AS 40 HORAS DE INDIWÉ
Meu herói é um índio menino.
Indiwé. Aldeia perdida na Amazônia.
Um só calção. Vivia, brincava; guerreiro.
Cantava, com os cães, cântico.
Altaneiro. Angélica criatura.
Toda inocência que numa criança,
Reúne em sublime ventura.
Brincar, comer, dormir, o que amava.
Perfumava a aldeia inteira.
E conto o que a morte proclamava.
Dia 16, sexta feira. Dia fera.
FUNAI demorou 4O horas
para atender Indiwé, doente. Espera.
Injeção, de enfermeira ganha.
Que volte a Aldeia. Encaminha.
Indiwé passou mal a noite estranha.
De Barra da Garça, até Goiânia.
Não foi encaminhamento, mas infâmia.
8 horas de viagem. De infeção tamanha.
O menino faleceu. Findou sua agonia
Na floresta, uivaram os cães, sem raça.
Ongs, FUNAI, todos cúmplices da desgraça.
Chora a Floresta. Chora o mundo inteiro.
Indiwé não foi o último. Não será o primeiro.
Matar índio, que vontade! Loucura!
Mas o Grande Espírito Indiwé procura.
O seu túmulo, contém semente.
Que desabrochara flor. Infantis amores.
Com flores perfumadas, de mil cores.
DON ANTÔNIO MARAGNO LACERDA
Prêmio UNESCO poemas/jornal
www.jornaldosmunicipios.go.to
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