O que é e como identificar o egoísmo nas relações abusivas
por Silvia Malamud em PsicologiaAtualizado em 08/04/2020 11:35:22
A manipulação perversa é uma das mais potentes armas de abuso emocional, de poder sobre o outro e de demonstração de tudo que não é amor. Em suas ações, abusadores perversos habilmente agem em meio à abordagens coercitivas que visam a inserção de sentimentos de culpas, ameaças de retaliação, exclusão, separatividade, corte afetivo e exílio de tudo o que pode fazer parte do ambiente relacional da pessoa-alvo. O objetivo, portanto, não é apenas a conquista da total submissão do outro, mas também o seu aniquilamento.
Por que agem assim?
Pelo adoecimento psicológico, muitos desses manipuladores funcionam como uma espécie de "saco sem fundos ambulante", configuram-se como eternos desejantes querendo absolutamente tudo para si mesmos, como se o mundo estivesse lhes devendo algo que jamais pode ser preenchido, tornando-os cada vez mais insaciáveis.
Como nunca se dão por satisfeitos, imaginam-se no direito de que a tudo podem possuir. Suas atitudes são exemplos exatos de tudo o que pode significar a palavra egoísmo. Em suas fúrias de voracidade, alucinadamente e, em meio a mil e uma estratégias de condutas, seguem conquistando aquilo que vão almejando pelo caminho. O paradoxo é que no final de cada posse, ainda permanecem insatisfeitos na sensação de que o adquirido é efêmero. Navegam, portanto, em meio a um pseudo prazer que tem apenas a duração de um um imperceptível segundo.
Como nunca se realizam por completo, sempre estão à espreita achando que o outro está com o que lhes falta, com o que por direito lhes deveria pertencer. Em nome desse cego pressuposto vão ao infinito atravessando a tudo e a todos fazendo o impossível em nome de efetivarem seus intentos de conquista.
Apesar de serem altamente sofisticados na arte de disfarçar, inclusive a si mesmos, as suas demandas emocionais, um bom percebedor facilmente poderá notar o quanto são altamente invejosos e o quanto almejam tudo o que o outro tem e conquista. Invejam e desejam atributos alheios, invejam e desejam a luz alheia, invejam e desejam identidades, gostos pessoais e tudo o que lhe dá colorido a outro que não ele.
Portanto, não se iluda, não há pacto possível de amizade ou de amor enquanto houver este padrão de adoecimento. Relacionamentos, sejam de qual ordem forem, sempre tenderão ao fracasso.
Se acaso você se der conta que pode estar passando por situações dessa ordem com parceiros afetivos, familiares, amigos ou em relações de trabalho, seja esperto e proteja seus limites de benevolência cega.
Se tiver dificuldades de sair deste tipo de situação sozinho, não deixe de buscar ajuda terapêutica, sua vida vale muito mais do que tentar sobreviver a isso sem conseguir saída saudável. As vítimas de tais abusadores costumam passar por estados depressivos, de desvitalização e de dúvidas sobre si mesmas.
Lembre-se, não há pacto possível quando a fome do outro é insaciável.
Quanto mais despertos, melhor!