Os arcanos menores do Tarô
por Elisabeth Cavalcante em OráculosAtualizado em 16/06/2003 11:27:38
Muitos estudiosos do tarô dão aos Arcanos Maiores um destaque especial, uma vez que eles relacionam-se à essência interior mais profunda do ser humano e sua origem divina.
Entretanto, não podemos deixar de reconhecer o papel dos Arcanos Menores como um importante ponto de apoio e complementação das verdades representadas pelos demais Arcanos.
Simbolicamente relacionados ao eu exterior ou à personalidade do homem, os Arcanos Menores são elaborados com base nos números quatro e dez, uma vez que existem quatro naipes com dez cartas numeradas e quatro figuras para cada um (Rei, Rainha, Cavaleiro e Pagem).
Para melhor entendermos a correlação dos naipes com cada aspecto da vida do homem, é útil olharmos as cartas sob o aspecto de sua correspondência com funções e princípios psicológicos dentro da psique humana. Deste modo, as dez cartas numeradas e as quatro cartas com figuras, juntas, correspondem às quatro funções da consciência descritas por Carl Gustav Jung: sensação, pensamento, sentimento e intuição.
Nos Arcanos Menores, a função da sensação é representada pelo naipe de ouros ou pentagramas, o pensamento é simbolizado pelas espadas, o sentimento pelas copas ou taças e a intuição pelos bastões ou paus.
Quando analisadas sob a ótica do mito que é representado em cada um dos naipes e seu significado psicológico, as cartas dos Arcanos Menores também fornecem informações importantes sobre os processos inconscientes que influenciam nossa maneira de agir nas diversas áreas da vida: no trabalho e ganho material, no plano do intelecto, no plano afetivo e emocional e no plano intuitivo.
Um dos maiores esoteristas da segunda metade do século XIX e início do século XX, o russo G. O. Mebes, descreve em sua obra “Os Arcanos Menores do Tarô” a importância destes também sob a ótica do trabalho iniciático. Diz ele:
“Todo o sistema dos Arcanos – maiores e menores – está estreitamente ligado com a Cabala Mística do Judaísmo, o sistema sephitórico e o tetragrama sagrado ou nome divino Iod-He-Vau-He. Pode-se dizer que a Árvore Sephirótica, com sua divisão em quatro mundos, através dos quais passa tudo o que existe, é um arranjo profundamente simbólico do sistema dos Arcanos.
Os quatro naipes e as quatro figuras dos Arcanos Menores correspondem a esses quatro mundos da Árvore Sephirótica. As cartas numéricas correspondem às 10 Sephiroth. Cada naipe possui, poder-se-ia-dizer, uma idéia dominante. Essas idéias são:
- Para Ouros – estabelecer pontos de apoio nos planos inferiores para alcançar um “ponto de suspensão”, isto é, um contato com os planos superiores.
- Para Espadas – libertar-se das ilusões dos mundos inferiores e chegar a um novo nascimento espiritual.
- Para Copas – elevar o inferior, transmitindo-lhe, por meio do sacrifício, aquilo que foi recebido do Alto.
- Para Paus – conscientizar-se da sua missão no esquema do Plano Divino para a Terra e trabalhar nesse sentido, em contato com seu Eu superior.
Desse modo, os Arcanos Menores apresentam 64 estágios internos básicos, do caminho espiritual do discípulo, isto é, as experiências dos quatro naipes em seus quatro aspectos e quatro níveis iniciáticos, o que corresponde à fórmula 4x4x4=64 que, pela soma dos algarismos, conduz à unicidade final”.
