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O mistério da vida nas cartas do Tarô - Parte 1

por Elisabeth Cavalcante em Oráculos
Atualizado em 17/02/2003 11:34:59


A verdadeira origem do tarô está encoberta por um véu de mistério. Um dos mais antigos relatos data do Egito antigo, onde, de acordo com a lenda, foram encontradas no altar do templo de Ptah, em Mênfis, imagens gravadas em pratos de ouro, que se assemelhavam a algumas das gravuras dos Arcanos Maiores do tarô.

A hipótese egípcia tem inúmeros seguidores ilustres, dentre os quais Éliphas Levy, Paul Christian, Papus, e outros. Na opinião de muitos, o tarô teve a sua origem no misterioso e há muito desaparecido Livro de Thoth, atribuído ao Deus da sabedoria secreta, Thoth, mais conhecido pelo seu nome grego, Hermes.

Diz-se que o mito possui mais autenticidade do que a história porque lida com as realidades eternas da alma, e não com os pálidos reflexos dessas realidades na tela ilusória do tempo.
Portanto, recorramos à tradição mística, para aprofundar-nos um pouco mais na história do tarô. A tradição conta que depois da destruição da grande biblioteca de Alexandria, e no início da Idade Média, alguns sábios que se reuniram na cidade Fez, no Marrocos, decidiram criar um meio pelo qual a sabedoria iniciática da Antiguidade pudesse ser preservada para as gerações futuras. Através de sua visão profética, eles sabiam que a igreja medieval destruiria tal projeto se ficasse aparente que ele continha idéias e símbolos contrários ao que era aceito como cristão ortodoxo.

Esses sábios também estavam cientes de que a ignorância imperaria durante muitos séculos e que, conseqüentemente, uma transmissão verbal ou escrita da sabedoria seria inútil. Os sábios, diz a lenda, resolveram então elaborar um livro de gravuras que escaparia à atenção dos inquisidores, e continuaria durante anos a fio a lembrar aos homens e às mulheres as verdades mais profundas da vida e o caráter essencial do seu próprio ser.

As cartas, que é provável terem sido feitas originalmente em metal ou couro, eram utilizadas como uma forma de jogo e de divertimento e, desse modo, eram apreciadas por muitas pessoas que não davam valor à filosofia ou ao misticismo.

Por volta do século XIV, as imagens do tarô haviam chegado à Itália, à Espanha e à França e foram levadas para outros países pelos ciganos, que parecem haver utilizado suas gravuras principalmente com a finalidade de tirar a sorte. Existem vagas indicações, contudo, de que imagens semelhantes às do tarô já circulavam em várias formas bem antes do século XIV.

O baralho completo do tarô consiste em setenta e oito cartas, que estão divididas em dois grupos. São as cinqüenta e seis cartas dos chamados Arcanos Menores e as vinte e duas cartas dos Arcanos Maiores, esses últimos também conhecidos como Trunfos Maiores

As cinqüenta e seis cartas dos Arcanos Menores representam a origem de nossas cartas de baralho modernas. Elas estão divididas em quatro naipes, Pentagramas (Ouros), Taças (Copas), Gládios (Espadas) e Bastões (Paus), cada um dos quais composto de dez cartas numeradas de um a dez e de quatro figuras, que são o Rei, a Rainha, o Cavaleiro e o Pajem. O baralho eliminou a carta do Cavaleiro nas figuras da corte.

Além disso, as vinte e duas cartas dos Arcanos Maiores foram totalmente suprimidas, com exceção do Curinga, uma forma deturpada do Louco encontrado nos Arcanos Maiores.
De um modo geral, podemos dizer que as cinqüenta e seis cartas dos Arcanos Menores representam o eu exterior ou a personalidade do homem, enquanto a vinte e duas cartas dos Arcanos Maiores simbolizam o reino secreto do eu interior ou a individualidade.

Os Arcanos Menores são elaborados com base nos números quatro e dez, uma vez que existem quatro naipes, com dez cartas numeradas e quatro figuras para cada um. Os Arcanos Maiores baseiam-se nos números três e sete, visto que as vinte e duas cartas podem ser divididas de forma mais proveitosa em três setenários mais a carta zero, que não pode ser classificada, ou 3 X 7 = 21+0.
Podemos observar também que cada naipe dos Arcanos Menores possui quatorze cartas, e que quatorze é o número que Helena Blavatsky fornece em “A doutrina secreta”, como representando a totalidade da manifestação: “Duas vezes sete é a soma total”.

Por outro lado, os números três e sete quando somados ao invés de multiplicados, resultam no número dez, que é o número das Sephiroth na Árvore da Vida cabalística. Isso poderá indicar que o princípio dos números três e sete da forma como é manifestado nos Arcanos Maiores descreve a estrutura dos poderes divinos nas coisas, enquanto que o princípio dos números quatro e dez, na forma como se apresenta nos Arcanos Menores, simboliza o aspecto natural, ou o aspecto criado, da existência. O primeiro se relaciona com a vida enquanto o segundo indica a forma.

Tendo em vista que o principal objetivo do tarô é facilitar o autoconhecimento, é necessário que olhemos as cartas principalmente sob o aspecto de sua correspondência com funções e princípios psicológicos dentro da psique humana.
Assim, as dez cartas numeradas e as quatro cartas com figuras dos naipes dos Arcanos Menores juntas correspondem às quatro funções da consciência, conforme foram descritas por Jung: sensação (Ouros), pensamento (Espadas), sentimento (Copas) e intuição (Bastões).
Ao mesmo tempo, devemos ter em mente que as vinte e duas cartas dos Arcanos Maiores representam as imagens primordiais, ou os arquétipos, dento do inconsciente coletivo.



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elisa
Elisabeth Cavalcante é Taróloga, Astróloga, Consultora de I Ching e Terapeuta Floral.
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