Personalidade das Vítimas de Narcisistas Perversos, Predadores Emocionais
por Silvia Malamud em PsicologiaAtualizado em 08/04/2020 11:35:13
Filhos de pais Narcisistas, ou parceiros dos mesmos, desde muito cedo desenvolvem habilidades que imaginam serem "mágicas", quando supõem que se forem bonzinhos ou se fizerem absolutamente tudo o que o outro deseja, finalmente conseguirão controlar as surpreendentes e aterrorizantes variações de humor, somados aos infundados mandatos e julgamentos advindo dos mesmos. Tudo isso para não passarem por situações vexatórias às quais corriqueiramente são expostos, no lugar onde moralmente costumam ser atacados até ficarem emocionalmente desestabilizados. Por conta da armação deste esquema, costumam ser super amáveis e, como característica comum a todos, para eles não existe impedimento possível quando decidem cumprir alguma tarefa em nome do outro.
Solícitos ao extremo, inclusive passando por cima de seus próprios limites pessoais desde muito cedo; são desistentes de suas necessidades básicas, embora não se deem conta. Alguns chegam a suspeitar, mas por conta dessa complexa demanda de sobrevivência, não têm espaço interno para tal clareza autoperceptiva. Freneticamente, tentam agradar ao outro na tentativa de que os seus ambientes interno e externo possam permanecer estáveis.
A proteção a si mesmos fica distorcida quando inconscientemente decidem "proteger", tentando manipular o humor do outro no forma de cuidadores.
Para as vítimas, nas invenções de verdades distorcidas, nos julgamentos indevidos e na variação do humor do outro, reside a ameaça do desamor, do abandono, do desamparo, a angústia, a solidão e, por fim, a sensação de estar vivendo no pior dos mundos. Não percebem que desde muito cedo permanecem em estado de constante tensão e vigília, estado este que se estende para tudo e para todos no medo de uma nova possível aterrorizante e traumática ameaça, vinda da variação do humor e do julgamento perverso deste outro.
Os momentos nos quais conseguem relaxar sempre são por algum olhar que manifeste aprovação. E por mais cordiais que possam parecer, vivem à espreita, reféns de um terror silencioso, no medo de serem atacadas, mesmo que por ameaças veladas.
Precisam que alguém passe a mão em suas cabeças e lhes diga que a parceria está harmônica, de que está tudo bem e que não correm risco algum.
"E como toda situação traumática acaba se repetindo nos mais diversos cenários, acabam buscando parceiros que agem do mesmo modo abusivo a que já foram submetidos, até que um dia possam cuidar de verdade de si mesmos antes de cuidar do outro".
Se esta explanação lhe fez algum sentido, neste momento você pode estar se perguntando sobre como e se é possível sair desta trama. A resposta está no aprendizado de saber que a morada, a sua casa interna que está localizada dentro si mesmo, é e sempre será o seu bem maior. Apenas a própria pessoa pode se cuidar neste nível de entendimento e, portanto, acolher-se na medida certa e de verdade se proteger seja do que for.
Uma das dicas é poder observar com bastante seriedade o que é lesivo à alma, o que não é bom e definitivamente aprender tomando atitudes concretas para se proteger. Se acaso perceber-se ultrapassando limites físicos e emocionais de suportabilidade, precisa cuidar dos seus excessos de benevolência, colocando freio imediato.
Proteja-se contando a si mesmo que não quer maus tratos, que não aceita e nem se permite sofrer por e com pessoas que abruptamente mudam de humor, julgam perversamente ou inventam verdades sobre você. Proteja-se não gastando a sua energia ao fazer de tudo para agradar, na tentativa que os mais próximos permaneçam emocionalmente estáveis e atente que, se acaso mudarem de humor bruscamente, que o real motivo pode muito bem ser apenas uma questão pessoal deles e não sua.
Cuide-se, ativando a sua lucidez e entendendo de uma vez por todas que a culpa das ações infundadas e aterrorizantes do outro é de responsabilidade somente dele.
"Os que cedem demais, os que esquecem de colocar cercas, entram em falência e morrem cedo".