Como aumentar o trânsito entre conteúdos do consciente e do Inconsciente?
por Luís Vasconcellos em PsicologiaAtualizado em 16/06/2000 12:57:38
Nossa história pessoal é permeada de acordos e, desacordos entre as nossas mais naturais tendências e nossa educação adquirida. Do processo de interação entre consciente e inconsciente surge toda nossa complexidade, nossos paradoxais estados de consciência, nossa criatividade, originalidade e diferenciação.
Jung dizia que "O campo consciente é um processo momentâneo (situado e localizado) de adaptação à vida, caracterizando-se por um processo de relativa autonomia, guiado por uma capacidade de julgamento dirigida a um determinado fim ou meta, unilateralidade, persistência, estabilidade, regularidade e fidedignidade. Ele lida bem com a dimensão do ESPAÇO.
Em cada indivíduo é necessário que este processo seja tão estável e definido quanto possível, pois as exigências da vida o exigem. Mas estas qualidades trazem consigo também uma grande desvantagem: o fato de serem dirigidas para um fim encerra a inibição ou o bloqueio de todos os elementos psíquicos que parecem ser, ou realmente são incompatíveis com ele, ou são capazes de mudar a direção pré estabelecida e, assim, conduzir o processo a um fim não desejado. Mas, como se conhece que o material psíquico paralelo é "incompatível"? Conhecemo-lo por um ato de julgamento que determina a direção do caminho escolhido e desejado. Este julgamento é parcial e preconcebido, porque escolhe uma possibilidade particular, à custa de todas as outras. O julgamento se baseia, por sua vez, na experiência, isto é, naquilo que já é conhecido. Via de regra, ele nunca se baseia no que é novo, no que ainda é desconhecido e no que, sob certas circunstâncias, poderia enriquecer consideravelmente o processo dirigido.
A unilateralidade é uma característica inevitável, porque necessária, do processo dirigido, pois toda direção implica unilateralidade aumentando a tensão entre os opostos dentro de nossa natureza maior.
Tendências opostas podem vir a se chocar e mergulhamos em contradições, atos falhos, esquecimentos, conflitos e paradoxos. Quanto mais capazes formos de nos aproximar do Inconsciente tanto menor é a possibilidade de surgir uma forte contraposição, a qual, quando irrompe, pode ter conseqüências desagradáveis.