As Borboletas
Naqueles últimos dias, eu vinha tendo repetidos sonhos com borboletas. A princípio, nada demais, apenas um sonho repetido.
Entretanto, as borboletas não se contentaram em ficar somente nos meus sonhos.
Certa noite, uma entrou pela janela do meu quarto e pousou em meu violão, ficando ali por um longo tempo, até decidir ir embora. No dia seguinte, pela manhã, fui até a minha estante de livros, onde costumo guardar também alguns CDs. Então, ao retirar um deles, um dos livros caiu sobre meus pés, qual não foi minha surpresa ao saber que era um dos meus livros de alquimia, o qual trazia estampada em sua capa a figura de uma borboleta, símbolo desta ciência.
Mais tarde, fui para o computador para escrever um artigo, ainda sem saber direito sobre o que falar. Resolvi, então, buscando a inspiração de algum tema, ler alguns livros novos que eu havia acabado de incluir em meus arquivos. Escolhi aleatoriamente um deles, e mais uma vez, lá estavam elas, as borboletas, em um trecho do livro "Caminho do Sol", onde não apenas são citadas, como também o seu significado é o mesmo que lhes atribui a alquimia, a mesma ciência com a qual aprendi que tudo isso é a linguagem do mundo, que os racionalistas preferem chamar de mera coincidência.
A seguir, transcrevo o trecho do livro:
- David, quando você observar uma borboleta voando, procure apreciá-la não apenas pelas cores ou pelo seu tamanho, mas principalmente pela leveza e graça dos seus movimentos. Depois reflita um pouco sobre como a borboleta surgiu. Aí você vai descobrir que antes ela foi uma pequena lagarta, que sabiamente aprendeu sobre a vida até perceber que todo o seu conhecimento lhe permitiria sair do chão e dos galhos por onde andava para se transformar em uma nova forma de vida, com asas que lhe
pudessem dar o mundo como limite. Assim são todos os homens. Nascemos limitados por nós mesmos, pelos nossos medos e angústias, o que nos faz caminhar apenas por onde nosso conhecimento permite alcançar. Quando retiramos a pedra do egoísmo e do orgulho que existe em nossas trilhas, imediatamente descobrimos que temos uma capacidade infinita para aprender e quebrar o casulo que nos envolve, do mesmo jeito como faz a borboleta, criando asas para também percorrer o mundo. Assim, somente haverá impossibilidade para um homem enquanto o casulo que o envolver possuir mais ignorância do que sabedoria, impedindo que ele se rompa.
- Quer dizer que para conseguirmos alcançar o mundo temos que ser sábios?
- Quase isso, David! Mas não é preciso ter a sabedoria dos livros, mas sim a sabedoria do espírito. Os conhecimentos que os livros nos trazem nos ajudam a abrir as portas da sabedoria do espírito. Esta, sim, permite que alcancemos sempre e cada vez mais novos limites.
Alexandre Reis - [email protected]
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