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Amor e Possessão

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Leila Maria teve um acidente insignificante, quando entrava numa Cooperativa em Santo André. Esbarrou na porta de entrada, sentindo uma pequena dor, na altura do ombro. Dois meses antes, teve um fato impactante em sua vida. Seu noivo morreu em grave acidente. Uma semana depois do pequeno acidente na cooperativa começou a sentir uma sensação estranha, um torpor e muita dor no braço. Levantou a blusa e ficou espantada. No lugar da batida, surgira uma ferida. Foi até a farmácia e o atendente fez um curativo. No dia seguinte, voltou lá e pediu que fosse refeito o curativo, pois doía muito o braço. O atendente tirou a bandagem e ficou perplexo, a ferida estava coberta por um material estranho, uma pequena quantidade de lixo, como se alguém tivesse tirado do chão e colocado ali. Deu uma bronca na moça, entendendo que ela tivesse feito aquilo e refez o curativo, tomando o cuidado de fazer um pequeno gesso, para proteger o ferimento.

Leila nesses dias estava sempre estranha. Pesadelos constantes e uma sensação de ausência. Sua mãe, aconselhada por uma vizinha, levou a moça no Centro Espírita do qual eu participava. Decidimos ir até a casa, fazer um trabalho de apoio e orientação direto com a família. Analisado pelos Amigos Espirituais, o caso foi definido como um processo de obsessão. Um Espírito estava interferindo nos padrões mentais e comportamentais de Leila. Descrito o Espírito por um integrante do grupo, a mãe disse que o tal Espírito era o antigo noivo, desencarnado recentemente. Evocamos, numa das reuniões esse Espírito e ele foi bem taxativo: “A Leila não será de ninguém, eu a quero do meu lado, no lugar onde estou vivendo agora”. E nunca mais aceitou vir conversar com o grupo. Ficando sempre à espreita quando realizávamos as sessões de apoio e esclarecimento.

De volta à farmácia, a Leila foi examinada pelo farmacêutico. Ele tirou o gesso com a bandagem e para surpresa de todos, de novo o lixo estava lá e a ferida mais feia. A Leila continuava com os sintomas e nem ia mais trabalhar, ficando dentro de casa o dia todo. Passado um mês de assistência espiritual, nosso grupo não evoluiu no processo. O Espírito não cedia em suas intenções e a moça piorava.

Um dia, a mãe de Leila veio falar comigo: “Wilson, tem gente dizendo para eu levar a Leila na Cura Divina, tem lá um pastor que faz curas e expulsa demônios”. Respondi a ela: “Se a senhora acredita, leve a moça lá. Nunca tive nem tenho qualquer preconceito com quaisquer religiões”. Levada pela mãe, Leila foi até o Templo. É a mãe que descreve como aconteceu.

“Ficamos as duas no meio do público, tinha muita gente. No final iria conversar com o pastor, contar nosso drama. Em dado instante, ele se dirigiu a mim, pedindo que fosse para o palco, com minha filha. Nossa vizinha não tinha dito nada a ninguém de lá. Fiquei espantada. Ele pegou nas mãos da Leila, ajoelhou-se e olhando para o alto orou com voz forte e decidida, suplicando a Deus que abençoasse minha filha e convocando o demônio que atuava nela para estar ali. Naquele instante, eu vi a Leila se transfigurar, parecia que estava tomada por uma força estranha, mudou a voz e agitava-se, gritando. Ele colocou a mão sobre sua cabeça, ela vomitou no palco, toda aquela sujeira que aparecia no seu ferimento, vinda não sei de onde. Foi uma cena horrível, tive medo, mas senti que naquele momento minha filha estava sendo curada. Ela caiu no palco, como que desmaiada. O Pastor reanimou-a com palavras de carinho. Leila recobrou os sentidos e sorriu para mim, com o rosto prenunciando paz. Ela também sabia, no seu coração, que estava livre daquela “doença”. Após esse dia, a ferida do braço da moça sumiu. Ela voltou a sua vida normal.

Permitam-me uma reflexão sobre este episódio. A cura, como nos garantiu e ensinou Jesus, está dentro de nós. As ações externas, o apoio de intercessores (religiosos, terapeutas, etc.) e tudo o mais que se faça só poderá ter resultado se acontecer algo partindo de dentro da criatura. Ou seja, você precisa estar pronto para receber a cura, para terminar aquele processo. E isso não é conhecido por ninguém, daí ser impossível a alguém garantir que vai curar uma pessoa.

Por outro lado, eu entendo que cada caso exige um determinado tipo de tratamento. Nesse por exemplo, a ação do grupo espírita, muito competente por sinal, não foi suficiente. Foi preciso a ação do pastor protestante, para realizar ou completar o processo. Em minhas pesquisas constato que cada criatura, por sua qualidade espiritual ou energética, é competente para um determinado tipo de problema. Allan Kardec, na codificação espírita informa que o curador universal, isto é, aquele que está apto para curar qualquer tipo de doença é muito raro. Em minhas andanças por este Planeta Azul vi muitos tipos de curadores espíritas, crentes, católicos, holísticos e até pessoas descrentes, que agiam inconscientemente. E notei que cada um era especialista numa área. Perto da cidade de Franca eu conheci um médium curador. Sua especialidade era coluna. Ele simplesmente impunha as mãos e a pessoa se contorcia em dores, sentindo que ele estava mexendo, cortando ou massageando suas costas. Sua mão estava imóvel. Em dois ou três minutos ele terminava o processo. O doente se levantava da cadeira totalmente curado. Em Campo Grande, no estado do Mato Grosso do Sul, uma mulher realizava curas extraordinárias. Seu processo era simples: ela colocava a boca no local onde havia o tumor, a ferida ou a dor e sugava, soltando num balde um monte de coisas (tumor, sujeira, sangue, etc.). Quando ela cuspia tudo aquilo, a pessoa estava livre da doença. A médium Dora recebia o Espírito Marinheiro numa chácara aqui em São Paulo. Curou meu pai de uma enfermidade cardíaca. Ela colocou a boca no tórax dele e deixou as marcas dos lábios. Quando desapareceu a marca, meu pai estava curado.

WILSON FRANCISCO
Massoterapeuta.
[email protected]

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