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Sua vida é tentar agradar o outro?

por Silvia Malamud em Psicologia
Atualizado em 08/04/2020 11:35:12


Na maioria das vezes, parece que as pessoas não se incomodam sobre o quanto podem estar agindo em detrimento de si mesmas. Acostumadas a ultrapassar as suas próprias linhas vermelhas de limite interior, constantemente se machucam optando por deixar de sentir suas próprias dores em nome da suposta felicidade do outro.
E caminham como zumbis, na cega jornada de apenas querer agradar e, por fim, quem sabe, poderem ser vistas.

Nessas relações, mesmo que não se saiba claramente, um comércio inconsciente acaba ocorrendo. Almas e mais almas são barganhadas em nome da promessa de afeto. A busca sempre é a do sentimento de pertencimento, do sentimento de ser um alguém para o outro. Um estado de constante agonia em nome de minimamente se sentir importante, de ser reconhecido na dor da solidão e do desamparo.

Todo aquele que optar por abandonar definitivamente a versão de realidade na qual permanece obsessivo, ora seduzindo, ora encantando, ou mesmo buscando adivinhar os desejos mais secretos da pessoa-alvo tentando satisfazê-la, poderá mudar radicalmente para muito melhor o seu bem-estar.
Se você se trabalhar para honrar o que quer, bem como o que deseja, automaticamente, estará ocupando um novo trono: que é o lugar daquele que pode escolher e não daquele que é escolhido.

Certa vez, uma cliente numa sessão de EMDR entrou em contato com a dor da sua angústia, dizia que a mesma estava localizada bem no meio do seu peito. "Dor essa que quem tem esse tipo de angústia profunda conhece e sabe", dizia ela. Quando começou a reprocessar sua dor, sentiu-a profundamente e pôde chorar. Na medida em que ia chorando, foi sendo a mãe de sua própria dor e com a mão no local da dor, também foi acolhendo a si mesma. Ainda durante o reprocessamento, lembrou-se de um tempo distante onde chorou parte dessa sua dor no colo de uma antiga professora, mas mesmo assim, naquele momento, não havia dado conta de chorar tudo o que necessitava. Finalmente, após vários anos, pôde fazê-lo na sessão de EMDR. Muitas situações de desamparo, nas quais se sentiu acuada a fazer o que seus pais determinavam, iam repassando como um filme em sua mente, em seu corpo, e tocando seus mais profundos sentimentos.
E como num trauma precoce, na medida em que a paciente ia revivendo as suas questões, conseguiu se libertar, deixar de ser refém do olhar dos outros, refém do amor condicional que havia vivenciado. Seus pais eram muito bravos e, neste caso específico, a cliente temia que, se acaso não fizesse o que eles queriam, iria perder o amor deles e, por consequência, não conseguiria sobreviver. Pessoas com pais muito "relaxados" também podem ter a mesma sensação e por aí vai, cada experiência inicial de vida, com resultados emocionais distintos, somadas à uma diversidade de crenças criadas sobre si mesmo e sobre a realidade. Cada caso é um caso único e a mente, por algum motivo, quando somos pequenos, realiza as situações de vida muitas vezes como se tivesse que agradar a todos para ser amada, para existir...

Depois deste reprocessamento, a cliente começou a sentir mais clareza e pôde perceber melhor o que é o seu próprio desejo e o que é o desejo do outro. Ficou mais centrada em si mesma. A dor no peito deixou de incomodar.
Apenas começamos a desenhar a nossa própria existência, quando conseguimos deixar de ser a sombra do desejo do outro.

O fato de se saber o que se quer e o que não se quer nos coloca em constante estado de mutação e de liberdade criativa para nos experimentarmos e irmos além do que foi planejado ou imposto à nós mesmos.

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silvia
Silvia Malamud é colaboradora do Site desde 2000. Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem direta a memórias do inconsciente.
Tel. (11) 99938.3142 - deixar recado.
Autora dos Livros: Sequestradores de almas - Guia de Sobrevivência e Projeto Secreto Universos

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