Por que os jovens estão bebendo demais? Alerta geral
por Silvia Malamud em PsicologiaAtualizado em 08/04/2020 11:35:18
Você já passou por aquela sensação de friozinho na barriga, tremores e palpitações quando está prestes para se experimentar numa nova situação?
Provavelmente sim, todos nós, em algum momento de nossas vidas já passamos por isso. Ir a um encontro novo, falar em público, expor uma injustiça, participar de uma prova, são apenas algumas das inúmeras situações que podem nos causar ansiedade em nossas performances.
Mais precisamente, é no início da adolescência que este tipo de sentimento costuma ficar mais em evidência. É a hora em que os jovens recém-saídos de casa se colocam à prova, por exemplo, em suas conquistas amorosas. E para aqueles que estão acostumados a ter tudo o que desejam facilmente na mão, essas ocasiões ameaçam ser a possibilidade da abertura de um verdadeiro colapso emocional em ação. Um inferno para muitos que terão que se submeter sem subterfúgio algum. Nessas horas, de nada valerá ter a calça da hora, um tênis bacana ou o que seja que possa oferecer a ilusão de se está por cima. O que valerá mesmo é o desafio de atravessar a fronteira entre o "sou capaz ou não de conquistar alguém". O desafio também será o de partir para o mundo e ser bem visto, aceito e por fim, de fazer parte.
Para essas situações, a melhor saída seria enfrentar os próprios temores seguindo em frente nas empreitadas, aprimorando-se a partir das próprias experiências, em meio às tentativas, acertos e erros. Com isso, inauguram-se estratégias de ação, conversas com amigos e autopesquisa para que os alvos sejam cada vez mais bem conquistados. Como consequência, de modo natural e pela via da experimentação, alicerces vão sendo criados e a estrutura interna do indivíduo vai sendo construída.
Mas, na sociedade do espetáculo, infelizmente não é bem assim que isto ocorre. O imediatismo, o medo do fracasso e o sucesso a qualquer custo é o que impera. Em troca, substitui-se o ganho de si mesmo que só advém pela experimentação pela sedação e êxtase fácil proporcionados pelo álcool e outras variáveis.
Em vez de se agarrarem nas oportunidades que os desafios da vida trazem para efetivamente crescerem, os adolescente de hoje, crescem permanecendo infantilizados quando fazem uso desses tipos de subterfúgios. Em analogia, seria como aquelas criancinhas que quando a mamãe não está, ficam com as suas fraldinhas e naninhas como ajuda de segurança de início de vida, para lidar com a realidade na ausência das mesmas. A diferença é que como fase evolutiva dos bebês, este quesito está valendo, naninhas em formato de álcool, na adolescência funcionam como um objeto errado, no lugar errado e no tempo errado. Fatalmente antievolutivo.
A sociedade deveria estar mais alerta ao dano emocional que o álcool e outros da mesma ordem provocam em relação a dificultar o desenvolvimento saudável da maturidade emocional dos jovens.
Quanto mais despertos melhor.