ADEUS à CULPA
LIÇÃO 14 - Parte 3
"BOTÕES DETONADORES" COMO PROFESSORES
Um dos benefícios de viajar e dar palestras é que sou sempre desafiado a colocar em prática os conceitos que ensino. Esses desafios me relembram de que sempre ensinamos o que queremos aprender.
Um de tais desafios ocorreu há alguns anos atrás, enquanto eu estava num tour de palestras, na Austrália. Em minhas viagens, por todo o país, eu era convidado a fazer muitas entrevistas na TV e no rádio. Em Sydney, eu encontrei um entrevistador de um programa de rádio que, através dos olhos do meu ego, me pareceu muito hostil. Para que ele fique anônimo, vou lhe chamar Roger. Ele começou o diálogo me dizendo que achava minhas idéias muito sem fundamento, vazias e sem substância. Acredito que a maioria das pessoas iriam descrever sua técnica de entrevistar como provocante, agressiva ou desvalorizadora.
Devo admitir que a minha primeira reação foi a de medo e que estive tentado a me defender. Roger apertou meus "botões detonadores." Porém, antes de lhe dizer qualquer coisa que lhe tivesse causado e a mim, dor, culpa e separação, eu pude parar e me relembrar de que o que eu queria realmente era paz de espírito. Decidi não me defender. Ao invés de achar que Roger estava me atacando, escolhi vê-lo como cheio de medo e me pedindo ajuda para que conseguisse amar. Pelos próximos minutos, concentrei-me em lhe mandar pensamentos amorosos, sem qualquer expectativa de mudar o seu comportamento. Foi interessante notar, porém, que durante os últimos dez minutos da entrevista, suas observações ficaram mais suaves um pouco.
Naquela noite eu fiz uma palestra. Imagine o meu assombro que vi meu entrevistador daquela manhã sentado na terceira fila!
No dia seguinte eu recebi um telefonema de Roger. Pareceu-me muito amigável e me perguntou se poderia conversar comigo sobre um problema pessoal seu, que estava lhe causando muito conflito. Eu lhe disse que sim e ele veio até o meu quarto de hotel.
Roger parecia um homem completamente diferente do que eu encontrei na estação de rádio. Estava gentil, amigo, e - para minha grande surpresa - parecia que confiava em mim. Ele me confiou detalhes íntimos sobre si mesmo que acho que a maior parte das pessoas ficaria relutante de me contar numa primeira entrevista. Ficou claro que se senti seguro comigo.
Durante nossa discussão, meus pensamentos me levaram à entrevista que me fez na rádio e me senti agradecido por ter podido me manter sem revidar. O meu palpite é que a maior parte das pessoas que interagiam com ele revidavam os seus ataques - e mais tarde ele me confirmou que isso era verdade. A culpa que senti com relação a sua própria raiva era muito grande - e eu me concentrei em lhe ajudar a se desligar de sua atração pela culpa. Mais tarde ele me escreveu uma carta de agradecimento pela ajuda que tinha recebido minha.
Antes de ter seguido o caminho espiritual, tenho a certeza de que com minha personalidade de então eu teria ficado defensivo e teria atacado Roger durante nossa entrevista no rádio. Ambos terminaríamos sentindo dor, culpa e sentimentos de estarmos separados e sem amor.
Roger para mim era uma clara testemunha de que quando você muda sua mente, enxerga um mundo diferente. He me demonstrou que você pode escolher a paz, ao invés do conflito e o amor, ao invés da culpa. Mais uma vez eu aprendia que podemos curar os nossos relacionamentos no momento em que dissermos "adeus à culpa." Quando não vemos mais valor em nos considerarmos vítimas ou não investimos mais em sermos defensivos e em atacar outros, teremos a experiência do amor.
Todos os dias nos são oferecidas novas oportunidades de colocar em prática a lição de hoje. Não há qualquer aspecto de nossas vidas diárias que não se benefiariam se nos libertássemos da atitude defensiva e do medo de ser atacados e descansássemos na segurança e na proteção do amor de Deus. Minha experiência continua a confirmar que todas as interações conflitantes que temos com outras pessoas, não importa a forma que tenham, são apenas variações do jogo de culpa.
Minha segurança reside em não revidar.
Uma resposta defensiva a um mundo "agressivo" não funcionará, pois aumenta nossos próprios sentimentos de fraqueza e vulnerabilidade. Apenas as pessoas medrosas acreditam que as defesas as protegem, sem reconhecer que assim ficam presas numa cadeia de ataque e defesa. No entanto, não revidar é ter força e isso não pode ser atacado. Hoje eu reconheço que as defesas não podem nos proteger, mas que, muito pelo contrário, elas fazem o oposto do que desejamos.
Passos para Integrar a lição de hoje em nossas experiências do dia-a-dia:
1. Pense em alguém que você sente que lhe agrediu no passado e a quem você não perdoou. À medida que pensa nessa pessoa, diga para si mesma: "(Cite o nome), eu lhe libero e sei que ambos estamos seguros e cercados pelo amor de Deus. Sinto-me sereno e confiante de que nada pode ferir a você, ou a mim."
2. Repita para você, frequentemente, durante o dia todo: "Todas as vezes em que me defendo de alguém, estou na verdade atacando ele/ela e privando de amor aquela pessoa e eu mesmo."
3. Durante o dia todo, quando se sentir tentado a agredir alguém, repita para si mesmo: "Na minha não agressão reside minha segurança e força. Escolho deixar a fraqueza para trás, hoje."
4. Se você vir, ou ouvir dizer que alguém está sendo agredido hoje, lembre-se de que o seu propósito é extender o amor, ao invés de se identificar com o "agressor", ou com a "vítima." Escolha, então, a forma de amor mais apropriada para que expresse na situação.
5. O que se segue é uma receita para lhe prevenir de ver os outros como agressores e você como estando na posição defensiva: aquiete sua mente e determine se há quaisquer pensamentos de culpa sendo guardados por você. Perceba que esses pensamentos são indesejáveis, irreais e sem valor. Liberte-se desses pensamentos. Deixando-os ir embora, não ficará tentada a projetá-los nos outros.
Você pode aplicar um exercício por dia ou aplicar o mesmo exercício durante a semana toda. Para melhor aproveitamento, faça uma pequena meditação colocando a frase principal do exercício em evidência na parte da manhã (mínimo 5 min) e à noite, antes de dormir. Procure seguir as diretrizes de cada lição para que você tenha maiores benefícios.
Exercícios retirados do livro "Goodbye to Guilt", de Gerald G. Jampolsky, Bantam Books.
www.cca.org.br
Acesse a Parte 2...
Deixe seus comentários:
As opiniões expressas neste artigo são da responsabilidade do autor. O Site não se responsabiliza por quaisquer prestações de serviços de terceiros, conforme termo de uso STUM.