Doutor, eu ouço vozes! - Parte 3
por Mauro Kwitko em Vidas PassadasAtualizado em 09/01/2004 16:21:02
Iniciei minha vida de terapeuta como médico alopata, especializado em Pediatria, mais tarde fiz cursos de formação em Homeopatia e em Terapia Floral, e me tornei psicoterapeuta. E embora fosse simpatizante da doutrina espírita e trabalhasse há vários anos como médium em Centros Espíritas, não percebia que estava exercendo uma psicoterapia contrária às minhas crenças.
Eu conversava com meus pacientes sobre sua vida, sua personalidade, suas interações com outras pessoas, seus conflitos, suas dificuldades, e o mais longe que íamos nas conversas era até a sua infância. Como qualquer outro psicoterapeuta, acreditava encontrar lá a origem de seus sintomas. Nas consultas, a mágoa, a raiva, a baixa auto-estima, os medos, etc., tinham de vir da relação com a mãe ou com o pai, tudo tinha de vir daí – de onde viria se não da infância? Tudo aparentemente encontrava explicação nas interações daquela época. A causa das fobias e do pânico era mais difícil de encontrar, mas cavoucando, sempre parecia que encontrávamos.
E assim eu ia tratando meus pacientes, sendo um reencarnacionista no meu Centro Espírita e um não-reencarnacionista no meu consultório. E não percebia que estava sendo contraditório. Eu não me perguntava: e a Reencarnação? E antes da infância? Mas isso começou a mudar quando fiz um curso de Terapia de Regressão; comecei a realizar regressões e passei então a escutar relatos e mais relatos de encarnações passadas das pessoas regredidas conscientemente. Enquanto eu não lidava com a regressão, ir somente até a infância do paciente nunca me pareceu uma limitação, afinal de contas, não é isso o que os psicoterapeutas fazem? Analisar a infância, entender a "formação da personalidade" do paciente, buscar a origem da mágoa, da raiva, da sensação de inferioridade, dos medos, etc., lá no início da sua vida, isso é o normal, é assim que todos trabalham.
A Psicologia oficial, em todas as suas linhas, afirma que nossa vida começa na fecundação, que nós formamos nossa personalidade na infância, o que quer dizer que antes disso não havia nada, nós não existíamos, começamos a existir nessa vida. E ela lida com as coisas desse modo pois é uma estrutura oficial, institucional, herdeira das idéias não-reencarnacionistas das Igrejas dominantes aqui no Ocidente, como expliquei na Parte 2. Não foi Deus, não foi algum Ser superior que ditou que a Reencarnação não existe, foram homens, e esses homens não imaginavam o quanto essa sua equivocada decisão influenciaria os séculos seguintes, na Religião, na Ciência e também na Psicologia.
Também a Medicina do corpo físico, a Alopatia, é herdeira dessa decisão, pois só o que é visível pode existir... Essas são as "verdades" de hoje e os médicos e os psicólogos nem imaginam que acreditam e praticam essa Medicina e essa Psicologia devido àquela decisão. Como uma simples decisão de alguns poucos homens consegue atrasar tanto a evolução da humanidade!
Hoje temos uma Medicina que não consegue realmente curar, apenas paliar, pois acredita que as doenças iniciam no nosso corpo físico e devem ser curadas nele, quando na verdade elas iniciam em nossos pensamentos e sentimentos, e esses é que devem ser tratados e curados!
Temos uma Psicologia que lida com um "início" na infância e um equívoco que é a formação da personalidade, quando na verdade nós somos um Ser (Espírito) retornando para a Terra, trazendo a nossa personalidade das encarnações passadas (Personalidade Congênita) e temos uma Psiquiatria que acredita que a doença está no cérebro e deve ser tratada com medicamentos químicos, quando a doença mental é imaterial e causada ou fortemente influenciada por ressonâncias de nossas encarnações passadas e em influenciações negativas de seres desencarnados (obsessores).
Quando comecei a realizar regressões em meus pacientes, o que mais me impressionou não foi escutar suas histórias em corpos de outro sexo, outra nacionalidade, outra cor, outra classe social, etc., pois isso eu já sabia que era assim. Eu já sabia que encarnamos como homem, mulher, branco, negro, rico, pobre, brasileiro, americano, judeu, árabe, etc., dependendo da necessidade evolutiva espiritual que temos no momento. O que me deixou admirado é que, independentemente desses fatores relativos à sua "casca", as pessoas regredidas referiam uma maneira de ser, de pensar, de sentir, muitíssimo parecida encarnação após encarnação, como ainda hoje! Ou seja, uma pessoa autoritária, agressiva, era assim nas suas encarnações passadas; alguém tímido, medroso, via-se assim lá atras; um paciente magoado, com sentimentos de rejeição e abandono enxergava-se dessa maneira em suas encarnações passadas; alguém deprimido já era deprimido há séculos, e isso não aparecia em um ou outro paciente, isso demonstrava-se sempre, em todas as sessões de regressão!
