livro das Mutações, são três moedas e uma disposição interior para ser orientado pela sabedoria do universo. Este oráculo, utilizado desde a Antiguidade, é considerado o mais antigo livro de sabedoria do mundo ainda em uso corrente.
O I Ching é baseado na idéia de uma “coincidência significativa”, ou sincronicidade. Resumindo: o lançamento das moedas forma um acontecimento sincrônico à nossa busca de orientação no I Ching, e a significação dessa coincidência pode ser obtida no texto do oráculo.
Qualquer problema apresentado ao I Ching deve ser formulado de tal modo que a significação da resposta seja clara. Não se deve fazer perguntas duplas, do tipo “isto” ou “aquilo”? A pergunta deve ser direta, de forma que a resposta também possa ser direta.
Habitualmente, a orientação que recebemos torna-se válida por dias, semanas ou meses. Para qualquer situação há muitos cursos de ação possíveis. O caminho que o I Ching sugere é o que deve ser seguido pela pessoa sábia.
Se a resposta parecer obscura, há obviamente a necessidade de discuti-la com outras pessoas. Deve-se consultar um profissional especializado na interpretação do I Ching ou, mais freqüentemente, um parente mais próximo ou um amigo.
Se não houver a quem recorrer, deve-se meditar sobre a resposta durante vinte e quatro horas. Se ela ainda não estiver clara, convém tentar novamente, talvez formulando a pergunta com outras palavras.
O JOGO
Deve-se jogar as moedas, tendo em mente a questão para a qual se busca uma resposta, ou simplesmente o desejo de obter um conselho para o atual momento de vida.
O lado “cara” vale 3 pontos e o lado “coroa” dois pontos. Portanto, as somas obtidas serão sempre iguais a 6, 7, 8 ou 9. Os números seis e oito serão representados por linhas partidas e os números 7 e 9 por linhas inteiras.
A mensagem do oráculo será fornecida pela interpretação de um hexagrama (seis linhas paralelas desenhadas de baixo para cima) resultante do jogo das moedas por seis vezes seguidas.
ORIGEM
A origem do I Ching remonta à China pré-dinástica e é obscura, mas seus conceitos foram utilizados durante muitos séculos antes de serem registrados por escrito, quando tornaram-se mais formalizados.
Segundo a tradição, o lendário Fu Hsi, criou primeiro os trigramas (seqüência de três linhas paralelas ordenadas de baixo para cima) e combinou-os em hexagramas, há mais de 5 mil anos.
Por ocasião de sua primeira elaboração por escrito, o I Ching deve ter consistido apenas em textos bastante abreviados, associados aos hexagramas, um ponto de partida para a interpretação e a extrapolação individuais. A atual versão do núcleo central do I Ching é atribuída ao rei Wen e a seu filho Wu, que ficou conhecido como duque de Chou.
Há dois mil e quinhentos anos, o filósofo chinês Confúcio acrescentou comentários importantes ao I Ching, que nele figuram até hoje. Quase ao mesmo tempo, o sábio chinês Lao Tse, conheceu este livro e inspirou-se nele para estabelecer alguns de seus aforismos, como o conceito do Tao, o princípio Uno no interior do múltiplo, a eterna lei que atua em toda mudança, descrito em sua obra, Tao Te Ching.
Ao contrário dos antigos livros religiosos, no I Ching não existe a presença de um Deus para dar punição ao pecador ou salvação ao crente. Ele é compatível com todas as religiões e com a convicção não religiosa também. Sua base é a observação minuciosa do homem e da natureza através de séculos e o conceito de que tudo no universo vive em permanente mutação.
Esse aspecto de mudança é o que há de fundamental no I Ching, ligado ao conceito de estados opostos mas complementares, que encontramos em qualquer parte tanto do mundo material como do espiritual: bem e mal, Deus e Diabo, homem e mulher, positivo e negativo, luz e treva.
A formação básica do I Ching são oito trigramas, concebidos como imagens de tudo o que ocorre no céu e na terra, ou símbolos que representam mutáveis estados de transição.
São eles:
Chien, o Criativo – cujo atributo é forte, a imagem é o Céu e que corresponde à função familiar do pai
K´un, o Receptivo – atributo: abnegado, maleável, imagem: a Terra, função familiar: a mãe
Chên, o Incitar – atributo: provoca o movimento, imagem: Trovão, função familiar: filho mais velho, primeiro filho
K´an, o Abismal – atributo: perigoso, imagem: Água, função familiar: filho do meio, segundo filho
Ken, a Quietude – atributo: Repouso, imagem: Montanha, função familiar: filho mais moço, terceiro filho
Sun, a Suavidade – atributo: Penetrante, imagem: vento, madeira, função familiar: filha mais velha, primeira filha
Li, o Aderir – atributo: Luminoso, imagem: Fogo, função familiar: filha do meio, segunda filha
Tui, a Alegria – atributo: Jovial, imagem: Lago, função familiar: filha mais moça, terceira filha.
Os filhos representam o princípio do movimento em seus vários estágios – o início do movimento, o perigo no movimento, o repouso e fim do movimento. As filhas representam a devoção em suas várias etapas – a suave penetração, a clareza e adaptabilidade e, por fim, a alegre tranqüilidade.
De modo a abranger uma multiplicidade ainda maior, essas oito imagens foram combinadas entre si, quando então se obteve 64 signos formados por seis linhas paralelas ou hexagramas.