As Cartas de Cristo (Carta 6 - Parte 12) – A verdade sobre a Última Ceia (1)
Eu quero que você conheça a verdade sobre aquela fatídica noite – a que chamam de minha Última Ceia.
Para maior clareza, ainda que seja doloroso fazê-lo, desci em minhas frequências vibratórias de consciência, para entrar diretamente na recordação consciente de meus pensamentos e sentimentos, durante a última refeição com meus discípulos.
Ainda que eu fosse um homem forte, iluminado e seguro de que tinha um destino a cumprir que não poderia evitar – não queria evitar – estava profundamente triste ao começar a refeição – a ceia da Páscoa. Meus discípulos tinham sido meus amigos e tinham ficado ao meu lado em algumas circunstâncias difíceis. Eu estava sofrendo por ter que deixá-los e temeroso por seu bem-estar. O que aconteceria a eles ao ficarem sozinhos, sem a minha orientação e proteção? Dependiam de mim mais do que percebiam.
Recordei meus anos ensinando às pessoas. Senti uma profunda sensação de ironia ao recordar a minha volta do deserto. Estava sujo, descuidado, porém literalmente possuído por uma alegre solicitude para com os meus semelhantes e intensamente entusiasmado porque poderia colocá-los no bom caminho, introduzir em suas mentes a verdade sobre a existência, mostrar como superar os seus temores, suas doenças, pobreza e miséria. Eu iria conquistar o mundo!
Porém, como tinha sido diferente o resultado! Logo estaria pendurado em uma cruz!
Era verdade, entretanto, - que eu tinha alcançado muito êxito. Refleti sobre os momentos de cura e a aceitação alegre das pessoas ao “Pai Amoroso”. Eu podia compreender porque o Sumo Sacerdote e o Conselho me odiavam. Ao invés de medo, castigo e sacrifício de animais, eu tinha trazido às pessoas a realidade do “Pai-Amor”, provando isso pela cura de casos terminais.
Voltei minha atenção aos meus discípulos, que estavam falando entre si enquanto comiam. Eles permaneciam inconscientes do desafio que me aguardava – minha crucificação. Embora eu os tivesse avisado várias vezes, negaram-se a aceitar minhas palavras como verdade. Pensaram que eu começava a ter medo do Sumo Sacerdote e se perguntavam por quê. Eu já havia conseguido sair de situações ameaçadoras antes.
Como era costume na Páscoa, falavam das circunstâncias da fuga dos Israelitas para o Egito. João, que tinha uma forte imaginação, fazia um relato vívido de Moisés reunindo os Israelitas e dizendo que finalmente iriam deixar o Egito, escapando da escravidão para a liberdade no deserto! Por esta razão, Moisés se dirigiu ao responsável de cada família, para que matasse um cordeiro sem mancha e, com um punhado de ervas, marcasse com sangue a porta de sua casa. Moisés disse que anjos viriam voando a noite, atravessando o Egito, matando os primogênitos de todos os egípcios e o seu gado, deixando somente os primogênitos dos Israelitas, que seriam salvos pelas marcas de sangue em suas portas.
Enquanto os escutava, vendo seus sorrisos e sinais de aprovação para aquele “maravilhoso” acontecimento, me dei conta, angustiado, de que pouco haviam realmente compreendido de minha descrição do “Pai Celestial”. Ouvi as palavras de João sobre sangue, sangue e sangue, - sangue do cordeiro sem mancha, sangue nas marcas das portas, sangue das crianças e do gado egípcios. Como sempre, me espantei com os séculos de preocupação judia com o sangue e brevemente recordei que Abraão esteve mesmo disposto a matar o seu único filho, com a intenção de oferecê-lo em sacrifício, porque acreditava que Deus tinha dito a ele para fazê-lo. E logo pensei nos sacrifícios diários de animais no Templo. Para mim, todo o conceito de “fazer correr sangue” como forma de pagar pelo “pecado”, era completamente repulsivo.
Porém, fiquei calado e não discuti com os homens. Percebi que suas mentes estavam cheias daquelas tradições, tão sólidas e duras como pedra. Esta foi nossa última refeição juntos, em volta da mesa. Deveria ser um momento de paz entre nós e uma despedida amorosa. Era duplamente importante para meus discípulos, porque a Páscoa era um acontecimento muito sagrado para as suas mentes judias e isso eu teria que aceitar com um espírito de amor e compreensão.
Antes daquela noite, eu não havia celebrado a Páscoa, uma vez que a tradição me desgostava. Preferia subir às colinas tranquilamente, para meditar, deixando meus discípulos celebrarem a Páscoa com suas famílias. Por causa daquele hábito, eles não estranharam meu silêncio no momento. Eu estava meio recostado, meio sentado, incapaz de relaxar como costumava fazer – tenso, contraído, compassivamente caloroso para com meus discípulos – ainda que aborrecido com eles.
Perguntava-me como poderia deixar para estes seguidores sonolentos e confusos, um sinal efetivo como recordação, - algum ritual que trouxesse de volta às suas mentes confusas, tudo o que eu estava tentando ensinar. Eu queria sacudi-los e tirá-los daquela fixação pelo sangue.
Enquanto escutava a conversa sobre Moisés e seus atos milagrosos, me ocorreu que se eles estavam tão preocupados com sangue – então eu daria sangue a eles, para que se lembrassem de mim.
Inclinei-me sobre a mesa, peguei o pão e parti em vários pedaços, dizendo bruscamente: “Eu sou como seu Cordeiro Pascal. Distribuam este pão entre vocês e peguem cada um a sua parte; comam e façam isto em minha honra, por ter trazido a vocês a única VERDADE que o mundo já ouviu. Deixem que este pão seja o símbolo de meu corpo, que está a ponto de ser maltratado na cruz”.
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