O Ser essencial e a questão da Identidade
por Silvia Malamud em PsicologiaAtualizado em 20/03/2009 16:29:53
A identidade é formada pela “interação” entre o eu e a cultura da sociedade. O ser essencial é transformado e recriado num diálogo contínuo com os mundos culturais exteriores e com as identidades que esses mundos oferecem.
Hoje, a crise de identidade é vista como um aspecto de uma atualidade mutante que abala os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social.
Estes são os eventos que atravessam a questão da nossa identidade individual:
- Dominando a natureza, o homem rompe com a própria limitação frente à sua fragilidade física, colocando-se na posição do ser que possui e que faz a sua própria cultura; acontece, porém, que é ao mesmo tempo tomado como refém pela mesma.
“Autonomia e não autonomia coexistem”.
- Além da unidade biológica, que define a consciência sob uma infinidade de conceitos terrenos, ainda há um aspecto mais abrangente que independe do corpo manifesto, que é a identidade genuína, ou o Ser essencial, que por motivos específicos decidiu se experimentar neste ambiente tridimensional e que durante toda a sua existência terrena renunciará a atravessar qualquer véu que a ele se sobrepor em nome de poder se expressar naquilo em que está sendo no momento.
A questão que fica é saber como lidar com o mundo atual sem perder aquilo que identifica o Ser essencial em meio a toda diversidade de experimentações que provocamos e a que somos simultaneamente acometidos.
No momento em que temos uma percepção sobre a síntese de nossa identidade atual é porque já estamos num espaço futuro como observadores de algo já transcorrido.
Este é o momento em que estamos gerando novas sinapses de nós mesmos que pertencerão a um futuro que pode ser conhecido, um lugar onde novos aspectos do nosso eu já se fazem presentes promovendo novos significados, unindo-se à totalidade das nossas experiências existenciais.
A questão atemporal da identidade
- A identidade surge da sensação inominável de plenitude que reside dentro de nós;
- O constante sentimento de falta de inteireza é inerente a todas as consciências que buscam se conhecer mais a partir de suas experiências criativas no plano terrestre;
- Pelas formas criadas, o sujeito pode interpretar a si próprio, dando significado à sua identidade do momento;
- A identidade costuma ser definida apenas de modo linear por sua historicidade e não -como estamos abordando-, por aspectos que envolvem a autonomia do eu numa totalidade mais abrangente
- A questão da identidade surge não na sensação de plenitude da identidade que já está dentro de nós como indivíduos, e sim de uma falta de inteireza que busca ser preenchida a partir do nosso exterior. Buscamos as nossas identidades construindo biografias pessoais que tentam a todo o custo resgatar a nossa unidade no prazer de ter uma plenitude já experimentada. Na nossa percepção, este movimento que monitora indivíduos, colabora para o desenvolvimento de estados implicados em profunda apatia, desagregação e despersonalização, gerando questões sobre identidade, que influenciam as doenças psíquicas da atualidade.
Na atualidade, a crise de identidade inclui aspectos psicológicos da mente, como emoção, consciência (como a totalidade estrutural do ser) bioenergias, influências ambientais e aspectos do físico, como nuances de sistema único em si que a todo o tempo está criando a sua própria realidade, portanto, sua identidade.
A crise na identidade é vista como um aspecto de uma atualidade mutante que abala os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social.
A identidade somente se tornou uma aspecto crucial nesta atualidade, porque sua significação está em crise.
A identidade que sempre se julgou como fixa, coerente e estável está agora sendo desfigurada pela experiência da dúvida e da incerteza.
Identidades estáveis do passado são desarticuladas trazendo a possibilidade da inversão existencial, na busca de um sentido mais genuíno do existir.
Insita (Estimula?) a percepção de que as verdades são de momento e construídas.
E, o principal, empurra o ser humano para o caos e o insere na busca pelo autoconhecimento, muitas vezes buscando um processo terapêutico de ponta que saiba lidar com essas importantes questões existenciais.