A INUTILIDADE DA CULPA
Herdamos uma religião que supervaloriza o pecado e acredita em sua implacável punição vinda do julgamento de um Deus severo.
Vale a pena perceber a diferença entre o sentimento de culpa e a condenação de culpado. Sentir-se culpado é um fenômeno freqüente, comum em nossa cultura. Qualquer pessoa pode ter sentimentos de culpa por tudo o que faz e até pelo que deixa de fazer. Esses sentimentos se originam de um elemento cultural que se desenvolveu em nossa civilização através do cristianismo, a partir do judaísmo. Costumamos chamar nossa civilização de judaico-cristã ocidental porque o elemento religioso é uma de suas determinantes fundamentais.
Herdamos uma religião que supervaloriza o pecado e acredita em sua implacável punição vinda do julgamento de um Deus severo. O conceito de pecado é bem mais difuso ou encarado de forma menos severa.
Nossa civilização está imersa em um sentimento de culpabilidade relacionada com a crença de que somos responsáveis por nós mesmos como se fôssemos nossos próprios criadores e não meras criaturas feitas pelo Criador de todo o universo. Tal sentimento é estimulado pela influência da religião e também por uma idéia arrogante a respeito do nosso poder sobre quem somos e como nos formamos.
Na verdade, nós não nos escolhemos, apenas existimos e devemos tentar ser o melhor que pudermos. Por outro lado, culpa é um conceito bem mais definido, relacionado com nossa responsabilidade social e legal sobre quem somos e o que fazemos.
Quando nos damos conta de que não existe nenhuma prova, nem ao menos alguma evidência de que tivemos a possibilidade de escolher ser a pessoa que somos, muito menos de que escolhemos nossos pais, nossa família, o ambiente em que fomos criados, percebemos que não nos cabe nenhuma responsabilidade por sermos a pessoa que somos. O que podemos fazer é administrar nosso destino, dentro das limitações que a origem de cada um de nós nos criou.
Somos responsáveis sim pelas nossas escolhas em relação a como queremos viver, se, sentindo-se culpados e doentes, ou livres e responsáveis pelas nossas vidas.
Por: Luiz Alberto Py - https://www.albertopy.com.br
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