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Porque é tão difícil falar em público?

por Sirley Bittú em Psicologia
Atualizado em 20/08/2004 12:49:35


A comunicação é inerente ao ser humano. Precisamos falar, expressar nossas idéias e sentimentos e nem sempre nos sentimos preparados para isso. Nas mais variadas situações que vivenciamos, desde uma reunião informal, um encontro com amigos, ou nos desafios profissionais, somos solicitados de forma direta ou indireta a colocar nossas idéias, objetivos, a compartilhar nossa forma de pensar e perceber o mundo, nossos significados e significantes.

O falar em público, pode tornar-se um grande sofrimento tanto emocional como físico, pois está relacionado ao medo humano de não ser aceito e não ser respeitado. Para seres sociais como nós, a aceitação e o respeito do outro interferem diretamente no desenvolvimento do nosso senso de existência, daí ser um assunto tão amplo e complexo.

O falar em público é para algumas pessoas, uma situação tão ameaçadora que o corpo lança mão de todas as alternativas possíveis para proteger-se. São comuns os relatos de sensação de tremor, taquicardia, sudorese, dores estomacais, dores de cabeça entre outros sintomas físicos. Lembro-me de uma cena que um cliente me trouxe, referindo-se à sua experiência traumática de falar em público... “Senti-me como uma lebre preste a ser atacada por aquele bando de leões!... Só no que conseguia pensar era em como eram eternos aqueles minutos... Não conseguia lembrar-me de uma linha do trabalho que preparei durante dias para apresentar!... Neste exemplo, o medo perdeu sua função natural de proteger a pessoa e a paralisou, bloqueando o acesso a seu arsenal de conhecimento que traria com ele toda a segurança e tranqüilidade necessárias para executar a tarefa que se propôs. Todas as possibilidades de usar seus recursos próprios para sair daquela situação desapareceram, como se o indivíduo perdesse durante aquela fração de segundos sua identidade.
O conhecimento que “colecionamos” durante nossa vida, nos define e com isso nos norteia em nossas escolhas e atitudes. O conhecimento que temos de nosso íntimo, de nossos desejos, gostos, características, potenciais e limitações é o que nos dá a sensação de força ou de fragilidade perante os desafios que surgem na vida.

A segurança é um sentimento construído a partir deste tipo de conhecimento pessoal, e a insegurança é construída por nossos mitos, nossas verdades inquestionáveis e principalmente nossos medos. Em situações de stress, alguns indivíduos geralmente perdem esse link interno, essa bússola pessoal, perdendo os próprios parâmetros. Nesse momento os medos e as fantasias tomam conta trazendo um espaço onde o outro (ou os outros) sempre ocupa um papel de perseguidor forte, destemido, feroz e principalmente cruel.

Outro ponto importante na dificuldade de falar em público, além da insegurança interna, é a busca por um modelo construído por nossas idealizações e fantasias do perfeito, imaginário e que não é real. A ilusão é necessária para o desenvolvimento emocional pois precisamos do sentimento de segurança que ela proporciona, a realidade é necessária, pois precisamos da objetividade que ela nos traz, nos dando a sensação de existir concretamente, sermos vistos, olhados amados, e aceitos, traz consigo a certeza de existirmos. A maturidade emocional conta com esses dois pontos de apoio, pois da área da ilusão nascem a fantasia e a esperança que auxiliam e aconchegam e da área de realidade nasce o mundo objetivo que dá segurança e concretude.

São inúmeras as situações onde o medo atua desta forma; o conhecido “branco” que aparece em situações de testes ou avaliações das mais diversos é o mais comumente relatado entre esses sintomas. O medo da exposição está ligado ao medo da avaliação negativa, da reprovação e principalmente do ridículo.
Todos esses medos fragilizam a coragem e a autodeterminação, travando os conhecimentos que o indivíduo possui sobre si mesmo, seus valores e suas competências, tornando-os inacessíveis.

E de onde nasce isso tudo?

A forma como nos apresentamos no mundo, está diretamente relacionada à percepção que temos sobre nós mesmos, cada detalhe que compõe essa apresentação está carregada de mitos e verdades pessoais, características e peculiaridades, construídas ao longo de nossas vidas. Como nos vestimos ou como utilizamos as palavras, nossos gestos, gostos e preferências, contam um pouco de nós, de nossa cultura e de nossas crenças.

E qual o caminho par resolver essa dificuldade?

O caminho mais eficaz é o desenvolvimento de sua auto-estima e o fortalecimento de sua segurança interna, buscando identificar e desatar os mitos pessoais que interferem negativamente em sua autopercepção.

Este é um caminho de autoconhecimento e pode ser feito através da psicoterapia. Neste processo você terá um espaço protegido para cuidar dessas e de outras questões de ordem emocional que muitas vezes atravancam sua vida, trazendo sofrimento e impedindo seu desenvolvimento pessoal.
Da mesma forma que procuramos um especialista para tratarmos das dores do corpo, muitas vezes precisamos de um especialista para tratar das dores emocionais, ajudando a tornar nossa vida mais prazerosa e feliz.


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Sirley Bittú é Psicóloga Especialista Clínica pelo Conselho Federal de Psicologia
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
Consultório (11) 5083-9533
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