A TERRA É NOSSA MÃE
A Terra é a nossa mãe. Dela recebemos a vida e a capacidade para viver. Zelar por nossa mãe é a nossa responsabilidade e, zelando por ela, zelamos por nós próprias. Todas as mulheres são manifestações da Mãe Terra em forma humana.
Assim diz a Declaração das Mulheres Indígenas em Beijing/China na Conferência da Onu em 1995.
Diante dessa afirmação tão atual, devemos unir mais forças para a construção de uma sociedade sustentável baseada no respeito fundamental pela natureza e pelos direitos humanos, objetivando a evolução da vida e dos seres humanos.Estamos aqui para isso!
Essa é a base para a construção de uma sociedade em que a exclusão social, as intolerâncias, a falta da cultura da paz e injustiças sociais, raciais e econômicas não tenham mais vez, nunca mais!
Quando queremos bem a alguém, ou amamos essa pessoa devemos declarar constantemente esse amor, através de atitudes, olhares, pequenos gestos, responsabilidades a essa pessoa. Se a magoamos constantemente com palavras rudes, violência ou falta de perspectivas futuras, enfraquecemos o ser amado. A auto-estima dele se enfraquece e enfraquecem todos que estão a seu redor. Assim é com o Planeta e com todos os seres viventes dele.
Seres humanos são iguais nos seus princípios de vida, independentes de cor, religião, nacionalidade, etnicidade, gênero, etc. Mas, na realidade as diferenças existem e se reforçam por uma questão de sobrevivência contra sistemas de poder, impostos desde os primórdios da civilização. Muita gente ainda não entende isso ou não quer entender e questiona as lutas por segmentos, numa atitude xenófoba e intolerante.
As lutas e guerras são passageiras, apesar de seculares. Os sistemas de cotas políticas para indígenas, negros, deficientes são passageiros, apesar de enfáticos. A luta pelos direitos indígenas é passageira, apesar do genocídio. A luta pelos direitos das mulheres é passageira, apesar de tantas dores, sofrimentos e opressão. A luta pela igualdade racial é temporária apesar da escravidão e néo- escravidão. O estado de conflito é passageiro. Na realidade o estado natural do planeta é estar em evolução, não em guerras e conflitos. Lamentavelmente vê-se estado de conflito para chegar ao estado de paz.
Todas essas lutas pela vida e sobrevivência são uma forma de afirmar e reforçar que estamos ali, quando o Criador nos colocou ali, simplesmente para viver bem a vida e contribuir com o Planeta e o bem caminhar dos seres humanos. Mas o PODER distinguido da Humanidade não quis assim. Mentes assassinas, covardes, preconceituosas, racistas, moralistas, fracas de espírito, machistas surgiram em nome do poder político, social e econômico para poluírem o Planeta. Por isso a desfragmentação em segmentos de classes sociais, raças, etnias desdobramentos afins, como uma forma de unir forças contra esse dominador.
Na realidade somos cidadãos e cidadãs do mundo. E se estamos em perfeito estado de amor e harmonia, do topo do mundo podemos ver o quão grande e bonita é a humanidade, a partir da verdadeira igualdade entre todos os seres do Planeta Terra e podemos perceber a beleza que somos enquanto células planetárias. A PARTIR DESTA CONCEPÇÃO SE INICIA A CURA DO PLANETA! E a paz advém.
Na Conferência Mundial do Meio Ambiente, promovida pela ONU em 1992, houve um sentimento globalizado daquilo que Povos Indígenas vêm contribuindo com a Humanidade: A defesa do meio ambiente através da sustentabilidade e o estar no mundo de forma holística.
Mas como manter essa filosofia, se localmente as mulheres indígenas e suas crianças estão vivendo desumanidades, mortes prematuras e estado de fome e miséria? As mudanças são na teoria? São nos livros? São nas palavras?Porquê os governos não reconhecem a dívida histórica que possuem para com Povos Indígenas?
Está na hora de declarar nosso amor ao próximo de forma concreta, não somente em palavras. Assim estamos garantindo o futuro das gerações e o amor entre as pessoas:
Por isso mulheres, “Meu ego, não pode ser mais forte que minha alma. Minha alma é ancestral, meu ego não pode dominar minha verdadeira história. Faço agora um acordo entre meu ego e minha alma. Minha alma é primeira, é forte é intuitiva; ela é ética, pra não dizer pura, minha alma é terna, eterna amante, indígena. Mas meu ego, condicionado pela cultura dominante, me leva para a escuridão terrena, celestial, marítima,onírica e filosófica. Conduz minha auto-estima para os porões. Não mulheres do mundo! Não aceitemos mais. Não, não, não, não, não! Meu ego não pode ser mais forte que minha alma, minha essência de mulher selvagem, indígena, essencial à preservação digna do planeta e dos seres humanos. Basta de violência. Nós somos lobas. Somos músicas que ecoam no etéreo.
Nós somos focas. Nós somos Humanidade e sabemos o que é digno pra nós. Nossa pele de foca brilha de novo.Ouçamos definitivamente nossas velhas e velhos”.
Trecho do livro “Metade cara. Metade Máscara”, EDITORA global, ELIANE POTIGUARA.
https://www.elianepotiguara.org.br
https://groups.yahoo.com/group/literaturaindigena
https://www.fotolog.terra.com.br/elianepotiguara(subsídios para técnicos e escolas)
https://www.inbrapi.org.br
*Eliane Potiguara é escritora e professora, 54 anos, Diretora do Inbrapi(Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual). Coordena o Grumin/Rede de Comunicação Indígena.
Recebido de Soraya Souza
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