Distúrbios que levam à SEPARAÇÃO: 2 Opiniões indiscutíveis ?!
por Luís Vasconcellos em PsicologiaAtualizado em 10/07/2000 13:57:35
Você sente com freqüência que está absolutamente certo ?
Existe um universo excludente: o do ponto-de-vista de cada um.
A partir deste nosso tão estimado mirante pessoal ( aliás o CERTO ) não somos capazes de ver o OUTRO como outro EU, com características próprias e funcionamento peculiar - não ! -. Tendemos a vê-lo sob nossos próprios pontos de vista o que dificulta qualquer compreensão para a realidade da existência do OUTRO, como diferente de nós mesmos. Quantas vezes nos decepcionamos, impacientamos e brigamos com o outro pelo fato dele não ter se comportado como nós o faríamos se estivéssemos na mesma situação ???
Com isso estamos defendendo e reafirmando o que achamos certo, o que se deve fazer em situações semelhantes. Contudo nos esquecemos que os mundos de referência dos valores do OUTRO não são idênticos e não geraram conclusões semelhantes nas ADAPTAÇÕES EU/MUNDO do OUTRO.
O "certo para o OUTRO," em uma determinada situação pode ser completamente diferente do modo como o vemos a partir de nossos pessoais pontos de vista e, em assim sendo, não o compreendemos, não aprendemos com ele, não o aceitamos e mesmo questionamos, ainda que não haja certeza alguma em que possamos apoiar nosso pessoal ponto de vista. Ainda assim agimos como se este fosse dotado de validade universal e de conotação indiscutível.
O problema é de percepção antes de ser de consciência, é de conflito entre robôs de programação diferente ou incompatível, mais do que de consciência maturada, experiência de vida ou firmeza de convicções.
O que chamamos de REALIDADE é o mundo real mais o que projetamos nele. Vivemos na nossa REALIDADE e não apenas no mundo real. Portanto, psicologicamente falando, não vivemos no mundo real. Tomamos uma parte dele ou, melhor dizendo, somente as partes que nos são mais agradáveis e o reconstruímos baseados em nossas próprias premissas e necessidades. Enquanto o fazemos nutrimos a convicção de que o real que experimentamos corresponde exatamente à realidade. Desta verdade psicológica nasceu a noção jamais comprovada da objetividade.
É preciso derrubar de vez a idéia, o mito de que vejamos as mesmas coisas e de que o mundo o percebido seja o mesmo para cada um de nós. Nossa real subjetividade e o enorme poder que emoções, afetos, medos, desejos e interesses têm para interferir na nossa percepção e nos resultados dela ( o mundo conforme visto aos nossos olhos).
Duas pessoas podem comungar o mesmo apartamento e ele objetivamente falando tem XY m² , o mesmo endereço e telefone, uma sala, dois quartos grandes e um closed; e assim por diante, mas...
>>> para UM do casal, o apartamento é o lugar para receber bem os amigos, fazer festas onde todos se sintam à vontade ( sem estas coisas chatas de formalismos e preocupações com coisas ) e eles - os amigos - devem aceitar de bom grado qualquer imperfeição ou falha possível, pois são verdadeiros amigos e estes compreendem tudo ( inclusive a ocasional falta de um sofá, a falta de um tapete ou o apertado da sala de estar ): Nenhum dos meus amigos liga, nem vai reparar nisso !
>>> Para o OUTRO do casal receber é um sofrimento, especialmente se a sala está incompleta, se faltam cortinas, se o sofá da sala de TV, que é muito pequeno, tem que ser deslocado para a sala de estar, que nem um tapete ainda tem; e se, principalmente, todos ( certamente ! ) estão percebendo e condenando isso. Na percepção deste, esta casa é um lugar de intimidade e recolhimento e não pode, nem deve, ser invadido por ninguém que não seja íntimo do casal, por isso é tão importante que eles venham cada um à sua vez, para que se crie intimidade primeiro:
É horrível nos relacionarmos com quem ainda não conhecemos bem !