Ouvi, e ouço, histórias de pessoas que estão há centenas ou milhares de anos reencarnando para melhorar essas características negativas, com um resultado muito pequeno, repetindo sempre o mesmo padrão, e que, hoje em dia, são ainda extremamente parecidos como eram! Nós reencarnamos para melhorar nossas tendências inferiores mas se avaliarmos o quanto temos conseguido melhorar isso em nós nessa atual encarnação, podemos fazer uma projeção semelhante para nossas últimas oito ou dez encarnações.
Aí comecei a ficar admirado por “admirar” essa "descoberta", pois se sou Espírita e acredito que somos um Ser imortal que muda apenas de "casca" de uma encarnação para outra, o óbvio não é, então, que mantenham-se as nossas características de personalidade de uma vida terrena para outra? A essa personalidade que é nossa, que vem nos acompanhando encarnação após encarnação, chamei de Personalidade Congênita, e aí começou a estruturar-se a Escola de Psicoterapia Reencarnacionista. Mais tarde encontrei esse termo em "Obreiros da Vida Eterna", de André Luiz, psicografado por Chico Xavier, em uma palestra do Dr. Barcelos, psiquiatra desencarnado, no Nosso Lar, quando ele diz "...Precisamos divulgar no mundo o conceito moralizador da personalidade congênita, em processo de melhoria gradativa, espalhando enunciados novos que atravessem a zona de raciocínios falíveis do homem e lhe penetrem o coração, restaurando-lhe a esperança no eterno futuro e revigorando-lhe o ser em suas bases essenciais. As noções reencarnacionistas renovarão a paisagem da vida na crosta da Terra, conferindo à criatura não somente as armas com que deve guerrear os estados inferiores de si própria, mas também lhe fornecendo o remédio eficiente e salutar... Falta aos nossos companheiros de Humanidade o conhecimento da transitoriedade do corpo físico e o da eternidade da vida, do débito contraído e do resgate necessário, em experiências e recapitulações diversas... Faltam às teorias de Sigmund Freud e seus continuadores a noção dos princípios reencarnacionistas e o conhecimento da verdadeira localização dos distúrbios nervosos, cujo início muito raramente se verifica no campo biológico vulgar mas quase que invariavelmente no corpo perispiritual preexistente, portador de sérias perturbações congênitas, em virtudes das deficiências de natureza moral, cultivadas com desvairado apego, pelo reencarnante, nas existências transcorridas.
A evolução espiritual do ser humano é lenta porque, a cada encarnação, temos a sensação ilusória de que estamos vivendo uma "vida" e que tudo que temos de inferior em nossa personalidade e sentimentos foi criado na infância pelos "vilões". Aliás, devíamos mudar o termo “vida” para “passagem”, “nascimento’ para “chegada” e “morte” para “subida”, que são termos mais reais. E, então, uma das finalidades da Escola de Psicoterapia Reencarnacionista é auxiliar as pessoas a recordarem-se de que somos Espíritos eternos, passando mais uma vez por aqui, que essa "vida" é apenas mais uma passagem, que descemos do Plano Astral e, um dia, vamos subir para lá de novo. E depois continuaremos a descer e a subir, descer e subir, descer e subir, até ficarmos puros.
O pilar básico sobre o qual fundamenta-se a nova Psicologia, reencarnacionista, é a Personalidade Congênita e o trabalho principal do psicoterapeuta reencarnacionista é auxiliar seu paciente a recordar-se da busca da evolução espiritual, da purificação. Deve ajudá-lo a aproveitar essa atual passagem, a fazer uma releitura de sua infância a partir dos princípios reencarnacionistas, a entender porque nos reencontramos com seres com os quais trazemos conflitos de encarnações passadas, por que necessitamos passar por situações aparentemente negativas, desagradáveis (A Lei do Retorno, etc.).
Essas descobertas e constatações é o que pretendo transmitir, e espero sinceramente que as minhas reflexões sobre o conflito entre o nosso Eu Real (a Essência) e as ilusões do nosso Eu Temporário (a Personalidade terrena), ajudem as pessoas a encontrarem-se consigo mesmas e assumirem com mais confiança e determinação o objetivo final de todos nós: a evolução espiritual (purificação). Nada disso é novidade para os espíritas e para todos que acreditam na reencarnação, mas agora essas questões estão sendo colocadas na Psicologia.
A Psicoterapia Reencarnacionista, a nova Psicologia baseada na reencarnação, veio para ajudar a nos libertarmos das ilusões e das fantasias terrenas e a nos apegarmos firmemente aos aspectos realmente absolutos e eternos do nosso Caminho. A seu tempo, essa visão reencarnacionista ajudará a Psicologia oficial a libertar-se das suas amarras e os psicólogos e os psiquiatras que acreditam na reencarnação não precisarão mais ater-se a uma visão que analisa a vida de seus pacientes apenas a partir da infância, pois essa nova Escola aí está, ao acesso de quem se interessar, os cursos estão abertos, tenho escrito livros, realizado palestras e agora é uma questão de tempo. Em breve teremos duas Psicologias: uma que lida com essa vida apenas, para os profissionais que não acreditam na reencarnação, a ser utilizada nas pessoas que também não lidam com isso, e uma que lida com a vida eterna, que é a Psicoterapia Reencarnacionista, baseada na reencarnação, para quem acredita nela. É uma questão de coerência.