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Você só sente segurança em um mundo imutável ?

por Luís Vasconcellos em Psicologia
Atualizado em 19/06/2000 22:30:42


Tratos são impermanentes e devem estar abertos para renegociação assim que alguma condição que reinava quando da feitura do mesmo se altere. A mera existência de um fator novo, mas de monta, motiva sua revisão.
Por isso é importante que o casal esteja sempre e permanentemente aberto para renegociação. O maior obstáculo visível para que este estado de prontidão aconteça é o hábito, a rotina e a acomodação ao passado já vivido. De fato, ambos estão imersos em um mundo em permanente mudança e transformação no qual as condições reinantes se modificam enormemente vez ou outra.
Se estamos abertos ao outro verdadeiramente, temos de ser capazes de revisões profundas - se for o caso - e de transformações rápidas quando a situação o exige. Esta condição é esperada diante do mundo não familiar ou "desconhecido", mas no nosso mito internalizado, não deve existir ou mesmo ser evitada no mundo conhecido e familiar. É desta forma que nos tornamos adaptados e conformados a situações que se tornam então aparentemente imutáveis e permanentes.
O robô se instala em nós no momento em que perdemos a prontidão e passamos a existir em um mundo ilusoriamente imutável ou permanente. Em geral crianças novas estão em condição de prontidão e adultos jovens já começam a perde-la. Em um casal mediano os tratos são encarados como permanentes e se o outro aceitou uma determinada condição, então isto deve durar para sempre e nunca mais exigir adaptações novas nem esforço suplementar. O hábito é mesmo economia orgânica de energia, especialmente a mental...
Contudo, no casal maduro, uma decisão tomada sob determinadas condições é, ou deve ser, prontamente abandonada em prol de outra melhor adaptada às condições novas ou que cambiaram.
Vemos filmes cheios de robôs e andróides. Nada muito valioso tiramos disso. Se o assistimos a partir de nossa totalidade, veremos que cada um de nós em vastas áreas é um robô programado, que age de forma automática na maioria das situações e que quase não reflete sobre seus próprios programas, apenas os executa. Se nos damos conta do robô que há em nós, podemos "entrar mais" no significado e na conotação metafórica do filme.
Quem não ri ao ver a dificuldade do rôbo para lidar com uma situação nova para a qual não foi programado ?! Quem não se diverte com as limitações em sua "perfeita lógica" e que ele demonstra não ter qualquer capacidade de perceber ?!


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luis
Luís Vasconcellos é Psicólogo e atende
em seu consultório em São Paulo.



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