A Grafoterapia
por Paulo Sergio de Camargo em PsicologiaAtualizado em 08/04/2020 11:35:22
Um dos objetivos desta série de artigos é desmistificar a grafoterapia e mostrar por meio de exercícios práticos o seu verdadeiro potencial.
Definição:
Grafo - (Do grego Grápho) - Escrever, escrita.
Terapia - Terapêutica (do grego therapeutiké, pelo lat. therapeutica) - Estudo dos meios adequados para aliviar ou curar doentes.
GRAFOTERAPIA - Tratamento ou terapia por meio do movimento escritural.
Portanto, ao contrário do que muitos pensam, a grafoterapia não atua na mudança da escrita. O objetivo é modificar o "gesto" gráfico, por meio de exercícios, quando isto ocorre, a escrita naturalmente se modifica, assim como algumas características do escritor.
A Grafoterapia é a educação e reeducação do gesto gráfico sob o ponto de vista Motor, Psíquico e Mental (Streletski).
Princípios básicos:
1. O gesto gráfico repetido de forma habitual e, metodicamente disciplinado, influi sobre o psiquismo correspondente a esta grafia.
2. Uma disciplina motriz educadora é capaz de corrigir estados psíquicos desviados e mórbidos.
3. A reeducação dos movimentos pode juntar-se à autossugestão, fazendo-se com que os textos utilizados evoquem ideias que se desejem incutir no doente.
As origens da Grafoterapia estão no início de nosso século com o Doutor em Psicologia Edgar Bérrilon que apresentou, na Academia de Medicina de Paris, um trabalho com o título de "Psicoterapia Gráfica". Corria o ano de 1908 e a pesquisa baseava-se em indivíduos com graves transtornos de personalidade. Foi a primeira obra a respeito do assunto e causou grande impacto pelo seu ineditismo.
O Dr. Camille Strelestski apresentou, na Sociedade de Medicina em Paris, em 1926, um estudo das relações existentes entre as alterações das glândulas endrócrinas e as modificações ocorridas simultaneamente na escrita.
O Dr. Strelestski mostrou a estreita vinculação entre os sinais expressos pela escrita e os existentes na alma do ser humano; dizia ele que o método visava eliminar os traços negativos da escrita, introduzindo os favoráveis.
A eficácia da Grafoterapia foi testada clinicamente na Universidade de Sorbonne entre os anos de 1929 e 1931, por Charles Henry e Pierre Janet, que foi professor de Psicologia no Colégio da França.
O Professor Henry foi Diretor do Laboratório de Sensações de Sorbonne. A pesquisa foi realizada com alcoolistas e crianças com graves perturbações de personalidade; os resultados mostraram-se positivamente além do esperado.
Outras pesquisas:
Dr. Ménard - 1932 - Discípulo de Janet - Publicou o livro " La page d'écriture, méthode práctique de Psycothérapie, Graphique e Graphologique".
Dr. Carton - Aplicou este tipo de tratamento em crianças durante a II Guerra Mundial.
A Grafoterapia Prática deve suas origens ao Dr. Raymond Trillat. O tratamento com crianças afetadas pela guerra iniciou-se no ano de 1947, no Centro Médico-Psicopedagógico Claude-Bernard de Paris.
Mais adiante o Dr. Trillat publicou, junto com a Dra. Huguette Mason o livro "Expérience de graphothérapie em psycopédagogie.", uma das principais obras a respeito do assunto até os dias atuais.
Na Espanha, o Professor Xandró fundou um Gabinete de Grafoterapia na Sociedade de Grafologia Espanhola.
Na França destaca-se, entre outros, o Dr. da Universidade de Paris, Doutor em Pedagogia do Instituto Católico de Paris, Professor da Escola de Psicólogos Práticos e dos Cursos de Grafologia da Sociedade Francesa de Grafologia, Robert Olivaux, autor de diversas obras de Grafologia.
Existe na França o Groupement Professionnel International des Graphoterapeutes de Grafoterapia, formado basicamente por psiquiatras, psicólogos e terapeutas.
No Brasil, existem poucos pesquisadores e certos profissionais tentam tratar a Grafoterapia como uma espécie de ciência esotérica, de prática simples e sem maiores consequências.
Grafoterapia não tem nada a ver com as ciências esotéricas (com todo o respeito que devemos ter). Grafoterapia, também, não é medicina ou tratamento alternativo.